As novas formas do falso: entretenimento, desinformação e política nas redes digitais

Autores

  • Marcio Serelle Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas)
  • Rosana de Lima Soares Universidade de São Paulo - Escola de Comunicações e Artes (ECA-USP) http://orcid.org/0000-0003-4250-9537

DOI:

https://doi.org/10.19132/1807-8583202152.94842

Palavras-chave:

Comunicação, Política, Entretenimento, Informação falsa, Jornalismo

Resumo

A partir das formas culturais (memes, gifs, áudios, vídeos, entre outros) que circularam nas redes digitais durante as eleições brasileiras de 2018, este ensaio investiga a articulação entre entretenimento e informação no embate político, em que se disseminaram informações falsas por meio de discursos que oscilaram da ludicidade à violência. A hipótese é a de que essas formas, emergentes de um substrato cultural constituído historicamente por hibridações, acabaram por se justapor ou mesmo sobrepor àquelas do jornalismo de referência no cotidiano dos eleitores. A comunicação dessas formas, por meio de estruturas profissionais, opera com narrativas de intensidade emotiva para grupos segmentados. Como na lógica do entretenimento, instaurou-se, nesse debate político, um mundo à parte, em que a vinculação com a realidade imediata se tornou irrelevante.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Marcio Serelle, Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas)

Professor do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da PUC Minas. Foi professor visitante no Centre for Critical and Cultural Studies da Universidade de Queensland (Austrália, 2015/Capes). Coordenador do grupo de pesquisa Mídia e Narrativa. Bolsista de Produtividade em Pesquisa/CNPq.

Rosana de Lima Soares, Universidade de São Paulo - Escola de Comunicações e Artes (ECA-USP)

Professora livre-docente no Programa de Pós-Graduação em Meios e Processos Audiovisuais e no Departamento de Jornalismo e Editoração da ECA-USP. Realizou pesquisa de pós-doutorado no Kings College London (Inglaterra, 2014/Fapesp). Coordenadora do grupo de pesquisa MidiAto - Grupo de Estudos de Linguagem: Práticas Midiáticas e membro da Socine (Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual). Bolsista de Produtividade em Pesquisa/CNPq.

Referências

AS ÁRVORES somos nozes. #04 – Eleições 2018: como lidar com boatos, Fake News e desinformação? [Locução de]: Paulina Chamorro. Entrevistado:Rodrigo Ratier. [S. l.]: Greenpeace Brasil, 02 nov. 2018. Podcast.

BENITES, A. A máquina de ‘fake news’ nos grupos a favor de Bolsonaro no WhatsApp. El País, Brasília, 28 set. 2018. Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2018/09/26/politica/1537997311_859341.html. Acesso em: 4 fev. 2019.

BIRESSI, A; NUNN, H. The tabloid culture reader. New York: Mc Graw Hill, 2008.

BRUM, E. O homem mediano assume o poder. El País, São Paulo, 04 jan. de 2019. Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2019/01/02/opinion/1546450311_448043.html Acesso em: 01 maio 2021.

CARTA CAPITAL. Pesquisas evidenciaram impulsão de mensagens, diz diretor do Datafolha. Carta Capital, São Paulo, 18 out. de 2018. Disponível em: https://www.cartacapital.com.br/politica/pesquisas-evidenciaram-impulsao-de-mensagens-diz-diretor-do-datafolha/. Acesso em: 17 jan. 2019

CLARÍN. Papelón: criticó a militantes de Podemos por orinar una catedral, pero la foto era de Argentina. Clarín, Buenos Aires, 8 dez. 2016. Disponível em: https://www.clarin.com/mundo/diputado-militantes-podemos-catedral-argentina_0_BJygay0uPme.html. Acesso em: 19 jun. 2021.

DAMASCENO, R. Por que as pesquisas eleitorais erraram tanto? Entenda a diferença. Correio Braziliense, Brasília, 8 out. 2018. Disponível em: https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/politica/2018/10/08/interna_politica,711021/por-que-as-pesquisas-eleitorais-erraram-tanto-entenda-a-diferenca.shtml. Acesso em 25 jan. 2019.

