Ministras de Estado: uma análise prosopográfica das mulheres nos cargos máximos da República de 1985 a 2019

Autores

  • Julia Heliodoro Souza Gitirana Universidade Federal do Paraná
  • Letícia Regina Camargo Kreuz Universidade Federal do Paraná

DOI:

https://doi.org/10.22456/0104-6594.94386

Palavras-chave:

representação, mulheres, ministras, burocracia, trajetórias

Resumo

RESUMO

Considerando que a representatividade de grupos politicamente minoritários em espaços de decisão engloba diferentes estratégias a depender da forma de indicação ou ascensão ao cargo, a presente pesquisa se propõe a tecer uma análise prosopográfica das Ministras de Estado brasileiras desde a redemocratização do País, iniciando a leitura de dados a partir do Governo José Sarney (1995) e alcançando a seleção de ministérios feita por Jair Bolsonaro (2019). Trata-se de uma tentativa de compreender a faceta identitária da representação – isto é, a análise tem como foco a trajetória das mulheres escolhidas no período em questão para ocupar os cargos de confiança mais altos da República. Para tanto, parte-se de uma relação de quem são essas mulheres, análise essa aprofundada a partir de critérios de titulação, carreira política e partidária, proximidade com organizações religiosas e participação em movimentos e organizações sociais. Analisaram-se, simultaneamente, quais foram as pastas ocupadas por elas – e como determinados setores são ainda um tabu para a representação feminina. A partir de tais dados, é possível traçar perfis sobre as mulheres do alto escalão da República e, com isso, compreender quem elas são e como alcançaram esses cargos.

PALAVRAS-CHAVE

Representação. Mulheres. Ministras. Burocracia. Trajetórias políticas.

 

ABSTRACT

Considering that the representations of political minority groups in decision-making spaces encompass different strategies depending on the form of nomination or ascension to the position, the present research aims to perform a prosopographical analysis of the female Brazilian Ministers of State since the redemocratization of the country, with data analysis beginning in the José Sarney Government (1995) up to the ministry selection made by Jair Bolsonaro (2019). It will attempt to understand the facets related to identity representation - therefore the analysis will focus on the journey of the chosen women in the period in question to occupy the highest trust positions in the Republic. The article will start with a backstory on each woman followed by an in-depth analysis based on the criteria of title, political and party career, proximity to religious organizations and participation in social movements and organizations. Simultaneously, the research will analyze the political roles these women occupied - and how certain sectors are still taboo for female representation. Such data will allow this research to draw profiles on women of the highest echelon of the Republic and, with that, understand who they are and how they reach these positions.

KEYWORDS

Representation. Women. Ministers. Bureaucracy. Political trajectories.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Julia Heliodoro Souza Gitirana, Universidade Federal do Paraná

Doutoranda em Políticas Públicas pela UFPR. Mestra em Ciência Jurídica e Teoria do Estado pela PUC-
RJ. Especialista em Direito Penal e Criminologia pelo UTP/ICPC (2016). Bacharela em Direito pela Puc-
RJ. Atualmente é professora no curso de Graduação do Departamento de Direito da FAE CentroUniversitário Curitiba/José dos Pinhais. Diretora Acadêmica do Grupo de Pesquisa Política Por/de/para Mulheres e do Grupo de Pesquisa Teoria e Prática do Estado: fundamentos, histórias e discurso

Letícia Regina Camargo Kreuz, Universidade Federal do Paraná

Doutoranda e Mestra em Direito do Estado pela UFPR. Especialista em Direito Administrativo pelo Instituto de Direito Romeu Felipe Bacellar. Bacharela em Direito pela UFPR. Atualmente é professora de Direito Constitucional no curso de Graduação em Direito da UNIFACEAR (Araucária/PR). Vice-presidenta do Instituto Política por.de.para Mulheres. Pesquisadora voluntária do Núcleo de Investigações Constitucionais (NINC/UFPR).

Referências

BARBOSA, Sheila Cristina Tolentino; POMPEU, João Cláudio. Trajetória recente da organização do Governo Federal. Boletim de Análise Político-Institucional, n. 12, p. 13-20, jul./dez. 2017.

BENTO, Maria Aparecida Silva. Branqueamento e branquitude no Brasil. In: CORONE, Iray; BENTO, Maria Aparecida Silva (org.) Psicologia social do racismo – estudos sobre branquitude e branqueamento no Brasil. Petrópolis: Vozes, 2002. p. 25-58.

BOURDIEU, Pierre. Choses dites. Paris: Minuit, 1987.

BOURDIEU, Pierre. O poder simbólico. Lisboa: Deifel, 1989.

BRASIL. Câmara dos Deputados. Relatório Preliminar do Projeto de Lei Orçamentária de 2015 (PL Nº 13, de 2014–CN). p. 19-26. Disponível em: https://www12.senado.leg.br/orcamento/documentos/loa/2015/elaboracao/parecer-preliminar/relatorio-preliminar/view. Acesso em: 30 jan. 2019

BRASIL. Palácio do Planalto. Lei n.º 13.266, de 5 de abril de 2016. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2016/Lei/L13266.htm. Acesso em: 30 jan. 2019.

BUSTAMANTE, Bastián González; OLIVARES, Alejandro. Cambios de gabinete y supervivencia de los ministros en Chile durante los gobiernos de la Concertación (1990-2010). colomb.int., Bogotá, n. 87, p. 81-108, ago. 2016. Disponível em: http://www.scielo.org.co/scielo.php?pid=S0121-56122016000200005&script=sci_abstract&tlng=es. Acesso em: 16 ago. 2020.

