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O Percurso Estudantil do Festival Transamériques (FTA): uma experiência de mediação cultural marcante

Resumo:

Este artigo visa apresentar os impactos educativos do percurso estudantil do Festival Transamériques (FTA), dedicado à criação contemporânea em teatro e dança no Quebec. Uma primeira pesquisa de campo foi feita em 2010 junto a cinquenta adolescentes, seguida de outra, em 2014, com o objetivo de validar os resultados. A pesquisa revela que o evento representa um ritual de passagem para os jovens; ele é fonte tanto de descoberta de si quanto de abertura ao outro em nível estético e nos planos cultural e sociopolítico.

Palavras-chave:
Mediação Cultural; Adolescentes; Criação Contemporânea; Ritual de Passagem; Abertura a si e ao Outro

Résumé:

Le but de cet article est de présenter les retombées éducatives du Parcours étudiant du FTA, consacré à la création contemporaine en théâtre et en danse au Québec. Une première enquête sur le terrain a été menée en 2010 auprès de 50 adolescents, suivie d'une autre, en 2014, afin de valider les résultats. La recherche nous révèle que l'évènement s'avère un rite de passage pour les jeunes ; il est source de découverte de soi tout autant qu'ouverture à l'altérité, et ce, tant au niveau de l'esthétique que sur les plans culturel et socio-politique.

Mots-clés:
Médiation Culturelle; Adolescents; Création Contemporaine; Rite de Passage; Ouverture à soi et à l'Autre

Abstract:

The purpose of this article is to present the educational spinoffs of the Student Outreach program of the Festival Transamériques (FTA), a festival devoted to the creation of contemporary theatre and dance performance in Québec. A first field investigation was conducted in 2010 with fifty adolescents, followed by another in 2014 to validate its results. The research showed that the event acts as a kind of rite of passage for young people, serving as a source of self-discovery as much as well as generating openness to others at an aesthetic level and on a cultural and socio-political plan.

Keywords:
Cultural Mediation; Adolescents; Contemporary Creative Arts; Rite of Passage; Openness to Self and Others

Imagem 1
Percurso Estudantil do FTA de 2014. Oficina de dança

No campo da educação artística para os jovens, o Festival Transamériques (FTA) organizou um programa de atividades extraescolares com o objetivo de iniciar os adolescentes nas estéticas contemporâneas. O Percurso Estudantil do FTA, iniciado em 2001, apresenta uma fórmula inédita de parceria cultura-escola que se inscreve no paradigma da "mediação cultural", expressão que aparece na França durante os anos 1990 e que ganha cada vez mais importância no Quebec (Lafortune, 2012LAFORTUNE, Jean-Marie (Dir.). La Médiation Culturelle: le sens des mots et l'essence des pratiques. Préface: Jean Caune. Montréal: Presses de l'Université du Québec, 2012., p. 9).

Mesmo que o termo mediação seja frequentemente associado à cultura, ele também é utilizado há alguns anos, tanto no campo da intervenção social e pedagógica quanto no campo artístico, para traduzir o caráter complexo dos dispositivos de comunicação. Mais especificamente no teatro, a substituição do termo comunicação por mediação permite ultrapassar o processo artístico: "[...] a mediação é a transmissão e a produção de sentido"; ela confirma os "[...] fenômenos ideológicos gerados pela transmissão" (Caune, 1996CAUNE, Jean. Acteur-Spectateur: une relation dans le blanc des mots. Préface: Régis Debray. Saint-Genouph: Librairie Nizet, 1996., p. 35) pois "[...] se o teatro pode ser o palco do mundo, isso se dá não apenas porque ele representa o mundo de uma maneira artística, mas também porque ele coloca em jogo a intersubjetividade e expõe-na na experiência humana" (Caune, 1996, p. 48).

No espaço de mediação entre si e o outro, que reside no centro da prática artística, juntam-se os diferentes modos de mediação cultural que visam a um trabalho de aproximação entre o espectador, a obra e o artista. Eles têm por objetivo democratizar a cultura e instaurar, assim, novas formas de compartilhar o conhecimento:

Além da função de relações públicas visando ao aumento do público, a mediação cultural representa uma preocupação com a melhoria da qualidade da relação com as obras, o que supõe um acompanhamento que vai da preparação prévia ao retorno sobre as experiências e atualmente vai até um engajamento com a comunidade (Lafortune, 2012LAFORTUNE, Jean-Marie (Dir.). La Médiation Culturelle: le sens des mots et l'essence des pratiques. Préface: Jean Caune. Montréal: Presses de l'Université du Québec, 2012., p. 212).

Quando o FTA organiza o Percurso Estudantil em 2001, ele espera realizar, junto aos adolescentes, o mesmo caminho que já vem traçando desde a sua aparição em Montreal, em 1985. O FTA é considerado, então, como um evento internacional de teatro contemporâneo reconhecido pelo "caráter audacioso" da sua programação "[...] e pela sua abertura a teatralidades híbridas e a formas transgressoras" (David, 2009DAVID, Gilbert. L'Avènement du Festival de Théâtre des Amériques (1985), ou l'Inscription d'un Régime Esthétique sans Frontières. Spirale, Montréal, Spirale Magazine Culturel Inc., n. 228, p. 126-127, sept./oct. 2009. Disponible sur: <Disponible sur: http://id.erudit.org/iderudit/1970ac >. Consulté le: 10 juin 2014.
http://id.erudit.org/iderudit/1970ac...
, p. 126). Essas escolhas influenciam muito a formação do público, pois ultrapassam a simples divulgação ou a produção de espetáculos:

Se existe um aspecto de importância fundamental nos quase vinte e cinco anos do FTA, é a sua política de integrar um grande número de atividades paralelas à programação: encontros com os artistas, leituras públicas, projeções de documentários [...]. Essas trocas não são, de forma alguma, secundárias, pois não se trata apenas de mostrar espetáculos, mesmo que sejam excepcionais. É necessário possibilitar que eles gerem uma reflexão na esfera pública. Os espectadores do FTA são convidados a uma festa dos sentidos em todo o âmbito semântico do termo (David, 2009DAVID, Gilbert. L'Avènement du Festival de Théâtre des Amériques (1985), ou l'Inscription d'un Régime Esthétique sans Frontières. Spirale, Montréal, Spirale Magazine Culturel Inc., n. 228, p. 126-127, sept./oct. 2009. Disponible sur: <Disponible sur: http://id.erudit.org/iderudit/1970ac >. Consulté le: 10 juin 2014.
http://id.erudit.org/iderudit/1970ac...
, p. 127).

