Declinações sobre o ser-em-comum e a partilha do sensível (a partir de Jacques Rancière) | Declinations about being-in-common and the distribution of the sensible (according to Jacques Rancière)
Doutoranda em Estudos Artísticos – Arte e Mediações pela FCSH-UNL e bolseira FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, mestre em Estudos Artísticos – Teoria e Crítica da Arte pela Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, com uma dissertação sobre o cinema português dos anos 90, e licenciada em Ciências da Comunicação pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto.
O presente ensaio procura estabelecer a relação entre estética, política e comum que atravessa todo o pensamento de Jacques Rancière, convocando ainda alguns autores contemporâneos como Georges Didi-Huberman ou Giorgio Agamben. Tentar-se-á ainda compreender de que modo o ser-entre rancièriano se distingue radicalmente do ser-com ou ser singular plural proposto por Jean-Luc Nancy, muito embora ambos se fundam na noção de intervalo. Por fim, as imagens cinematográficas iluminarão, como um paradoxal espectro, todo o ensaio – quer através de Rancière, quer de Didi-Huberman –, que terminará com uma proposta para uma radical teoria da montagem do comum (a teoria da montagem à distância, do realizador arménio Artavazd Pelechian), a partir da análise do filme “Nós” (1969).
Palavras-chave: Comum. Política. Cinema. Artavazd Pelechian. Jacques Rancière.
Abstract
The present essay aims to establish a relation between aesthetics, politics and common that goes through Jacques Rancière’s thought, convoking some other contemporary authors such as Georges Didi-Huberman or Giorgio Agamben. An attempt will also be made to understand how Rancière's being-in-between radically differs from the being-with or singular plural being proposed by Jean-Luc Nancy, even though both are founded on the notion of interval. Finally, cinematographic images will illuminate, like a paradoxical spectrum, the whole essay – whether through Rancière or Didi-Huberman – that will end up with a proposal for a radical theory of the montage of the common (the theory of montage at a distance, by the Armenian director Artavazd Pelechian) through the analysis of the film “Us” (1969).
Keywords: Common. Politics. Cinema. Artavazd Pelechian. Jacques Rancière.
ORCID
http://orcid.org/0000-0002-8980-3533
Referências
AGAMBEN, Giorgio. Homo sacer: o poder soberano e a vida nua (ed. orig. 1995). Tradução de Henrique Burigo. Belo Horizonte: UFMG, 2007.
BECERRA, Sergio; FONTANEL, Rémi (ed.). Matiére et cosmos: les films de Artavazd Pelechian. Bogotá: IDARTES (Instituto Distrital de las Artes), 2012.
DELEUZE, Gilles. Logique du sens. Paris: Minuit, 1997.
DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. Capitalisme et schizophrénie 2: Mille plateaux. Paris: Minuit, 1980.
DEVILLE, Vincent. Montage à distance et figuration du génocide arménien dans Nous (1969) d’Artavazd Pelechian In: LOUVIER, Patrick; ASSO, Annick; DEMIRDJIAN, Héléna (org.). Exprimer le génocide des Arméniens: Connaissance, arts et engagement [online]. Rennes: Presses universitaires de Rennes, 2016. Disponível online em: http://books.openedition.org/pur/46074. Acedido a: 03 ago. 2021.
DIDI-HUBERMAN, Georges. Remontages du temps subi: l'oeil de l'histoire 2. Paris: Minuit, 2010.
DIDI-HUBERMAN, Georges. Imagens apesar de tudo (ed. orig. 2004). Tradução de Vanessa Brito e João Pedro Cachopo. Lisboa: KKYM, 2012.
FRODON, Jean-Michel (recolha), Un langage d’avant Babel: conversation entre Artavazd Pelechian et Jean-Luc Godard. Le Monde, 2 abr. 1992, p. 28.
LOPES, Silvina Rodrigues. Literatura, defesa do atrito (ed. orig. 2003). Lisboa: Língua Morta, 2017.
NANCY, Jean-Luc. Être singulier pluriel. Paris: Galilée, 1996.
NANCY, Jean-Luc. La Communauté désoeuvrée (ed. orig. 1986). Paris: Christian Bourgois, 1999.
NANCY, Jean-Luc. Politique et au-delà: entretiens avec Philip Armstrong et Jason E. Smith. Paris: Galilée, 2011.