A (re)construção de si no cinema: aspectos autobiográficos em Amarcord, de Federico Fellini

Autores

  • Marcelo de Lima Universidade Federal da Paraíba
  • Luiz Antonio Mousinho Universidade Federal da Paraíba

DOI:

https://doi.org/10.19132/1807-8583201947.39-53

Palavras-chave:

Amarcord. Análise fílmica. Escrita de si. Federico Fellini. Romance autobiográfico.

Resumo

Os estudos de narrativas autobiográficas – ou escritas de si –, como apontam autores como Arfuch, encontraram grande fonte de análise na literatura. O presente artigo procura traçar um panorama geral desses aspectos autobiográficos no cinema, tendo por objeto o filme Amarcord, do diretor italiano Federico Fellini. Aliando elementos de análise fílmica (às considerações de Philippe Lejeune sobre narrativas autobiográficas, verificamos que Amarcord se situa em uma fronteira entre rememoração e criação que, além de apontar para o potencial (res)significador do cinema, mimetiza a natureza coletiva e potencialmente contraditória da realidade. Acreditamos que o filme se utiliza de recursos do romance autobiográfico para tratar de questões como a (re)construção do eu, o anuviamento dos limites entre o ficcional e o real e a impossibilidade de composição totalmente individual dos sujeitos.  

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Marcelo de Lima, Universidade Federal da Paraíba

Doutorando do Programa de Pós-graduação em Letras da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Membro do Grupo de Pesquisa Sobre Ficção e Produção de Sentido.

Luiz Antonio Mousinho, Universidade Federal da Paraíba

Professor Associado IV do Departamento de Comunicação e da Pós-graduação em Letras da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Desenvolve pesquisa junto ao CNPq (PQ) sobre análise e recepção de ficção audiovisual. Coordena o Grupo de Pesquisa Sobre Ficção e Produção de Sentido.

Referências

AMARCORD. Direção: Federico Fellini. Itália: Vides Cinematografica, 1973. 1 DVD (124 min), color.

ARFUCH, Leonor. O espaço biográfico: dilemas da subjetividade contemporânea. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2010.

AUMONT, Jacques; MARIE, Michel. A análise do filme como narrativa. In: AUMONT, Jacques; MARIE, Michel. A análise do filme. Lisboa: Texto & Grafia, 2010.

BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 1997.

DAHLET, Véronique Braun. Pessoa referência e identidade na escrita de si. Itinerários, Araraquara, v. 1, n. 40, p. 15-28, jan./jun. 2015.

FELLINI, Federico. Fellini por Fellini. Madri: Fundamentos, 1998.

FELLINI, Federico. Dream as reality: an interview with Fellini. Entrevistador: Bert Cardullo. [S. l.]: State University of New York, 27 Aug. 2013. Entrevista concedida a Diary of a screenwriter: notes on writing for film.

FRANCO JÚNIOR, Arnaldo. Operadores de leitura da narrativa. In: BONNICI, Thomas; ZOLIN, Lúcia Osana (org.). Teoria da Literatura, abordagens históricas e tendências contemporâneas. Maringá: Eduem, 2003. p. 33-56.

GOMES, Kathleen. Crítica: Ainda se recorda de. Público, [s.l.], 14 ago. 2003. Cultura-Ípsilon. Disponível em: https://www.publico.pt/2003/08/14/culturaipsilon/critica/ainda-se-recorda-de--1652264. Acesso em: 04 fev. 2019.

IAPECHINO, Mari Noeli Kiehl; GOMES, Valéria Severina. As cidades nas escritas da cidade: identidade, memória e autoria. Raído, Dourados, v. 1, n. 2, p. 57-74, jun. 2007.

LEJEUNE, Philippe. El pacto autobiográfico y otros estudios: la autobiografia. Madrid: Megazul-Endymion, 1994.

LINS, Osman. Espaço romanesco: conceito e possibilidades. In: LINS, Osman. Lima Barreto e o espaço romanesco. São Paulo: Ática, 1976. p. 62-123.

PALOMO, Miguel Ángel. ‘Amarcord’, los recuerdos de Fellini alimentan una película magistral. El País, [s.l.], 26 agosto 2015. Televisión: ¿qué hay que ver hoy en la tele?

PAVÃO. In: CHEVALIER, Jean (org.). Diccionario de los símbolos. Barcelona: Herder, 1986.

REIS, Carlos; LOPES, Ana Cristina. Dicionário de teoria da narrativa. São Paulo: Ática, 1988.

REZENDE, Antonio Paulo. Amarcord: conversas com a vida. Historiar, Sobral, v. 7, n. 12, p. 8-19, jun. 2015.

ROSENFELD, Anatol. Literatura e personagem. In: CANDIDO, Antonio et al. A personagem de ficção. São Paulo: Perspectiva, 2002.

SENRA, Marcia. A cidade moderna: história, memória e literatura – Paris, Belo Horizonte. Univap, São José dos Campos, v. 17, n. 29, p. 62-79, ago. 2011.

STIERLE, Karlheinz. Que significa a recepção dos textos ficcionais? In: LIMA, Luiz Costa (org.). A literatura e o leitor: textos de estética da recepção. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979.

VELASCO, Tiago Monteiro. Escritas de si contemporâneas: uma discussão conceitual. In: CONGRESSO INTERNACIONAL ABRALIC, 14., 2015, Belém. Anais [...]. Belém: Ufpa, 2015. p. 1-12.

Downloads

Publicado

2019-08-06

Como Citar

de Lima, M., e L. A. Mousinho. “A (re)construção De Si No Cinema: Aspectos autobiográficos Em Amarcord, De Federico Fellini”. Intexto, nº 47, agosto de 2019, p. 39-53, doi:10.19132/1807-8583201947.39-53.

Edição

Seção

Artigos