Sobre uma política criminal baseada na teoria do direito penal do inimigo

Autores

  • Davi de Paiva Costa Tangerino Universidade do Estado do Rio de Janeiro; Fundação Getúlio Vargas de São Paulo.
  • Henrique Olive

DOI:

https://doi.org/10.22456/0104-6594.84336

Palavras-chave:

Direito Penal do Inimigo, Política Criminal, Segurança Pública, Autoritarismo, Estado de Direito, Democracia, Direito Penal

Resumo

RESUMO

Esta apresentação tem por objetivo discutir os instrumentos e problemas relacionados a implementação de uma política criminal baseada em pressupostos da teoria do direito penal do inimigo, desenvolvida mais detalhadamente por Günter Jakobs. Com isto, discute-se tanto a viabilidade, como os limites práticos da atuação do Estado no reconhecimento e na neutralização de riscos. Ainda, abordam-se os pontos elementares da teoria, além de debater as diversas críticas encontradas na bibliografia especializada sobre o tema. Por fim, conclui-se pela existência da utilidade de seus postulados, qual seja, sua utilização como parâmetro para identificação de medidas autoritárias em meio ao sistema democrático.

 

PALAVRAS-CHAVE

Direito Penal do Inimigo. Política Criminal. Segurança Pública. Autoritarismo. Estado de Direito.

ABSTRACT

This work aims to discuss the instruments and problems related to implementation of a criminal policy based on the directives of the theory of Criminal Law of the Enemy, primarily developed by the German professor Günther Jakobs. Therefore, we discuss the feasibility and the practical limits of the government’s role regarding the identification and nullification of risks, addressing the elements of the theory, then reviewing and debating its critical literature. Finally, this work acknowledges the usefulness of the theory of Criminal Law of the Enemy, that is, its use as a parameter of identification of authoritarian measures within the democratic system.

 

KEYWORDS

Criminal Law of the Enemy. Criminal Policy. Public Security. Authoritarianism. Rule of Law.

 

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Davi de Paiva Costa Tangerino, Universidade do Estado do Rio de Janeiro; Fundação Getúlio Vargas de São Paulo.

Pós-doutor em Direito pelo Max Planck Institut (Alemanha) (2010); Doutor (2009) e Mestre (2005) em Direito Penal pela USP, com estágio doutoral na Humboldt Universität (Alemanha); Professor de Direito Penal da UERJ/RJ (graduação e pós-graduação) e da Escola de Direito da FGV/SP (graduação). Advogado.

Henrique Olive

Mestre em Direito Penal pela UERJ; Pós-Graduado em Processo Penal e Garantias Fundamentais pela ABDConst.

Referências

ALBRECHT, P. A. Criminologia: uma fundamentação para o direito penal. Trad. Juarez Cirino dos Santos, Helena Schiessl Cardoso. Curitiba: ICPC; Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2010.

AMBOS, K. Direito penal do inimigo. Panóptica – Direito, Sociedade e Cultura, FDV, Vitória, v. 2, n. 7, pp. 1-45, 2007.

APONTE CARDONA, A. Derecho penal de enemigo vs. derecho penal del ciudadano: Günther Jakobs y los avatares de un derecho penal de la enemistad. Cuadernos de doctrina y jurisprudencia penal, Buenos Aires, v. 10, n. 18/19, pp. 481-512, 2005.

BARATTA, A. Principios de derecho penal mínimo. In: BARATTA, A. Criminología y sistema penal (compilación in memorian). Buenos Aires: Editorial B de F, pp. 299-333, 2004.

CANCIO MELIÁ, M. De novo: “Direito penal do inimigo?”. In: JAKOBS, G; CACIO MELIÁ. M. Direito penal do inimigo: noções e críticas. Trad. e org. André Luís Callegari, Nereu José Giacomolli. 6ᵃ ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, pp. 71-118, 2012.

CARVALHO, S. de. A política de guerra às drogas na América Latina entre o direito penal do inimigo e o estado de exceção permanente. Revista Panóptica – Direito, Sociedade e Cultura, FDV, Vitória, v. 2, n. 7, pp. 164-177, 2007.

CUSSAC, J. L. G. El renacimiento del pensamiento totalitario en el seno del estado de Derecho: la doctrina del derecho penal enemigo. Revista Penal, La Ley, Madri, n. 19, pp. 52-69, 2007.

DEMÉTRIO CRESPO, E. Del « derecho penal liberal » al « derecho penal del enemigo ». Quid Iuris, UNAM, Cidade do México, ano 4, v. 10, pp. 45-81, set. 2009a.

DEMÉTRIO CRESPO, E. El « derecho penal del enemigo » darf nicht sein! Sobre La ilegitimidad del llamado “derecho penal del enemigo” y La Idea de seguridad. Quid Iuris, UNAM, Cidade do México, ano 4, vol. 10, pp. 83-114, set./2009b.

DÍEZ RIPOLLÉS, J. L. De la sociedad del riesgo a la seguridad ciudadana: un debate desenfocado. Revista Electrónica de Ciencia Penal y Criminología (RECPC), Granada, n. 07-01, pp. 1-37, 2005. Disponível em: <http://criminet.ugr.es/recpc/07/recpc07-01.pdf>. Acesso em: 09 nov. 2014.

FEIJOO SÁNCHEZ, B. O direito penal do inimigo e o Estado Democrático de Direito. Revista Panóptica – Direito, Sociedade e Cultura, FDV, Vitória, v. 2, n. 7, pp. 100-134, 2007.