Em 2007, quando o FTA decide reunir o teatro e a dança e escolhe a denominação Festival Transamériques19 1 Antes o festival se concentrava apenas no teatro e chamava-se Festival de Teatro das Américas. , a programação do Percurso Estudantil se diversifica: o programa cultural visa, a partir desse momento, iniciar os alunos do segundo ciclo do ensino médio na criação contemporânea, tanto na área do teatro quanto da dança. No entanto, a criação contemporânea, bastante heterogênea, não pode ser definida facilmente: "O termo 'contemporâneo' excluiu, há mais de dez anos, os termos moderno e pós-moderno como apêndice lexical ideal para nomear a prática artística atual" (Lesage, 2012LESAGE, Marie-Christine. Mémoire des Arts et Scène Contemporaine. L'Annuaire Théâtral, Montréal, Université du Québec à Montréal/Société Québécoise d'Études Théâtrales, n. 52, p. 37-53, oct. 2012., p. 37).

Através de sua proposta de um mergulho em experiências estéticas fortes, o Percurso Estudantil do FTA estimula os adolescentes a dar um "passo" (Sarrazac, 2002SARRAZAC, Jean-Pierre. La Parabole ou l'Enfance du Théâtre. Paris: Circé, 2002. (Collection Penser le Théâtre.), p. 23) em direção ao universo da cena contemporânea, que pede uma recepção mais intuitiva. Aliás, segundo Lehmann, o poeta da imagem que é Wilson representaria o exemplo mais marcante da tese de que uma verdadeira comunicação artística "[...] não se dá pela compreensão, mas por impulsos da criatividade pessoal do receptor: impulsos cuja comunicabilidade está ancorada nas predisposições universais do inconsciente" (Lehmann, 2002LEHMANN, Hans-Thies. Le Théâtre Postdramatique. Paris: L'Arche, 2002., p. 102). Assim, as cenas criadas por Wilson "[...] não desejam nem ser interpretadas, nem compreendidas de forma racional. Elas se destinam a desencadear associações, a estimular uma produtividade específica no 'campo magnético' entre o palco e o espectador" (Lehmann, 2002, p. 103). Essa postura tem a adesão de vários artistas contemporâneos do teatro e da dança que, desde o final do século XX, propõem criações diversificadas que são o resultado da combinação de diferentes fatores:

Na medida em que as mestiçagens artísticas se multiplicam, os autores desenvolvem novos lugares para seu trabalho, seja ocupando simultaneamente diferentes funções da criação, seja fazendo do texto um parceiro original da imagem, da música, da dança. Evidentemente, as práticas anteriores não desapareceram, mas elas têm tendência a tornarem-se um processo de trabalho entre muitos outros (Ryngaert, 2011RYNGAERT, Jean-Pierre. Écritures Dramatiques Contemporaines. Paris: Armand Colin, 2011. (Collection Lettres SUP.), p. 69).

Nesse contexto de democratização da cultura, a realização do Percurso Estudantil tornou-se um verdadeiro desafio para os organizadores do FTA.

Metodologias da Pesquisa

Com o objetivo de contribuir ao avanço dos conhecimentos sobre mediação cultural junto a um público de adolescentes, nossa pesquisa estudou a estrutura do programa do Percurso Estudantil do FTA e tentou medir seu impacto sobre os jovens, participantes do festival. Mais especificamente, ela visa analisar os impactos educativos do Percurso Estudantil do FTA nas edições de 2010 e 2014 junto aos alunos participantes. Para validar os resultados, também se tentou compreender sua evolução no interior desse contexto temporal, tendo em vista o intervalo de quatro anos que separa as duas etapas da pesquisa.

Relativamente à teoria de Schaeffer (2008SCHAEFFER, Jean-Marie. Quelles Valeurs Cognitives pour quels Arts? Dans: DARSEL, Sandrine; POUIVET, Roger. Ce que l'Art nous Apprend: les valeurs cognitives dans les arts. Rennes: Presses Universitaires de Rennes, 2008. P. 67-81.), segundo a qual todos os tipos de aprendizagem podem ser explorados em arte, decidimos realizar uma pesquisa qualitativa, com questões abertas, para influenciar o mínimo possível as respostas dos participantes (Karsenti; Savoie-Zajc, 2011KARSENTI, Thierry; SAVOIE-ZAJC, Lorraine (Dir.). La Recherche en Éducation: étapes et approches. Montréal: Editions du Renouveau Pédagogique, 2011.).

[...] na medida em que existe uma diversidade de processos cognitivos e de tipos de aquisição cognitiva, não podemos contentar-nos com uma definição geral da cognição: existem conhecimentos em um nível pré-atencional e existem outros que são o resultado de um processo atencional; um conhecimento processual não é igual a um savoir-faire, um know-how. Ora, todos esses processos e tipos de aquisição cognitiva podem ser explorados, entre outros, pelas obras de arte (Schaeffer, 2008SCHAEFFER, Jean-Marie. Quelles Valeurs Cognitives pour quels Arts? Dans: DARSEL, Sandrine; POUIVET, Roger. Ce que l'Art nous Apprend: les valeurs cognitives dans les arts. Rennes: Presses Universitaires de Rennes, 2008. P. 67-81., p. 74).

A coleta de dados foi feita junto a cerca de cinquenta alunos (das escolas Armand-Corbeil, de Terrebonne; Saint-Louis, de Montreal; e Chavigny, de Trois-Rivières), seus professores mediadores e os organizadores das atividades pedagógicas da edição de 2010 do FTA. Também foram encontrados cerca de cinquenta alunos do colégio de Champigny, do Quebec, da escola Chavigny, de Trois-Rivières, e da escola Saint-Louis, de Montreal, para a edição de 2014.

Para maximizar a eficácia de coleta de dados, foram escolhidas diferentes abordagens junto aos jovens: esse procedimento de triangulação permitiu a validação das respostas. Assim, os jovens participantes do festival foram observados de maneira global durante todo o seu Percurso, enquanto espectadores e enquanto participantes das diversas oficinas, e durante as discussões organizadas pelos mediadores do FTA com artistas convidados. Privilegiamos, igualmente, as entrevistas informais com os jovens, além da análise do diário no qual estavam registrados os comentários pessoais e as opiniões sobre os espetáculos a que eles haviam assistido20 2 No verão de 2014, um questionário foi utilizado para substituir o diário, tendo em vista o prazo curto que nós tínhamos. Ele foi elaborado da seguinte forma: Quais são as primeiras palavras em que você pensa sobre o seu Percurso do FTA? Que evento foi mais marcante para você? Por quê? Quais foram seus espetáculos favoritos? Por quê? Você pode descrevê-los? Qual é a sua opinião sobre as conferências e as oficinas que foram organizadas? Descreva brevemente seus aprendizados durante o seu Percurso. . Os dados coletados junto aos jovens participantes do festival tiveram uma importância extrema para a compreensão do alcance da mediação cultural organizada pelo FTA.

