A cidade é uma só?

autoficcionalização, interrogação do arquivo e sentido de dissenso

Autores

  • Mariana Duccini Junqueira da Silva ECA-USP

DOI:

https://doi.org/10.19132/1807-8583201533.76-89

Palavras-chave:

documentário, autoficcionalização, arquivo, dissenso

Resumo

Por meio da articulação de duas estratégias fílmicas – a autoficcionalização dos personagens e a ressignificação de materiais de arquivos oficiais –, o documentário A cidade é uma só? propõe uma crítica radical ao discurso de poder que circunscreveu a Campanha de Erradicação das Invasões (CEI), iniciativa que removeu populações pobres da área central de Brasília, levando-as a formar as então chamadas cidadessatélites dos anos 70. Este trabalho propõe-se a uma análise do documentário de Adirley Queirós com vistas a apreender, pela materialidade fílmica, os modos como a obra viabiliza a ressignificação de uma memória coletiva à medida que os protagonistas se empoderam de representações sociais que colidem com as disposições do poder estabelecido. O próprio enunciado fílmico, assim, estrutura-se pelo sentido de dissenso, como aquilo que é próprio de uma política da arte (RANCIÈRE, 2005b).


Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Mariana Duccini Junqueira da Silva, ECA-USP

Doutora em Ciências da Comunicação pela ECA-USP. Professora no Insper Instituto de Ensino e Pesquisa.

Referências

AGAMBEN, Giorgio. A comunidade que vem. Lisboa: Presença, 1993.

AGAMBEN, Giorgio. O que é um dispositivo? Outra Travessia: Revista de Pós Graduação em Literatura, Florianópolis, n. 5, p. 9-16, 2005.

A CIDADE é uma só? Direção: Adirley Queirós. Produção: Adirley Queirós e André Carvalheira. Intérpretes: Nancy Araújo, Dilmar Durães (Dildu), Wellington Abreu e outros. Roteiro: Adirley Queirós. Música original: Guile Martins. Ceilândia: Ceicine, Cinco da Norte CEI, 400 Filmes, 2011. 1 DVD (79 min.), widescreen, cor. Produzido por Ceicine, Cinco da Norte CEI, 400 Filmes.

COMOLLI, Jean-Louis. Aqueles que (se) perdem. In: COMOLLI, Jean-Louis et al. Ver e poder: a inocência perdida: cinema, televisão, ficção, documentário. Belo Horizonte: UFMG, 2008. p. 269-282.

DELEUZE, Gilles. As potências do falso. In: __________. A imagem-tempo. São Paulo: Brasiliense, 2007. p. 155-188.

FOUCAULT, Michel. O enunciado e o arquivo. In: __________. A arqueologia do saber. 7. ed. Rio de Janeiro: Forense-Universitária, 2008. p. 87-149.

FREIRE FILHO, João. Reinvenções da resistência juvenil: os estudos culturais e as micropolíticas do cotidiano. Rio de Janeiro: Mauad X, 2007.

MOSCOVICI, Serge. Representações sociais: investigações em psicologia social. 7. ed. Petrópolis: Vozes, 2010.

RANCIÈRE, Jacques. O desentendimento: política e filosofia. São Paulo: Editora 34, 1996.

RANCIÈRE, Jacques. A partilha do sensível: estética e política. São Paulo: Editora 34, 2005a.

RANCIÈRE, Jacques. A política da arte: transcrição do seminário “São Paulo S.A., práticas estéticas, políticas e sociais em debate”. São Paulo: SESC Belenzinho, 2005b. Disponível em: <http://www.sescsp.org.br/sesc/images/upload/conferencias/206.rtf>. Acesso em: 16 jul. 2014.

RANCIÈRE, Jacques. O espectador emancipado. São Paulo: WWF Martins Fontes, 2012.

SANTEIRO, Sérgio. A voz do dono: o conceito de dramaturgia natural. Filme e cultura, Rio de Janeiro, n. 30, p. 80-85, ago. 1978.

VANOYE, Francis; GOLIOT-LÉTÉ, Anne. Ensaio sobre a análise fílmica. 2. ed. Campinas: Papirus, 1994.

ZIZEK, Slavoj. Bem-vindo ao deserto do real! cinco ensaios sobre o 11 de setembro e datas relacionadas. São Paulo: Boitempo, 2003.

Downloads

Publicado

2015-05-28

Como Citar

Duccini Junqueira da Silva, M. “A Cidade é Uma só? Autoficcionalização, interrogação Do Arquivo E Sentido De Dissenso”. Intexto, nº 33, maio de 2015, p. 76-89, doi:10.19132/1807-8583201533.76-89.

Edição

Seção

Artigos