FERRAJOLI, L. Derecho y razón. Teoría del garantismo penal. Tradução de Percto Andrés Ibáñez, Alfonso Ruiz Miguel, Juan Carlos Bayón Mohino, Juan Terradillos Basoco, Rocío Cantarero Bandrés. Madri: Editorial Trotta, 1995.

______. Il «diritto penale del nemico» e La dissoluzione del diritto penale. Questione giustizia, Franco Angeli Edizioni, Milão, n. 4, pp. 797-812, 2006.

GARLAND, D. The limits of the sovereign state: strategies of crime control in contemporary society. The British Journal of Criminology, v. 36, n. 4, pp. 445-471, out. 1996.

GÓMES COLOMER, J. Dogmática penal y proceso penal, algunas disfuncionalidades relevantes de la actualidad. Cuadernos de derecho penal. Universidad Sergio Arboleda, Bogotá, n. 3, pp. 9-36, 2010.

GÓMEZ-JARA DÍEZ, C. Normatividad del ciudadano versus facticidad del enemigo: crítica al fundamento científico del derecho penal del enemigo. Revista de Estudos Criminais, Porto Alegre, v. 7, n. 24, pp. 33-54, jan./mar. 2007.

GÖSSEL, Karl Heinz. Réplica del Derecho Penal del Enemigo. Sobre seres humanos, indivíduos y personas del derecho. Revista Penal, La Ley, Madri, n. 20, pp. 89-100, 2007.

GRACIA MARTÍN, L. O horizonte do finalismo e o direito penal do inimigo. Trad. Luiz Regis Prado, Érika Mendes de Carvalho. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2007.

GRECO, L. Sobre o chamado direito penal do inimigo. Revista da Faculdade de Direito de Campos, Campos, Rio de Janeiro, ano VI, n. 7, pp. 211-224, dez. 2005.

JAKOBS, G. A imputação objetiva no Direito Penal. Trad. André Luís Callegari. 4ᵃ ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2013.

______. Direito penal do cidadão e direito penal do inimigo. In: JAKOBS, G; CACIO MELIÁ. M. Direito penal do inimigo: noções e críticas. Trad. e org. André Luís Callegari, Nereu José Giacomolli. 6ᵃ ed. pp. 19-48. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2012.

______. Dogmática de derecho penal y la configuración normativa de la sociedad. Civitas Ediciones, 2004.

______. Terroristas como Pessoas de Direito?. In: JAKOBS, G; CACIO MELIÁ. M. Direito penal do inimigo: noções e críticas. Trad. e org. André Luís Callegari, Nereu José Giacomolli. 6ᵃ ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2012.

______. Tratado de Direito Penal: teoria do injusto penal e culpabilidade. Trad. Gercélia Batista de Oliveira Mendes e Geraldo de Carvalho. Belo Horizonte: Del Rey, 2008.

______. Sociedad, norma y persona en una teoría de un derecho penal funcional. Trad. Manuel Cancio Meliá, Bernardo Feijóo Sánchez. Madri: Civitas Ediciones, 2000.

MUÑOZ CONDE, F. Direito penal do inimigo. Tradução de Karyna Batista Sposato. Curitiba: Juruá, 2012.

______. Edmund Mezger e o direito penal de seu tempo: estudos sobre o direito penal no Nacional-Socialismo. 4ᵃ ed. Trad. Paulo César Busato. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2005.

______. Los orígenes ideológicos del derecho penal del enemigo. Revista Penal, Valencia, n. 26, pp. 139-150, jul. 2010.

NEUMANN, U. Direito penal do inimigo. Tradução de Antonio Martins. Revista Brasileira de Ciências Criminais, São Paulo, n. 69, v. 15, pp. 156-178, 2007.

PAVARINI, M. Punir os inimigos: criminalidade, exclusão e insegurança. Trad. Juarez Cirino dos Santos, Aliana Cirino Simon. Curitiba: LedZe Editora, 2012.

PORTILLA CONTRERAS, G. Fundamentos teóricos del derecho penal y procesal-penal del enemigo. Jueces para La democracia: información y debate, Editorial Trotta, Madri, n. 49, pp. 43-50, mar. 2004.

PRITTWITZ, C. O direito penal entre direito penal do risco e direito penal do inimigo: tendências atuais em direito penal e política. Tradução de Helga Sabotta de Araújo e Carina Quito. Revista Brasileira de Ciências Criminais, São Paulo, n. 47, v. 12, pp. 31-45, 2004.

RADBRUCH, G. Der Handlungsbegriff in seiner Bedeutung für das Strafrechtssystem. Zugleich ein Beitrag zur Lehre von der rechtswissenschaftlichen Systematik. Berlin: J. Guttentag Verlagsbuchhandlung, 1904.

SALIGER, F. El derecho penal del enemigo: um concepto crítico o totalitário del derecho penal. Trad. Edgardo Alberto Donna. Revista de Derecho Penal, Buenos Aires, n.º 1, 2007, pp. 69-87.

SILVA SÁNCHEZ. J. A expansão do direito penal: aspectos da política criminal nas sociedades pós-industriais. Trad. Luiz Otavio de Oliveira Rocha. 3ᵃ ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2013.

ZAFFARONI. E. R. O inimigo no direito penal. 3ᵃ ed. Trad. Sérgio Lamarão. Rio de Janeiro: Revan, 2011.

Publicado

2018-12-31

Como Citar

TANGERINO, D. de P. C.; OLIVE, H. Sobre uma política criminal baseada na teoria do direito penal do inimigo. Revista da Faculdade de Direito da UFRGS, Porto Alegre, v. 1, n. 39, 2018. DOI: 10.22456/0104-6594.84336. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/index.php/revfacdir/article/view/84336. Acesso em: 16 abr. 2024.