Situação: o Percurso Estudantil do FTA

O Percurso Estudantil do FTA foi muito bem recebido desde o seu início. Cerca de vinte escolas do Quebec, algumas de regiões distantes, já participaram desse evento que consiste em uma mistura de cultura e de educação. Mais de mil alunos puderam assistir a importantes obras do repertório contemporâneo e conhecer os procedimentos de trabalho de seus criadores graças aos encontros com os artistas, às oficinas, às conferências e às discussões que acompanham o evento, que dura quatro dias. Além dos cinco espetáculos de dança e teatro, das oficinas práticas e das mesas redondas previstos no programa, os alunos são convidados a uma diversidade de práticas artísticas, como visitar o Museu de Arte Contemporânea, descobrir o teatro mais antigo da cidade de Montreal21 3 Trata-se do Monumento Nacional, construído entre 1891 e 1893; ele se encontra na rua Saint-Laurent, uma da vias principais da cidade de Montreal. , ainda em funcionamento, e assistir a filmes relacionados à programação do festival. O Percurso pretende colaborar no desenvolvimento de todas as dimensões do indivíduo e inscrever a educação artística no grande campo da dimensão sociopolítica, já que ele visa:

[...] contribuir para fazer de cada espectador um cidadão informado, sensível ao testemunho de artistas de todos os continentes; um cidadão mais bem preparado para fruir das obras contemporâneas, das abordagens de artistas que ousam, denunciam, revelam, exaltam, transgridem, perturbam e observam, sem concessões, nossas sociedades (Festival Transamériques, 2014FESTIVAL TRANSAMÉRIQUES. Accompagnement des Publics. Montréal, 2014. Disponible sur: <Disponible sur: http://www.fta.qc.ca/fr/pages/accompagnement-du-public >. Consulté le: 05 juil. 2014.
http://www.fta.qc.ca/fr/pages/accompagne...
, n.p.).

O tipo de mediação proposta pelo FTA baseia-se em uma colaboração direta com o meio escolar, desenvolvida desde a fase preparatória do projeto.

A Fase Preparatória do Festival

Vários meses antes do evento, são feitas reuniões preparatórias com os professores mediadores para compartilhar as informações relativas ao conteúdo dos espetáculos, às atividades pedagógicas e à logística do percurso estudantil. Essa colaboração com os responsáveis das escolas, que começa desde que a programação é definida, tem por objetivo fazer com que a experiência artística dos jovens seja acompanhada de um enquadramento pedagógico de qualidade. Um quadro para ajudar na leitura dos espetáculos de dança e teatro é fornecido pela equipe pedagógica do FTA22 4 Os quadros de leitura dos espetáculos de dança e de teatro são bastante completos; eles apresentam várias pistas de observação do espetáculo, bem como outros elementos de interpretação da obra dramática ou coreográfica que ajudam o aluno a compreender o conjunto dos elementos da apresentação (corpo, espaço, cenografia, som, voz). .

Paralelamente aos seus programas anuais, os professores incluem momentos para preparar os alunos ao festival. Eles desenvolvem a aptidão de apreciação23 5 A aptidão de apreciar é uma das três aptidões associadas ao campo das artes no Programa de Formação da Escola do Quebec. As duas outras aptidões são relacionadas à criação e à interpretação de obras dramáticas ou coreográficas para os programas de estudos em teatro ou em dança. de obras cênicas e coreográficas contemporâneas. O quadro de leitura dos espetáculos de dança e teatro, fornecido anteriormente pelo FTA, integra o caderno artístico (ou diário) dos alunos, exigido pelos professores para que eles possam guardar um vestígio de suas opiniões, seus comentários pessoais e suas análises críticas. No que diz respeito aos impactos educativos, essa etapa é essencial pois o quadro de leitura é um suporte didático bastante útil para o aprendizado: ele apresenta os elementos e as questões relativas à recepção da obra.

Segundo os professores mediadores, a preparação em sala de aula é uma etapa determinante no Percurso Estudantil do FTA. Ela visa despertar o interesse do aluno, estimular sua curiosidade e sua abertura e fazer com que ele mobilize os conhecimentos que já foram integrados sobre o teatro ou a dança. Essa preparação coloca o aluno em um estado receptivo frente à obra e multiplica sua experiência de espectador.

Nas entrevistas, os professores mediadores afirmaram que esse estado de espírito seria diferente do que eles observam nas saídas regulares para o teatro ao longo do ano escolar. O Percurso Estudantil do FTA desperta um entusiasmo nos alunos, uma expectativa e uma curiosidade em conhecer artistas que seria impossível encontrar de outra forma. Alguns professores mediadores afirmam que os alunos esperam ser capturados pela energia dos artistas, perturbados por suas proposições artísticas intensas.

De forma clara, constata-se que, durante a elaboração do conteúdo do Percurso, a cumplicidade entre a equipe pedagógica do festival e seus parceiros das escolas cria um terreno propício para o aprendizado. Pode-se enfatizar também um acordo financeiro entre as duas partes que facilita a participação no evento: os alunos se beneficiam de preços diferenciados para os espetáculos e para o alojamento nas residências estudantis da Université du Québec à Montréal (UQAM).

Os Encontros e as Oficinas Preparatórias e a Relação com os Espetáculos (Edições de 2010 e 2014)

Durante todo o festival, as oficinas e debates antes ou depois dos espetáculos são momentos essenciais para reforçar o aprendizado em teatro e dança. Oficinas de iniciação são ministradas por GilPhilippe Pelletier24 6 Gil Philippe Pelletier é um artista do Quebec que trabalha, há vários anos, no campo da mediação teatral para o FTA. Dramaturgo e educador, é professor do curso de teatro da Université du Québec à Montréal. (teatro) e Fabienne Cabano25 7 Jornalista cultural, Fabienne Cabano colabora com várias mídias de Montreal, dentre as quais estão Voir Montréal, Voir TV, CIBL-Radio Montréal e DF Danse. Paralelamente às suas atividades jornalísticas, ela transmite sua paixão pela dança contemporânea através do trabalho de mediadora cultural. Ela acompanha os percursos estudantis do Festival Transamériques e organiza programas de descoberta da dança contemporânea para grande público no Fab Club, que ela fundou em 2010. (dança), que acompanham os grupos de alunos durante todo o percurso. Essas atividades tem por objetivo introduzir algumas noções relacionadas às práticas contemporâneas de artes cênicas e desmistificar a arte contemporânea. Geralmente, elas são bastante apreciadas tanto pelos alunos quanto pelos professores mediadores.