DEJAVITE, F. A. Infotenimento – informação + entretenimento no jornalismo. São Paulo: Paulinas, 2006.

DICUM, G. Eco-porn: great sex for a good cause. San Francisco Chronicle. São Francisco, 9 fev. 2012. Disponível em: https://www.sfgate.com/homeandgarden/article/GREEN-Eco-porn-Great-Sex-For-A-Good-Cause-3175838.php. Acesso em: 19 jun. 2021.

DORETTO, J. A mídia manipula quem tem cabeça fechada: adolescentes periféricos e a crítica ao jornalismo. Estudos em Jornalismo e Mídia. Florianópolis, v. 16, n. 1, p. 66-7, 2019.

DYER, R. Only entertainment. 2. ed. London, New York: Routledge, 2002.

EL PAÍS. Notícias falsas ameaçam processos eleitorais na América Latina. El País, São Paulo, 14 mar. 2018a. Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2018/03/14/internacional/1521060611_975112.html. Acesso em 0 fev. 2019.

EL PAÍS. Os 'whatsapps' de uma campanha envenenada. El País, São Paulo, 28 out. 2018b. Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2018/03/14/internacional/1521060611_975112.html. Acesso em 1 maio 2021.

FERNANDES, D. C.; MESSENBERG, D. Um espectro ronda o Brasil (à direita). Plural, São Paulo, v. 25, n.1, p. 1-12, 2018.

FERRÉZ. Periferia e conservadorismo. In: GALLEGO, E. S. (org.). O ódio como política. São Paulo: Boitempo, 2019. p. 61-64.

FISKE, J. Understanding popular culture. Boston: Unwin Hyman, 1989.

FOLHA DE SÃO PAULO. Empresa que ajudou Trump roubou dados de 50 milhões de usuários do Facebook. Folha de S. Paulo, São Paulo, 17 mar. 2018. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2018/03/empresa-que-ajudou-trump-roubou-dados-de-50-milhoes-de-usuarios-do-facebook.shtml Acesso em: 31 jan. 2019.

GABLER, N. Life: the movie – how entertainment conquered reality. New York: Random House, 1998.

GORDON, J. Is everything wrestling? The New York Times Magazine, New York, 27 maio 2016. Disponível em: https://www.nytimes.com/2016/05/27/magazine/is-everything-wrestling.html. Acesso em 31 jan. 2019.

HUFFPOST BRASIL. Bolsonaro, o fenômeno de Whatsapp que desbancou 3 décadas de campanha de tv. Huffpost Brasil. São Paulo, 04 nov. 2018.

LERY, J. Não é só uma piada: cinismo, ironia e entretenimento nos talk shows “The noite” e “Agora é tarde”. Belo Horizonte: Editora PUC Minas, 2018.

LUHMANN, N. A realidade dos meios de comunicação. São Paulo: Paulus, 2005.

MARÉS, C; BECKER, C; RESENDE, L. Imagens falsas mais compartilhadas no WhatsApp não citam presidenciáveis, mas buscam ratificar ideologias. Agência Lupa, Rio de Janeiro, 18 out. 2018. Disponível em: https://piaui.folha.uol.com.br/lupa/2018/10/18/imagens-falsas-whatsapp-presidenciaveis-lupa-ufmg-usp/. Acesso em: 04 fev. 2019.

MOTTA, S. Isto é o que vimos e ouvimos no curso de formação política do MBL. BuzzFeed.News, [s.l], 23 nov. 2018. Disponível em: https://www.buzzfeed.com/br/severinomotta/isto-e-o-que-vimos-e-ouvimos-no-curso-de-formacao-politica. Acesso em: 31 jan. 2019.

NEVEU, E. Sociologia do jornalismo. São Paulo: Loyola, 2006.