CAAMAÑO DOMÍNGUEZ, Francisco M. Representación o participación de las minorías: sobre la determinación de algunos espacios constitucionales útiles de las políticas del reconocimiento. Fundamentos: Cuadernos monográficos de teoria del estado, derecho público e historia constitucional. Coord. por Francisco José Batista Freijedo. n. 3, 2004. Dedicado a la Representación Política.

CAMERLO, Marcelo. Gabinetes de partido único y democracias presidenciales. Indagaciones a partir del caso argentino. América Latina Hoy [en linea], v. 64, 119-142, 2013. Disponível em: https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=30827842006. Acesso em: 16 ago. 2020.

CARNEIRO, Sueli. Mulheres em movimento. Estudos Avançados, v. 17, n. 49, p. 117-132, 2003.

CARNEIRO, Sueli. Mulheres negras e o poder: um ensaio sobre a ausência. Publicado em 21 de dezembro de 2009. Disponível em: http://articulacaodemulheres.org.br/wp-content/uploads/2015/06/TC-6-CARNEIRO-Suely-Mulheres-Negras-e-Poder.pdf: Acesso em: 31 jan. 2019.

CENTRO DE PESQUISA E DOCUMENTAÇÃO DE HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA DO BRASIL DA FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS (CPDOC). Rio de Janeiro. Disponível em: http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/arquivo. Acesso em: 16 ago. 2020.

COSTA, Luiz Domingos; MASSIMO, Lucas; BUTTURE, Paula; LOPES, Ana Paula. O desenho e as fontes de pesquisa com elites parlamentares brasileiras no século XX. In.: CODATO, Adriano; PERISSINOTO, Renato (org.). Como estudar elites. Curitiba: UFPR, 2015. p. 63-94.

DEPARTAMENTO INTERSINDICAL DE ASSESSORIA PARLAMENTAR (DIAP) (ed.). Novo Congresso Nacional em Números 2019-2023. Brasília: DIAP, 2019.

FOLHA DE SÃO PAULO. Há dez anos, sigla puniu Erundina por desobediência. Publicado em 7 de fevereiro de 2003. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc0702200304.htm. Acesso em: 30 jan. 2019

GERARDI, Dirceu André; ESPINOZA, Fran. O recrutamento dos ministros da área social em tempos de impeachment. Newsletter. Observatório de elites políticas e sociais do Brasil, NUSP/UFPR, v. 3, n. 9, p. 1-23, junho 2016.

INÁCIO, Magna. Escogiendo ministros y formando políticos: los partidos en gabinetes multipartidistas. América Latina Hoy, v. 64, p. 41-66, 2013. Disponível em: https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=30827842003. Acesso em: 16 ago. 2020.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Censo Demográfico 2010. Resultados gerais da amostra. Rio de Janeiro: IBGE, 2012.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Estatísticas de Gênero Indicadores sociais das mulheres no Brasil. Estudos e Pesquisas, Informação Demográfica e Socioeconômica, n. 38, 2018.

MOREIRA, Marli. Candidatas tiveram menos recursos de campanha, diz ONG. EBC – Agência Brasil. Publicado em 12.nov.2018. Disponível em: http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2018-11/ong-lanca-em-sp-ferramenta-que-detalha-receitas-de-campanhaa-eleitoral. Acesso em: 31 jan. 2018.

PIAZZA, Edith. Porta de vidro: entrada para branquitude. In: CARONE, Iray e BENTO, Maria Aparecida da Silva (org.). Psicologia social do racismo: estudos sobre branquitude e branqueamento no Brasil. Petrópolis: Vozes, 2002

PILDES, Richard. Democracia y representación de interesses minoritários. Fundamentos: Cuadernos monográficos de teoria del estado, derecho público e historia constitucional. Coord. por Francisco José Batista Freijedo. n. 3, 2004. Dedicado a la Representación Política.

PIRES, Thula. 130 anos de Lei Áurea e 30 anos da Constituição de 1988: constitucionalismo e decolonialidade em perspectiva diaspórica. In.: GOES, Luciano. 130 anos de (des)ilusão: a farsa abolicionista em perspectiva desde olhares marginalizados. Belo Horizonte: D´Plácido, 2018. p. 463-487.

RIOT-SARCEY, Michèle. A democracia representativa na ausência das mulheres. Estudos Feministas, número especial, p. 247-255, out. 1994.

RODRÍGUEZ TERUEL, Juan. Los ministros de la España democrática: reclutamiento politico y carrera ministerial de Suárez a Zapatero (1976-2010). Madrid: Centro de Estudios Políticos y Constitucionales, 2011.

SILVA, Mariana Batista da. O ministério dos ministérios: a governança da coalizão no presidencialismo brasileiro. Tese (Doutorado) – Programa de Pós-Graduação em Ciência Política, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2014.

STONE, Lawrence. Prosopografia. Rev. Sociol. Polit. [online], v. 19, n. 39, p. 115-137, 2011.

TSE aprova uso do nome social de candidatos na urna. Tribunal Superior Eleitoral - Notícias, Brasília, 1 mar. 2018. Disponível em: http://www.tse.jus.br/imprensa/noticias-tse/2018/Marco/tse-aprova-uso-do-nome-social-de-candidatos-na-urna. Acesso em: 16 ago. 2020.

YOUNG, Iris Marion. Representação política, identidade e minorias. Lua Nova, São Paulo, n. 67, p. 139-190, 2006.

Downloads

Publicado

2020-08-31

Como Citar

GITIRANA, J. H. S.; KREUZ, L. R. C. Ministras de Estado: uma análise prosopográfica das mulheres nos cargos máximos da República de 1985 a 2019. Revista da Faculdade de Direito da UFRGS, Porto Alegre, n. 43, p. 245–266, 2020. DOI: 10.22456/0104-6594.94386. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/index.php/revfacdir/article/view/94386. Acesso em: 29 mar. 2024.