Desde o início do Percurso, os mediadores do FTA organizam uma atividade de introdução com o objetivo de quebrar o gelo e facilitar o contato entre os alunos das diferentes escolas. Essa atividade de iniciação coloca os participantes em situação de criação de pequenas sequências, estimula o comprometimento, diminui o medo de arriscar-se e de manifestar-se durante as trocas e debates do festival.

Fabienne Cabano apresenta, desde o início, noções que cruzam alguns elementos de teoria tratados acima. Ela convida os jovens participantes a não perderem de vista suas sensações enquanto assistem ao espetáculo de dança. Ela afirma que o espectador é ativo e que o ato de olhar pede "[...] uma abertura de ideias, uma maleabilidade, um não julgamento e uma sensibilidade-radar" (Villeneuve, 2014VILLENEUVE, Lucie. Notes sur le Parcours Étudiant du FTA. Montréal, 2014a. , n.p.). Durante a edição de 2014, ela aconselha os jovens a lerem o programa da peça Built to Last, de Meg Stuart, antes de assistir ao espetáculo e a observar as reações dos intérpretes à música e sua vulnerabilidade durante a apresentação. Ela também propõe que eles analisem as qualidades físicas e teatrais dos bailarinos, diferentes de um para outro, o gestual e a originalidade da cenografia. Finalmente, um elemento fundamental: ela fala da necessidade de não julgamento, tanto durante o espetáculo quanto durante a oficina; não julgar e não se julgar. Essa preparação é uma boa introdução às outras oficinas do Percurso, já que os jovens participantes são estimulados, desde o início, a ter uma atitude aberta em relação às diferentes proposições artísticas.

As Oficinas com os Artistas Ligados ao Festival

Durante o festival, os jovens participam de oficinas com artistas conhecidos internacionalmente. Os artistas convidados propõe aos alunos algumas pistas de exploração; eles iniciam os jovens em seus processos de criação, colocando-os, assim, no centro do seu universo. O próprio artista é a pessoa mais indicada para abrir uma porta para sua visão do mundo, sua energia e sua sensibilidade artística. Esses encontros deixam uma impressão marcante nos jovens, independentemente de como eles recebem a obra, o artista ou sua abordagem artística.

Na edição de 2010, mesmo que alguns alunos tenham ficado surpresos pelo ritmo de composição de More More More... Future, um espetáculo de dança africana com toques punks, eles ficaram impressionados com o engajamento político e artístico dos coreógrafos Salia Sanou e Faustin Linyekula, que apresentaram sua abordagem durante um encontro preparatório no quartel-general do festival. Mais do que o teatro particular dos dois artistas, foi o teatro do mundo que foi invocado no espetáculo. Segundo Fausin Linyekula, o fato de fazer dança contemporânea e de ousar o otimismo em um país cheio de desilusões como o Congo constitui um ato revolucionário em si. Para os adolescentes, esse posicionamento, que faz do ato de criação um gesto de resistência e otimismo, foi uma fonte de admiração. Os alunos, completamente receptivos ao discurso dos dois coreógrafos, foram tocados pela sua capacidade de superação face às adversidades.

A Incorporação dos Aprendizados: o aluno-espectador torna-se criador

Além dos debates, os participantes também tiveram oficinas práticas ministradas pelos coreógrafos do Quebec Sylvain Émard26 8 Sylvain Émard é um bailarino e coreógrafo do Quebec, conhecido internacionalmente, que criou sua companhia em 1987. Reconhecido pelo refinamento de seu gestual, ele surpreende com a apresentação de Grand Continental no Festival Transamériques de 2009. e Frédérick Gravel27 9 Frédérick Gravel, jovem coreógrafo do Quebec, trabalha no campo da dança contemporânea no Quebec, nos Estados Unidos e na Europa (com Gravel Works, estreia no FTA de 2009 e apresenta-se na França, nos Estados Unidos e na Alemanha; com Tout se Pète la Gueule, estreia no FTA de 2010 e apresenta-se também na França). Ele trabalha com música, teatro e performance em abordagens que mostram a mecânica do espetacular. , que são, em princípio, mais próximos da realidade dos jovens, mas que também proporcionaram a descoberta de novos territórios. Os alunos de teatro tiveram que se familiarizar com uma linguagem gestual diferente da linguagem teatral e com um outro tipo de exploração do corpo, do espaço e do objeto. A partir de uma iniciativa de Sylvain Émard, os jovens ensaiaram a última sequência do espetáculo Très Grand Continental, que puderam dançar, durante um bis, juntamente com cerca de cem bailarinos amadores na Praça Émilie-Gamelin, no centro de Montreal. Para os adolescentes, esse foi um momento festivo que lhes permitiu ocupar a praça pública e a cidade de uma maneira incomum:

Enquanto o sentimento de pertencimento a uma comunidade pode ser menos forte no anonimato das cidades grandes, esses espetáculos fazem com que ele seja novamente despertado no cidadão que, surpreendido por uma ficção urbana ao ar livre, se conscientiza da sua inserção em uma entidade coletiva que vai além de si mesmo. Um espetáculo como Le Très Grand Continental propõe a seus participantes a experiência de uma abertura efêmera na qual diferentes categorias se entrelaçam em um tecido social renovado. Em ritmos de danças tão diferentes quanto R&B, valsa, techno, disco ou country, tudo o que a sociedade separa em categorias (sexuais, geográficas, entre gerações) encontra-se reunido em uma feliz mestiçagem (Siaud, 2010SIAUD, Florent. Dialectique de l'Intérieur et de l'Extérieur dans Trois Evénements in situ Présentés dans l'Edition 2010 du FTA. L'Annuaire Théâtral, Montréal, Université du Québec à Montréal/Société Québécoise d'Études Théâtrales, n. 48, p. 99-112, oct. 2010., p. 102).

Aliás, na oficina ministrada pelo coreógrafo Frédérick Gravel, os alunos precisaram arriscar-se e vencer a vergonha. Após um aquecimento bastante exigente, baseado no contato físico e na consciência do espaço, eles criaram sequências com objetos (cadeiras) e deslocamentos inspirados no espetáculo de dança Tout se Pète la Gueule, Chérie, que haviam visto na noite anterior. A organização de oficinas relacionadas à programação do festival possibilita que o espectador interiorize a estética do espetáculo e incorpore, literalmente, os aprendizados, pois o aluno-espectador torna-se criador. Trata-se aqui de uma experiência estética total.

As entrevistas feitas em 2010 com os alunos sobre as oficinas de dança permitiram verificar a que ponto esse meio constitui uma descoberta importante para aqueles alunos que vêm dos cursos com ênfase em teatro. Tanto os meninos quanto as meninas falaram de como ficaram surpresos pela sua capacidade de abandono, de desapego, resultante, segundo eles, da atmosfera de confiança criada pelo jovem coreógrafo Gravel, que soube despertar a admiração dos jovens e, ainda assim, continuar próximo deles. Essas experiências fortes geraram um verdadeiro interesse pela dança; vários dos jovens manifestaram o desejo de assistir a espetáculos de dança contemporânea.

