Remontar as mídias: o pensamento imagético de Harun Farocki

Autores

  • Luís Flores PPGCOM/UFMG
  • César Geraldo Guimarães PPGCOM/UFMG

DOI:

https://doi.org/10.19132/1807-8583202048.22-43

Palavras-chave:

Farocki. Montagem. Mídias. Cinema. Técnica.

Resumo

O cineasta alemão Harun Farocki desenvolveu, ao longo de sua filmografia, uma série de investigações pujantes sobre as imagens técnicas e seus efeitos sobre a vida humana. Ao trabalhar com materiais heterogêneos, provenientes dos mais diversos suportes midiáticos, ele desenvolve reflexões fundamentais que podem ser colocadas ao lado dos principais pensadores da mídia e da técnica no século XX, como Friedrich Kittler e Jonathan Crary, e das tecnologias de controle, como Michel Foucault. Voltando-se predominantemente para os condicionamentos e as interseções das tecnologias midiáticas, Farocki elabora um pensamento ímpar no qual elementos ou contextos específicos são reconectados, por meio da montagem cinematográfica, aos circuitos mais amplos que os envolvem. Um pensamento assim constituído permite que as imagens, juntamente às mídias que as promovem, sejam continuamente desmontadas e remontadas, a fim de alcançar uma compreensão mais ampla sobre os seus mecanismos em contextos variados. Neste artigo, partimos da análise de dois filmes do cineasta, A saída dos operários da fábrica (1995) e Videogramas de uma revolução (1992), para demonstrar como esse gesto de remontagem ocorre.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Luís Flores, PPGCOM/UFMG

Doutorando em Comunicação Social pela Universidade Federal de Minas Gerais (PPGCOM-UFMG). Mestre em Cinema pelo Programa de Pós-graduação em Artes da EBA-UFMG, com dissertação intitulada Max Ophuls, mestre de cerimônias: mise en scène reflexiva em La ronde e Lola Montès. Ensaísta, curador e pesquisador de cinema, atua também como tradutor. É professor do curso de Pós-Graduação em Produção Audiovisual: Documentário, na UNA. Professor da Escola Livre de Cinema. Co-diretor do documentário Notas de resistência (2013). Organizador das retrospectivas dos cineastas Rithy Panh (2013) e Trinh T. Minh-ha (2015) no Brasil. Curador do Festival Internacional de Curtas de Belo Horizonte de 2015. Curador do forumdoc.bh.2015. Membro da Camira (Cinema and Moving Image Research Assembly).

César Geraldo Guimarães, PPGCOM/UFMG

Possui graduação em Língua Portuguesa pela Universidade Federal de Minas Gerais (1988), doutorado em Estudos Literários (Literatura Comparada) pela Universidade Federal de Minas Gerais (1995) e pós-doutorado pela Universidade Paris 8 (2002). É Professor Titular da Universidade Federal de Minas Gerais, integrante do corpo permanente do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da FAFICH-UFMG, pesquisador do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico e colaborador da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. Tem experiência na área de Comunicação, com ênfase em Teorias da Imagem, atuando principalmente nos seguintes temas: cinema moderno (ficção e documentário) e experiência estética. Editor da revista Devires: Cinema e Humanidades. Coordenador do Grupo de Pesquisa "Poéticas da Experiência". Foi coordenador-geral do Festival de Inverno da UFMG de 2012 a 2014, com o Projeto de Extensão "O Bem Comum". Coordenador do Projeto de Extensão Formação Transversal em Saberes Tradicionais.

Referências

A SAÍDA dos operários da fábrica (Arbeiter verlassen die Fabrik). Direção: Harun Farocki. Alemanha, Harun Farocki Filmproduktion, 1995. video-BetaSp (36 min.), col. e b/w, 1:1,37.

ADORNO, Theodor W.; HORKHEIMER, Max. Dialética do esclarecimento: Fragmentos filosóficos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2006.

BAZIN, André. Ontologia da imagem fotográfica. In: O que é o cinema? São Paulo: Cosac & Naify, 2014, p. 27-35.

BELLOUR, Raymond. L’entre-images: Photo. Cinéma. Vidéo. Paris: Éditions de la Différence, 2002.

BELLOUR, Raymond. La querelle des dispositifs: Cinéma, installations, expositions. Paris: P.O.L. Trafic, 2012.

BERNARDET, Jean-Claude. Cineastas e imagens do povo. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.

BRAÇOS cruzados, máquinas paradas. Direção: Roberto Gerwitz e Sérgio Toledo. Brasil, 1979. 16mm (76 min.), col.

BRASIL, André. Ensaio de uma revolução. Cinética, [S.l.], set. 2008. Disponível em: http://www.revistacinetica.com.br/videogramas.htm. Acesso em: 22 mai. 2019.

BRENEZ, Nicole. Harun Farocki e a gênese romântica do princípio de crítica visual. In: Festival internacional do cinema documentário. Goiânia: Fronteira, 2014.

BRENEZ, Nicole. Contre-attaques: Soubresaults d’images dans l’histoire de la lutte des classes. In: DIDI-HUBERMAN, Georges (ed.). Soulèvements. Paris: Gallimard/Jeu de Paume, 2016, p. 73-74.

COMO se vê (Wie man sieht). Direção: Harun Farocki. Alemanha, Harun Farocki Filmproduktion, 1986. 16mm (72 min.), b/w e Eastmancolor, 1:1,37.

CRARY, Jonathan. Suspensões da percepção: Atenção, espetáculo e cultura moderna. São Paulo: Cosac Naify, 2013.

CRARY, Johnatan. Técnicas do observador: Visão e modernidade no século XIX. Rio de Janeiro: Contraponto, 2012.

DANEY, Serge. A rampa. São Paulo: Cosac Naify, 2011.

DERRIDA, Jacques. Mal de arquivo: Uma impressão freudiana. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2001.

DIDI-HUBERMAN, Georges. Quand les images prennent position: L’oeil de l’histoire, 1. Paris: Les Éditions de Minuit, 2009.

DIDI-HUBERMAN, Georges. Remontagens do tempo sofrido: O olho da história, II. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 2018.

ELSAESSER, Thomas. Political filmmaking after Brecht: Farocki, for example. In: Harun Farocki: Working on the sight-lines. Amsterdã: Amsterdam University Press, 2004, pp. 133-153.

FAROCKI, Harun. Desconfiar de las imágenes. Buenos Aires: Caja Negra, 2013.

FAROCKI, Harun; SILVERMAN, Kaja. Speaking about Godard. Nova York: New York University Press, 1998.

FOUCAULT, M. Vigiar e punir: Nascimento da prisão. Petrópolis: Vozes, 1987.

Downloads

Publicado

2020-01-01

Como Citar

Flores, L., e C. G. Guimarães. “Remontar As mídias: O Pensamento imagético De Harun Farocki”. Intexto, nº 48, janeiro de 2020, p. 22-43, doi:10.19132/1807-8583202048.22-43.

Edição

Seção

Dossiê Teoria dos cineastas