CULTURA, PODER E LIDERANÇA NAS ORGANIZAÇÕES: UM ESTUDO DE CASO NO SETOR DE CELULOSE
Palavras-chave:
Cultura organizacional, Processo de Liderança, Relações de Poder, Comportamento organizacional.Resumo
O objetivo deste artigo é compreender as articulações entre a cultura organizacional, as relações de poder e o processo de liderança no cotidiano da empresa Papelório. O estudo faz parte de uma pesquisa mais ampla sobre diversos aspectos organizacionais na ótica da cultura organizacional e das relações de poder. Neste artigo, esses conceitos são articulados com o de liderança em uma pesquisa qualitativa em uma das maiores empresas do setor de celulose e papel no mundo. Os dados foram obtidos por meio de observação participante e 63 entrevistas semi-estruturadas com sujeitos nos níveis gerencial, administrativo e operacional, e tratados pela técnica de análise do conteúdo (MINAYO, 2002). A articulação teórica deste estudo seguiu a proposta de Hardy e Clegg (2001) sobre a coerência em não se ater, necessariamente, aos limites entre as correntes teóricas tradicionais na investigação de diferentes formas dos jogos de poder nas práticas organizacionais cotidianas. Portanto, adotou-se a seguinte diversidade conceitual para nortear a análise: a liderança é considerada um processo social onde se estabelecem relações de influência entre pessoas (BRYMAN, 2004); a cultura organizacional é um fenômeno construído pelas pessoas em torno do qual se definem diferenças e compartilhamentos entre os grupos sociais e que é tratado de duas maneiras básicas nos estudos organizacionais (SMIRCICH, 1983; carrieri; LEITE-DA-silva, 2006): como variável controlável e como metáfora a ser compreendida; as relações de poder são consideradas em duas grandes correntes (HARDY; CLEGG, 2001): funcionalista – o poder instrumentalizado em fonte e instrumentos articulados a favor dos interesses organizacionais; e crítica – o poder como fonte de dominação a ser denunciada, de resistência a ser articulada ou como uma rede de relações na qual todos se inserem e reforçam. Os resultados evidenciaram três bases adotadas pela empresa ao longo de sua história para articular a cultura organizacional, as relações de poder e o processo de liderança: o paternalismo; a racionalidade instrumental; e o gerenciamento do simbólico. Todas permeadas por um processo disciplinar mais amplo que ultrapassa (mas inclui) a organização. Os efeitos dessa configuração nos membros organizacionais legitimando interesses da empresa (CLEGG, 1996), indicam que obter uma cultura organizacional homogênea parece ser menos relevante do que manter em ação dispositivos com esse propósito, pois eles permitem articular os interesses da organização na rede de relações dinâmicas (familiares, profissionais, religiosas, etc.) na qual seus membros se inserem.
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