Na edição de 2014, que contava, pela primeira vez, com um grupo de alunos cuja ênfase artística era em dança, o espírito crítico foi mais aguçado. Os alunos felicitaram a originalidade de vários espetáculos, mas apontaram, como algumas das críticas oficiais do festival, que certas apresentações eram fracas: "No entanto, para atingir o objetivo, quase sempre eram necessários momentos longos, complicações, provocações que, mesmo aguçando o senso crítico, acabavam sendo cansativas" (Doyon, 2014DOYON, Frédérique; SAINT-PIERRE, Christian. Un Public Fidèle pour un Brillant Festival. Le Devoir, Montréal, juin 2014. Disponible sur: <Disponible sur: http://www.ledevoir.com/culture/actualites-culturelles/410446 >. Consulté le: 30 juin 2014.
http://www.ledevoir.com/culture/actualit...
, n.p.).

Concentrada em uma introdução aos estados corporais, inspirados no trabalho de Meg Stuart28 10 A coreógrafa e bailarina americana Meg Stuart cria suas primeiras peças em Nova Iorque no final dos anos 1980 e tem um primeiro sucesso internacional com o espetáculo Disfigure Study (1991). Ela se instala na Bélgica e, depois, na Alemanha, onde ela desenvolve diversos projetos com artistas plásticos, videastas, músicos, sonoplastas e diversos artistas. , e às diversas sensações provocadas pela música, a oficina de dança ministrada por Katya Montaignac29 11 Katya Montaignac é a fundadora da companhia Objets Dansés Non Identifiés (ODNI), do Quebec, e diretora de diversos projetos atípicos. , relacionada com o espetáculo Built to Last, assistido três dias antes, foi bem recebida. Alguns alunos preferiram mais a oficina do que o espetáculo, pois "[...] era mais compreensível depois de ter-se experimentado" e "[...] era mais agradável fazer do que assistir" (Villeneuve, 2014VILLENEUVE, Lucie. Questionnaire de la recherche auprès des adolescents. Parcours étudiant du FTA. Montréal, 2014b., n.p.). Na outra oficina, um dos bailarinos da Association Fragile, companhia de Christian Rizzo30 12 Artista multidisciplinar originário de Cannes, na França, Christian Rizzo trabalha nos campos da moda, das artes visuais e da ópera, paralelamente ao seus trabalhos coreográficos. , guiou os alunos em um trabalho de interiorização e abandono que se mostrou mais difícil para alguns, mas que foi bem apreciado pela maioria dos participantes. Certos exercícios foram bastante difíceis para os alunos; os jovens se deram conta de como é difícil ultrapassar seus hábitos cotidianos e parar de movimentar-se racionalmente, deixando outras partes do corpo guiarem o movimento.

As Oficinas de Teatro e Performance

Em 2010, em uma oficina de introdução à trilogia de Wajdi Mouawad31 13 Dramaturgo do Quebec de origem libanesa, Wajdi Mouawad é autor, diretor, ator e cineasta. Depois de estudar a escrita dramática na École Nationale de Théâtre du Canada, ele funda a companhia Ô Parleur, que ele codirige de 1990 a 1999; ele dirigiu o teatro Quat'sous, em Montreal, de 2000 a 2004 e o teatro francês do Centre National des Arts du Canada, em Ottawa. Em 2005, forma a companhia Au Carré de l'Hypoténuse, na França, onde ele colabora em diversas produções desde então. Recebeu diversos prêmios, dentre os quais estão o prêmio do Governador do Canadá (2000) e vários prêmios pelos seu filme Incêndios, de 2000. Mouawad é o iniciador do projeto Avoir 20 Ans en 2015. , o mediador GilPhilippe Pelletier se inspirou na par-literatura e na pedagogia do indireto32 14 A carta de Mouawad não é um texto de teatro, mas um texto relacionado à criação, destinado aos atores. A pedagogia do indireto utiliza estratégias escondidas ou relacionadas de maneira paralela aos objetivos globais da situação de aprendizado. : os alunos deveriam apresentar simultaneamente um texto não teatral (uma carta aos atores, escrita por Mouawad) e uma sequência gestual com marcações preestabelecidas (um ritual). Como o objetivo era criar uma diferença entre o texto lido e o ritual realizado, novos efeitos de sentido eram criados.

Esse tipo de oficina, organizada de forma diferente em 2014, no contexto de uma introdução ao espetáculo Les Particules Élémentaires, dirigido por Julien Gosselin33 15 Julien Gosselin é um jovem diretor de teatro francês que dirige uma trupe em Lille, na França. A peça de teatro Les Particules Élémentaires estreou na França, no Festival d'Avignon de 2013. Através da história de dois meio-irmãos - Michel, pesquisador em biologia molecular, e Bruno, obcecado pelo prazer sexual -, a peça, sarcástica e melancólica, conta uma parte da história da sociedade francesa, dos anos 1960 até o final dos anos 1990. , possibilitou que os jovens participantes do festival compreendessem os efeitos do aleatório, procedimento bastante utilizado na criação contemporânea. Os fragmentos que foram feitos pelos alunos durante a oficina ganharam uma nova dimensão no contexto real da apresentação teatral, pois o fato de reconhecer essas partituras e de escutá-las na peça inteira acentuava seu alcance semântico.

Nesse mesmo sentido, no Percurso de 2010, o dramaturgo do Quebec Étienne Lepage34 16 Étienne Lepage é formado em escrita dramática pela École Nationale de Théâtre du Canada. Em 2007, ele coescreve, dirige e atua em Théâtre Catastrophe com a companhia Nouveau Théâtre Expérimental. Em 2008, sua peça Le Mariage de Francis Camélias ganha o prêmio de Ajuda à Criação do Centre National du Théâtre, de Paris. fez com que os alunos trabalhassem a partir de uma lista de palavras obrigatórias que deveriam incluir na criação de histórias ou diálogos durante uma oficina de escrita. Contrariamente ao que pensavam, os jovens descobriram que as restrições de escrita estimulam o imaginário do escritor. Frente ao desafio gerado pela restrição, a escrita segue caminhos que, sem dúvida, não teriam escolhido de outra forma.

