Graduada em História pela UFPR; Especialista em Arte e Cultura Barroca pela UFOP; Mestre em História da Arte e da Cultura pela UNICAMP; Doutora em História da Arte pela Universidad de Granada, Espanha. Professora no Departamento de História da Arte da UNIFESP.
Este artigo discute alguns aspectos historiográficos acerca da importância dos artistas, como foco para a construção da narrativa sobre arte no tempo. Nas origens da historiografia da arte, com Giorgio Vasari, as biografias de artistas constituíram o fio condutor do texto. Porém, já se considerava o artista como parte de um sistema do qual faziam parte o ateliê, os mecenas, personagens e contextos sociais que transcendiam à individualidade do artista criador. O texto vasariano foi um modelo a ser seguido e um esquema a ser superado durante os séculos XVII e XVIII, observando os escritos de Bellori ou de Luigi Lanzi. As biografias de artistas foram sendo, portanto, adaptadas aos conceitos de estilo, escola e gênero. A criação do gênero monográfico no final do século XIX, por Carl Justi, permitiu a biografia de um único artista, em lugar do conjunto de vidas. Se, contudo, no início do século XX, pareceu possível construir uma história da arte que ofuscasse o papel do artista, em nome da obra de arte entendida como um objeto em sua pura visibilidade, por autores como Wölfflin; iniciou-se, em contrapartida, uma reconstrução historiográfica na qual o artista voltava a ocupar um papel central na narrativa, porém agora como parte de uma categoria social, em obras como as de Wackernagel, Baxandall ou Warnke.
Palavras-chave: Historiografia da arte. História social da arte. Artista. Biografia
Referências
ALBERTI, Leon Baptista. A Arte de Construir. Tratado de Arquitetura e Urbanismo. São Paulo: Hedra, 2012.
BAXANDALL, Michael. O olhar renascente, pintura e experiência social na Itália da Renascença. Rio de Janeiro: Paz e terra, 1991.
BELTING, Hans. O Fim da História da Arte. São Paulo: Cosac & Naif, 2012.
BURCKHARDT, Jacob. Rubens. Pref. Emil Maurer. Trad. e note Anna Bovero. Torino: Einaudi, 1967
CHASTEL, André. Arte y Humanismo. Madrid: Cátedra, 1982.
FAILLA, Maria Beatrice. Il governo della vista e il primato dell’invenzione (1590-1640) in PINELLI, O. R. (org.) Storie della Storia dell’Arte.Torino: Einaudi, 2014.
FAILLA, Maria Beatrice. L’ingano dell’occhio e l’artificio barocco (1640-1680) in PINELLI, O. R. (org.) Storie della Storia dell’Arte.Torino: Einaudi, 2014.
FERNANDES, Cássio da Silva. Martin Wackernagel: o "espaço de vida" dos artistas no Renascimento florentino. Ghrebh, v. 2, p. 16, 2010. Disponível em http://revista.cisc.org.br/ghrebh/ Acesso em 15 de fevereiro de 2019.
FRANCASTEL, Pierre. Pintura e sociedade. São Paulo, Martins Fontes, 1990.
JUSTI, Carl. Diego Velazquez und sein Jahrhundert. 2 Bände, Bonn, Cohen, 1888.
JUSTI, Carl. Murillo. Leipzig, E. A. Seemann, 1892
PEVSNER, Niclolaus. Academias de Arte: passado e presente. São Paulo: Companhia das Letras, 2005.
PINELLI, Orietta Rossi. Le arti del disegno. In PINELLI, O. R. (org.) Storie della Storia dell’Arte.Torino: Einaudi, 2014.
PIVA, Chiara. La Repubblica delle Lettere e il dibattito sul metodo storico (1681-1814). in PINELLI, O. R. (org.) Storie della Storia dell’Arte.Torino: Einaudi, 2014.
SERRÃO, Vítor. História da Arte em Portugal. Lisboa: Editorial Presença, 2001.
SERRÃO, Vitor. O Maneirismo e o Estatuto Social dos Pintores Portugeses. Lisboa: Imprensa Nacional Casa da Moeda, 1983.
SETTIS, Salvatori. Artisti e Comitenti tra Quatro e Cinquecent. Torino, Einaudi, 2010.
VASARI, Giorgio. A Vida dos Artistas. São Paulo: Martins Fontes, 2011.
WACKERNAGEL, Martim. Il Mondo delgi artisti nel Rinascimento Fioretino: commitenti, botteghe e mercato dell’arte. Roma: Carocci, 1994.
WARNKE, Martin. O Artista da Corte. Os antecedentes dos artistas modernos. São Paulo: Edusp, 2001.