OLIVEIRA, J; ROSSI, M. WhatsApp, um fator de distorção que espalha mentiras e atordoa até o TSE. El País, São Paulo, 07 out. 2018. Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2018/10/07/politica/1538877922_089599.html. Acesso em: 6 fev. 2019.

PAGANOTTI, I; LIBÓRIO, B. Visões do jornalismo #8. [Entrevista cedida a] Juliana Doretto. São Paulo: YouTube, 20 mar. 2018. Duração 25 min.

PASQUINI, P. 90% dos eleitores de Bolsonaro acreditaram em fake news, diz estudo. Folha de S. Paulo, São Paulo, 02 nov. 2018. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/11/90-dos-eleitores-de-bolsonaro-acreditaram-em-fake-news-diz-estudo.shtml. Acesso em: 06 fev. 2019.

PINHEIRO-MACHADO, R. Os ricos, os pobres e os precariados: os três tipos de eleitores de Bolsonaro. The Intercept Brasil, Rio de Janeiro, 16 out. 2018. Disponível em: https://theintercept.com/2018/10/16/tipos-eleitores-bolsonaro. Acesso em: 04 fev. 2019.

REUTERS. Facebook diz que hackers roubaram dados de 29 milhões de usuários. G1, [s.l], 12 out. 2018. Disponível em: https://g1.globo.com/economia/tecnologia/noticia/2018/10/12/facebook-diz-que-hackers-roubaram-dados-de-29-milhoes-de-usuarios.ghtml. Acesso em: 06 fev. 2019.

RIBEIRO, M. M.; ORTELLADO, P. O que são e como lidar com as notícias falsas. Sur, Rev. int. direitos human., [s. l]. v. 15, n. 27, p. 71-83, 2018.

RFI. Cambridge Analytica teria tido papel crucial no Brexit, diz ex-diretor de pesquisa. G1, [s.l.], 27 mar. 2018. Disponível em: https://g1.globo.com/mundo/noticia/cambridge-analytica-teria-tido-papel-crucial-no-brexit-diz-ex-diretor-de-pesquisa.ghtml. Acesso em: 31 jan. 2019.

ROCHA, C. O boom das novas direitas: financiamento ou militância? In: SOLANO GALLEGO, E. O ódio como política: a reinvenção das direitas no Brasil. São Paulo: Boitempo, 2018. p. 47-52.

ROCHA, C. Passando o bastão: a nova geração de liberais brasileiros. Nuevo mundo, mundos nuevos. [En ligne] Colloque, Pensar las derechas en América latina, siglo XX, Paris, 2 octobre, 2017. DOI: https://doi.org/10.4000/nuevomundo.71327.

TARDÁGUILA, C; MARÉS, C. Dez notícias falsas com 865 mil compartilhamentos: o lixo digital do 1º turno. Agência Lupa, Rio de Janeiro, 7 out. 2018. Disponível em: https://piaui.folha.uol.com.br/lupa/2018/10/07/artigo-epoca-noticias-falsas-1-turno/. Acesso em: 06 fev. 2019.

TARDÁGUILA, C.; BENEVENUTO, F.; ORTELLADO, P. Fake News is poisoning Brazilian politics. WhatsApp can stop it. The New York Times, New York, 17 out. 2018. Disponível em: https://www.nytimes.com/2018/10/17/opinion/brazil-election-fake-news-whatsapp.html. Acesso em: 3 fev. 2019.

TURNER, G. Tabloidization, journalism and the possibility of critique. International Journal of Cultural Studies, [s. l.], v. 2, n. 1, p. 59-76, 1999.

WILLIAMS, R. Televisão: Tecnologia e Forma Cultural. São Paulo: Boitempo, 2016.

Downloads

Publicado

2021-07-07

Como Citar

Serelle, M., e R. de L. Soares. “As Novas Formas Do Falso: Entretenimento, desinformação E política Nas Redes Digitais”. Intexto, nº 52, julho de 2021, p. 94842, doi:10.19132/1807-8583202152.94842.

Edição

Seção

Artigos