A edição 2014 do FTA propôs novas tendências estéticas contemporâneas. Vários espetáculos valorizavam o trabalho dos performers, em uma hibridação de textos narrativos e gestos cotidianos coreografados. No contexto dessa estética, os alunos foram convidados a uma iniciação na performance e em um trabalho sobre a presença pelas fundadoras da companhia Système Kangourou. Em um dos minigrupos, o conteúdo da mochila dos alunos foi espalhado pelo chão; quando os grupos circulavam pelos trabalhos uns dos outros, aqueles que paravam em frente a essa instalação eram convidados a organizar os objetos em categorias preestabelecidas, uma referência à peça Germinal, em que os performers haviam criado um modo de classificação absurdo, a categoria das coisas que fazem poc poc. Nessa hibridação do íntimo com o público, os jovens ultrapassam as fronteiras do teatro e da dança para buscar territórios desconhecidos. Note-se também que, nas duas edições, a oficina do Museu de Arte Contemporânea despertou muito interesse. Para muitos participantes, ela foi uma revelação, despertando a curiosidade da maioria.

Pode-se constatar claramente que as duas edições do Percurso Estudantil estudadas nesta pesquisa caracterizam-se tanto pela programação audaciosa quanto pela inteligência da abordagem pedagógica, tendo em vista a relação íntima entre as oficinas e o conteúdo dos espetáculos programados. Além de desmistificar a arte contemporânea, a estrutura do Percurso dá algumas pistas de leitura de obras por vezes consideradas inclassificáveis e que, de outra forma, seriam menos acessíveis. O suporte pedagógico desenvolvido pelo FTA é fiel aos objetivos da mediação teatral do festival, mencionados por Amélie Côté durante uma entrevista dada a Ney Wendell em 2011, quando era a responsável pela mediação:

A mediação teatral, como qualquer outra mediação cultural, fundamenta-se sobretudo na transcrição e na transmissão de abordagens artísticas, adaptadas aos diferentes públicos em função da sua idade, sua bagagem cultural, sua cultura e seus conhecimentos. Trata-se de aproximar dois universos, o do criador e o do receptor, apresentando os elementos das abordagens artísticas de forma adaptada e viva. Espera-se que esses novos conhecimentos levem o receptor a questionar-se sobre o assunto, a pensar sobre o contexto de apresentação das obras, histórico e político, por exemplo (Côté apud Wendell, 2012WENDELL, Ney. La Médiation Théâtrale dans la Formation du Public: le projet Prends Bien Soin de Moi à Bahia et les expériences artistiques et pédagogiques dans les institutions du Québec. 2012. 230 f. Thèse (Doctorat en Etudes Théâtrales) - Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas, Escola de Teatro, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2012. Disponible sur: <Disponible sur: https://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/9436 >. Consulté le: 30 juin 2014.
https://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri...
, p. 196).

A Recepção dos Espetáculos

Em um festival com um programa tão audacioso, alguns espetáculos chamam mais a atenção dos adolescentes do que outros. Em 2010, o favorito dos participantes do festival foi Le Sang des Promesses, de Wajdi Mouawad, uma trilogia que propunha uma experiência de doze horas. Também se destacam o espetáculo de dança Tout se Pète la Gueule, Chérie, anunciado como sendo provocador, mas cujas cenas de nudez não escandalizaram os adolescentes, e L'Effet de Serge, do francês Philippe Quesne35 17 Philippe Quesne é um autor de teatro, diretor e cenógrafo francês. , um espetáculo iconoclasta sobre o vazio no qual quase nada acontece. Esses três espetáculos, preferidos pelos alunos, jogavam com estéticas bem diferentes entre si. No entanto, os jovens admiram a audácia: eles ficaram impressionados com o excesso de Mouawad, a ausência de censura de Gravel e a estética insólita de Quesne.

No Percurso mais recente, o humor e a inventividade do espetáculo Germinal, da dupla franco-belga Antoine Defoort e Halory Goerg36 18 Antoine Defoort e Halory Goerger fazem parte da Amicale de Production, uma companhia francesa que desenvolve formas transversais entre as artes visuais e o espetáculo. , criaram uma verdadeira admiração tanto entre os jovens quanto entre os críticos. Em sua pesquisa filosófico-teatral sobre a origem da linguagem cênica, os performers literalmente destruíram o palco com picaretas, questionando, através desse ato espetacular, os códigos do teatro. Por outro lado, o bastante esperado Les Particules Élémentaires, inspirado no romance de Houellebecq e dirigido por Julien Gosselin, cuja conferência havia sido muito bem recebida, foi apreciado pela metade dos participantes. Eles se sentiram tocados pela temática da peça (a miséria sexual), a cenografia simples e a ausência de censura (com várias cenas de nudez). Quanto ao espetáculo de dança contemporânea D'après une Histoire Vraie, de Christian Rizzo, inspirado pela lembrança de uma sequência de dança folclórica turca, boa parte dos participantes gostou do sentimento de fraternidade que emanava desse grupo de homens dançando, do gestual fluido e da força da música rock dos dois bateristas. Os jovens apreciaram as propostas artísticas fortes, audaciosas e ritmadas.

O Espetáculo da Cidade

A cidade é "[...] um espaço de socialização", "[...] um espaço de vida política [...] mas também um espaço de cultura, de conhecimento e de significação" (Lamizet, 2002LAMIZET, Bernard. Le Sens de la Ville. Paris: L'Harmattan, 2002. (Collection Villes et Sociétés.), p. 17). Para completar esse inventário dos impactos educativos do Percurso Estudantil do FTA, é possível incluir a descoberta de Montreal. Os jovens participantes do festival tiveram uma visita guiada ao Monumento Nacional, dirigida por Jean-Marc Larrue, professor e historiador do teatro, que lhes apresentou, além do prédio, várias décadas da história de Montreal.

Os jovens também puderam descobrir a cidade de dentro, pois ficaram hospedados em residências localizadas no bairro dos espetáculos durante quatro dias e puderam deslocar-se a pé quando iam de um lugar a outro para suas atividades. Essas caminhadas por Montreal permitiram que os adolescentes se apropriassem do espaço da cidade e dessem-lhe sentido (Lamizet, 2002LAMIZET, Bernard. Le Sens de la Ville. Paris: L'Harmattan, 2002. (Collection Villes et Sociétés.), p. 11). A estadia nas residências também teve um impacto importante para eles, pois, de certa forma, foi sua primeira experiência de apartamento. Para muitos deles, essa foi uma etapa determinante. É o que revela a análise do diário de bordo no qual eles anotavam seus comentários pessoais. Essa experiência deixa em alguns uma lembrança tão viva quanto o mais lindo dos espetáculos que eles tenham assistido.

Conclusão

Alguns meses depois do fim da edição de 2010 do Percurso, os professores mediadores comentam que os seus alunos do curso de teatro, que agora estão no quinto ano do ensino médio, consideram o teatro e a dança sob um novo ângulo e compreendem melhor as questões da criação; eles pensam que o Percurso Estudantil do FTA funcionou como um verdadeiro catalisador junto aos alunos. Com o imaginário abastecido, apreciam criar e ser audaciosos nas suas criações. Isso se traduz pelo desejo de explorar estéticas que nunca haviam experimentado antes e pelo fato de arriscarem-se mais.

