O gesto fílmico como expressão coletiva da arte cinematográfica
DOI:
https://doi.org/10.19132/1807-8583202048.105-120Palavras-chave:
Cinema. Gesto. Vilém Flusser. Jean Renoir. Ingmar Bergman.Resumo
Este artigo tem por objetivo pensar a realização cinematográfica através da perspectiva coletiva de seus criadores. Na construção desse caminho, partimos da elaboração do que chamamos gesto fílmico como forma de traçar algumas características da natureza do cinema que consideramos relevantes. Esse percurso nos auxilia a desenvolver com maior propriedade as diversas relações entre os agentes presentes em uma filmagem, em que a conjugação de forças humanas e técnicas constitui o próprio ato cinematográfico. As bases teóricas para a concepção do gesto fílmico partem das reflexões de Vilém Flusser sobre o gesto e seguem junto a outros autores que se dedicaram a pensar as especificidades do cinema – como Ricciotto Canudo, Béla Balázs e, mais recentemente, Laura Mulvey–, e que, ao longo de suas obras, apostaram na riqueza semântica do termo como um instrumento de investigação das complexidades intrínsecas à arte cinematográfica. Para examinar a pertinência de nossas colocações, contamos com relatos de nomes importantes da história do cinema como Jean Renoir, Ingmar Bergman, Andrei Tarkovski e Sven Nykvist, que dedicaram parte de suas carreiras à reflexão sobre as particularidades de seu trabalho em equipe. Desse modo, exploramos o caráter coletivo da criação não como um modo de compartilhamento de autoria, mas como elemento fundador da expressão cinematográfica, em que as modulações entre os movimentos humanos e técnicos, entre corpos e máquinas são os pilares do gesto fílmico.
Downloads
Referências
BALÁZS, Béla. Theory of film: Character and Growth of a New Art. London: Dennis Dobson, 1952.
BERGMAN, Ingmar. Lanterna mágica. São Paulo: Cosacnaify, 2013.
BOYER, Elisabeth. Les gestes au cinéma. L’art du cinéma. Paris, v. 10, mar 1996.
CANUDO, Ricciotto. L’usine aux images. Paris: Nouvelles Éditions Séguier, 1995.
CINEPHILIA & BEYOND. ‘Sätta Ljus’: a Documentary about Sven Nykvist’s Lighting Process on ‘The Sacrifice', 2017.
FLUSSER, Vilém. Geste et sentimentalité. ArTitudes international, Paris, n. 27/29, p. 16-20, 1975.
FLUSSER, Vilém. Filosofia da caixa preta: ensaios para uma futura filosofia da fotografia. São Paulo: Hucitec, 1985.
FLUSSER, Vilém. Les gestes. Bruxelles: Al Dante, 2014a.
FLUSSER, Vilém. Gestos. São Paulo: Annablume, 2014b.
MULVEY, Laura. Cinematic gesture: the ghost in the machine. Journal for Cultural Research, Lancaster, v. 19, n. 1, p. 6-14, 2015.
NYKVIST, Sven. From Tarkovski to Woody Allen. In: NYKVIST, Sven; FORSLUND, Bengst. Vördnad för ljuset (In Reverence of Light). Estocolmo: Albert Bonniers, 1997. p. 181-188.
NYKVIST, Sven. Rare 7-minute interview with cinematographer Sven Nykvist from 1986. [Entrevistador não creditado], 2015. 1 vídeo (ca. 6 min). Publicado pelo canal Eyes on Cinema. 2015. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=t0OrVy_U-ek. Acesso em fevereiro 2019.
NYKVIST, Carl-Gustav. Light Keeps me Company (Ljuset håller mig sällskap). Estocolmo: Svensk Filmindustri, 2000.
RENOIR, Jean. Escritos sobre cinema: 1926-1971. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1990.
ROY, Philippe. Le geste. Appareil, Paris, v. 8, p. 1-2, 2011. Revista online disponível em https://journals.openedition.org/appareil/1243. Acesso em setembro de 2019.
SCHNITZLER, Arthur. Breve romance de sonho. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.
TARKOVSKI, Andrei. Esculpir o tempo. São Paulo: Martins Fontes, 1990.
XAVIER, Ismail. A experiência do cinema. Rio de Janeiro: Graal, 1983.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2019 Andréa Carla Scansani
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
Os Direitos Autorais dos artigos publicados neste periódico pertencem aos autores, e os direitos da primeira publicação são garantidos à revista. Por serem publicados em uma revista de acesso livre, os artigos são de uso gratuito, com atribuições próprias, em atividades educacionais e não-comerciais.
A revista utiliza a Licença de Atribuição Creative Commons (CC BY-NC), que permite o compartilhamento de trabalhos com reconhecimento de autoria.