Em relação ao Percurso Estudantil da edição de junho de 2014, o entusiasmo desse grupo de participantes é tão forte quanto o dos participantes de 2010, e o espírito crítico parece mais aguçado. Mesmo que se trate de grupos de alunos diferentes, a avaliação qualitativa do percurso é positiva para as edições de 2010 e de 2014 e é bastante parecida, se considerarmos os aprendizados construídos.

Os jovens participantes do festival aprenderam muito com o Percurso, o qual qualificam de "marcante", no sentido nobre do termo, dado pelo sociólogo Fernand Dumont: "[...] é a minha situação no mundo que muda; o espaço da minha vida não será mais igual" (Dumont, 1968DUMONT, Fernand. Le Lieu de l'Homme: la culture comme distance et mémoire. Montréal: HMH, 1968. (Collection Constances.), p. 55-56). De fato, o tipo de conhecimentos adquiridos varia de uma pessoa à outra "[...] segundo a sua capacidade ou sua vontade de se comprometer de maneira mais ou menos séria em uma relação cognitiva com as obras em questão" (Schaeffer, 2008SCHAEFFER, Jean-Marie. Quelles Valeurs Cognitives pour quels Arts? Dans: DARSEL, Sandrine; POUIVET, Roger. Ce que l'Art nous Apprend: les valeurs cognitives dans les arts. Rennes: Presses Universitaires de Rennes, 2008. P. 67-81., p. 75). Aliás, essa noção fundamental do comprometimento pode ser subentendida nos escritos dos participantes.

No plano cognitivo, a mente aberta é o termo que mais aparece. Eles também falam da redescoberta do teatro e da descoberta de outras formas artísticas como a dança e a performance (ou o teatro, para os alunos da ênfase em dança). Alguns acrescentam que a experiência do Percurso Estudantil do FTA possibilitou a aquisição de um vocabulário artístico e de alguns conhecimentos relativos à cenografia. A noção de abandono, abordada por Fabienne Cabano durante as oficinas que prepararam para os espetáculos, parece ter dado frutos, pois alguns escrevem nas suas avaliações que eles aprenderam a "[...] dominar o registro contemporâneo" e a "[...] abandonar-se quando assistem um espetáculo para ter uma experiência mais rica" (Villeneuve, 2014, n.p.). No plano artístico, os aprendizados afetivos estão relacionados ao prazer do evento e à recepção dos espetáculos. O alcance cognitivo é resultado de um processo complexo pois as emoções estéticas, além de permitirem "[...] que se ultrapassem os limites temporais" (Jouve, 2001, p. 27), também agem de maneira sutil no plano semântico, "[...] pois elas nos tornam capazes de diferenciar, de distinguir aspectos sutilmente significantes de uma obra" (Morizot apud Darsel; Pouivet, 2008DARSEL, Sandrine; POUIVET, Roger. Ce que l'Art nous Apprend: les valeurs cognitives dans les arts. Rennes: Presses Universitaires de Rennes, 2008., p. 55). A programação diversificada do Percurso Estudantil do FTA multiplicou as oportunidades de estes jovens terem uma vivência estética forte, sendo que eles descreveram várias vezes o festival como algo impressionante.

Além do ver, os jovens também afirmam ter gostado muito das oficinas que lhes permitiram aprender fazendo. Trata-se de uma experiência estética total, o tipo de experiência que deveria, segundo Kerlan (2004KERLAN, Alain. L'Art pour Eduquer? La Tentation Esthétique: contribution philosophique à l'étude d'un paradigme. Québec: Les Presses de l'Université Laval, 2004.), encontrar-se no núcleo do processo educativo, já que ela envolve integralmente o indivíduo.

No plano social, enfim, o Percurso Estudantil do FTA foi especialmente estimulante. Os adolescentes aprenderam a "[...] não ter medo do desconhecido que pode ser magnífico" (Villeneuve, 2014, n.p.). Eles afirmam ter amadurecido. Outros se orgulham de terem perdido um pouco da timidez ou confessam que aprenderam "[...] a não se atrasar" (Villeneuve, 2014, n.p.) e a administrar seus deslocamentos na cidade de Montreal. Essas aptidões sociais formam marcos importantes na aquisição de autonomia e facilitam a passagem à vida adulta.

Assim, o Percurso Estudantil do FTA é, para os jovens, de certa forma, um ritual de passagem no qual se multiplicam os encontros: com as obras e os artistas de diversos países, com outras formas artísticas, com os alunos de outras escolas e, de forma mais pessoal, com os seus colegas, que eles aprendem a conhecer melhor em um contexto diferente do da escola ou da família. Essas experiências humanas contribuem para fazer do Percurso uma experiência transformadora de confronto com outras realidades. Bem centrado no contexto das práticas contemporâneas de teatro e dança, o programa pedagógico pluridisciplinar do FTA é uma fonte de descoberta de si e de abertura para o outro, tanto em um nível estético quanto nos planos cultural, social e político.

Nossas pesquisas de campo, realizadas em 2010 e em 2014, permitem-nos afirmar que o tipo de mediação cultural realizada no Percurso Estudantil do FTA funciona como um verdadeiro catalisador no caminho artístico dos jovens participantes, tendo em vista a qualidade das atividades artísticas feitas além dos espetáculos programados no Percurso. Aliás, pelo fato dos espetáculos do FTA terem sido concebidos por artistas do Quebec ou de outros lugares, eles são uma oportunidade para esses jovens abrirem-se a outros universos, para descobrir outras sensibilidades artísticas e para descobrir a si mesmos.

Criadas em um espírito de ruptura, de transgressão de códigos e de audácia, as produções do Festival Transamériques fazem eco à energia dos adolescentes, à sua curiosidade e ao seu ânimo. Os alunos participantes do Percurso Estudantil do FTA foram capazes de identificar-se com o programa, de aceitar ou não as propostas artísticas e de construir um discurso reflexivo sobre as questões artísticas e sociais da representação. "A arte e a cultura [sendo] ambos, e cada um de maneira específica, produtos da relação social e das condições de existência desta relação" (Wallach, 2006WALLACH, Jean-Claude. La Culture, pour Qui?: essai sur les limites de la démocratisation culturelle. Toulouse: Editions de l'Attribut, 2006., p. 120), é possível compreender a importância de continuar projetos de mediação cultural significantes e complexos, voltados para os jovens, e que, dentro do registro do sensível, contribuam tanto para o desenvolvimento do indivíduo quanto para sua inserção na sociedade.

Se os aprendizados construídos nesse contexto de mediação, fora da escola, são tão significativos para os jovens, isso se deve provavelmente ao fato de que eles se inscrevem no contexto de um evento, fora dos territórios frequentados normalmente. A palavra evento significa fato marcante; trata-se de uma atividade que toca, que fica marcada na memória. A dimensão extracotidiana do evento deve ser considerada, assim como em outros tipos de eventos culturais, como viagens ou outras experiências significantes, que os adolescentes podem vivenciar. Eles constituem etapas importantes nas suas vidas, momentos de transição que modificam sua relação com o mundo e provocam uma abertura ao outro. Com certeza, eles saem transformados.

Références

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    » https://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/9436
  • Este texto inédito, traduzido por André Mubarack e revisado por Celina Nunes de Alcântara, também se encontra publicado em francês neste número do periódico.
  • 1
    Antes o festival se concentrava apenas no teatro e chamava-se Festival de Teatro das Américas.
  • 2
    No verão de 2014, um questionário foi utilizado para substituir o diário, tendo em vista o prazo curto que nós tínhamos. Ele foi elaborado da seguinte forma: Quais são as primeiras palavras em que você pensa sobre o seu Percurso do FTA? Que evento foi mais marcante para você? Por quê? Quais foram seus espetáculos favoritos? Por quê? Você pode descrevê-los? Qual é a sua opinião sobre as conferências e as oficinas que foram organizadas? Descreva brevemente seus aprendizados durante o seu Percurso.
  • 3
    Trata-se do Monumento Nacional, construído entre 1891 e 1893; ele se encontra na rua Saint-Laurent, uma da vias principais da cidade de Montreal.
  • 4
    Os quadros de leitura dos espetáculos de dança e de teatro são bastante completos; eles apresentam várias pistas de observação do espetáculo, bem como outros elementos de interpretação da obra dramática ou coreográfica que ajudam o aluno a compreender o conjunto dos elementos da apresentação (corpo, espaço, cenografia, som, voz).
  • 5
    A aptidão de apreciar é uma das três aptidões associadas ao campo das artes no Programa de Formação da Escola do Quebec. As duas outras aptidões são relacionadas à criação e à interpretação de obras dramáticas ou coreográficas para os programas de estudos em teatro ou em dança.
  • 6
    Gil Philippe Pelletier é um artista do Quebec que trabalha, há vários anos, no campo da mediação teatral para o FTA. Dramaturgo e educador, é professor do curso de teatro da Université du Québec à Montréal.
  • 7
    Jornalista cultural, Fabienne Cabano colabora com várias mídias de Montreal, dentre as quais estão Voir Montréal, Voir TV, CIBL-Radio Montréal e DF Danse. Paralelamente às suas atividades jornalísticas, ela transmite sua paixão pela dança contemporânea através do trabalho de mediadora cultural. Ela acompanha os percursos estudantis do Festival Transamériques e organiza programas de descoberta da dança contemporânea para grande público no Fab Club, que ela fundou em 2010.
  • 8
    Sylvain Émard é um bailarino e coreógrafo do Quebec, conhecido internacionalmente, que criou sua companhia em 1987. Reconhecido pelo refinamento de seu gestual, ele surpreende com a apresentação de Grand Continental no Festival Transamériques de 2009.
  • 9
    Frédérick Gravel, jovem coreógrafo do Quebec, trabalha no campo da dança contemporânea no Quebec, nos Estados Unidos e na Europa (com Gravel Works, estreia no FTA de 2009 e apresenta-se na França, nos Estados Unidos e na Alemanha; com Tout se Pète la Gueule, estreia no FTA de 2010 e apresenta-se também na França). Ele trabalha com música, teatro e performance em abordagens que mostram a mecânica do espetacular.
  • 10
    A coreógrafa e bailarina americana Meg Stuart cria suas primeiras peças em Nova Iorque no final dos anos 1980 e tem um primeiro sucesso internacional com o espetáculo Disfigure Study (1991). Ela se instala na Bélgica e, depois, na Alemanha, onde ela desenvolve diversos projetos com artistas plásticos, videastas, músicos, sonoplastas e diversos artistas.
  • 11
    Katya Montaignac é a fundadora da companhia Objets Dansés Non Identifiés (ODNI), do Quebec, e diretora de diversos projetos atípicos.
  • 12
    Artista multidisciplinar originário de Cannes, na França, Christian Rizzo trabalha nos campos da moda, das artes visuais e da ópera, paralelamente ao seus trabalhos coreográficos.
  • 13
    Dramaturgo do Quebec de origem libanesa, Wajdi Mouawad é autor, diretor, ator e cineasta. Depois de estudar a escrita dramática na École Nationale de Théâtre du Canada, ele funda a companhia Ô Parleur, que ele codirige de 1990 a 1999; ele dirigiu o teatro Quat'sous, em Montreal, de 2000 a 2004 e o teatro francês do Centre National des Arts du Canada, em Ottawa. Em 2005, forma a companhia Au Carré de l'Hypoténuse, na França, onde ele colabora em diversas produções desde então. Recebeu diversos prêmios, dentre os quais estão o prêmio do Governador do Canadá (2000) e vários prêmios pelos seu filme Incêndios, de 2000. Mouawad é o iniciador do projeto Avoir 20 Ans en 2015.
  • 14
    A carta de Mouawad não é um texto de teatro, mas um texto relacionado à criação, destinado aos atores. A pedagogia do indireto utiliza estratégias escondidas ou relacionadas de maneira paralela aos objetivos globais da situação de aprendizado.
  • 15
    Julien Gosselin é um jovem diretor de teatro francês que dirige uma trupe em Lille, na França. A peça de teatro Les Particules Élémentaires estreou na França, no Festival d'Avignon de 2013. Através da história de dois meio-irmãos - Michel, pesquisador em biologia molecular, e Bruno, obcecado pelo prazer sexual -, a peça, sarcástica e melancólica, conta uma parte da história da sociedade francesa, dos anos 1960 até o final dos anos 1990.
  • 16
    Étienne Lepage é formado em escrita dramática pela École Nationale de Théâtre du Canada. Em 2007, ele coescreve, dirige e atua em Théâtre Catastrophe com a companhia Nouveau Théâtre Expérimental. Em 2008, sua peça Le Mariage de Francis Camélias ganha o prêmio de Ajuda à Criação do Centre National du Théâtre, de Paris.
  • 17
    Philippe Quesne é um autor de teatro, diretor e cenógrafo francês.
  • 18
    Antoine Defoort e Halory Goerger fazem parte da Amicale de Production, uma companhia francesa que desenvolve formas transversais entre as artes visuais e o espetáculo.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Ago 2015

Histórico

  • Recebido
    04 Set 2014
  • Aceito
    11 Dez 2014
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