Um mundo de coisas mais competentes que nós: abrindo caixas pretas através de uma semiótica material em Vilém Flusser

Autores

DOI:

https://doi.org/10.19132/1807-8583202051.185-202

Palavras-chave:

Vilém Flusser. Semiótica material. Caixa preta. Smartphone

Resumo

Os estudos sobre a construção social da ciência e tecnologia são atentos a caixas pretas e seus funcionamentos. Tem-se sugerido a noção de semiótica material como agregadora da necessidade de recorrência a considerações sobre a materialidade dos objetos evocados para análise. No presente texto, buscamos argumentar sobre como Vilém Flusser pode ser retroativamente considerado um pensador que trata de aspectos da semiótica material e sobre como sua perspectiva crítica pode contribuir com tal vertente. Por fim, para ilustrar nosso esforço, realizamos o que pode ser chamado de uma análise de semiótica material de inspiração flusseriana acerca do aparelho smartphone e a função Stories no aplicativo Instagram. Concluiu-se que uma semiótica material de inspiração flusseriana é aquela que busca examinar como se desenvolve um tipo de pensamento infrahumano nas associações heterogêneas.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Mauricio de Souza Fanfa, Universidade Federal de Santa Maria

Doutorando em Comunicação pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Mestre em Comunicação e Produtor Editorial pela mesma instituição. Membro do Grupo de Pesquisa Comunicação, Identidades e Fronteiras.

Phillipp Dias Gripp

Doutor em Comunicação pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Mestre em Comunicação pela mesma instituição. Jornalista pela Universidade Federal do Pampa. Membro do Grupo de Pesquisa Comunicação, Identidades e Fronteiras.

Referências

AKRICH, M.; LATOUR, B. A summary of a convenient vocabulary for the semiotics of human and nonhuman assemblies. In: BIJKER, W. E.; LAW, J. Shaping technology / building society: studies in Sociotechnical Change. Cambridge: The MIT Press, 1992. p. 259-264.

AKRICH, M. The De-Scription of technical objects. In: BIJKER, W. E.; LAW, J. Shaping technology / building society: studies in sociotechnical change. Cambridge: The MIT Press, 1992. p. 205-224.

COMITÊ GESTOR DA INTERNET NO BRASIL. TIC Domicílios: pesquisa sobre o uso das Tecnologias de Informação e Comunicação nos domicílios brasileiros 2018. São Paulo: Comitê Gestor da Internet no Brasil, 2019.

DIJCK, J. van. The Culture of Connectivity: a critical history of Social Media. Nova York: Oxford University Press, 2013.

FELINTO, E. “Vejo Édipo em minha horta”: natureza e cultura em Flusser e Benjamin. Artefilosofia, Ouro Preto, n. 26, p. 100-111, 2019.

FLUSSER, V. Filosofia da caixa preta: ensaios para uma futura filosofia da fotografia. São Paulo: Annablume, 2013.

FLUSSER, V. O mundo codificado: por uma filosofia do design e da comunicação. São Paulo: Cosac Naify, 2007.

GIBSON, J. J. The ecological approach to visual perception. Nova York: Psychology Press, 2014.

GUMBRECHT, H. U. Produção de Presença: o que o sentido não consegue transmitir. Rio de Janeiro: Contraponto, 2010.

HARAWAY, D. Saberes localizados: a questão da ciência para o feminismo e o privilégio da perspectiva parcial. Cadernos Pagu, Campinas, n. 5, p. 7-41, 1995.

INGOLD, T. Trazendo as coisas de volta à vida: emaranhados criativos num mundo de materiais. Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, v. 18, n. 37, p. 25-44, 2012.

LATOUR, B. Ciência em ação. São Paulo: UNESP, 2000.

LATOUR, B. Reagregando o social: uma introdução à Teoria do Ator-Rede. Salvador: EDUFBA, 2012.

LATOUR, B. Um Prometeu cauteloso? Agitprop, São Paulo, v. 6, n. 58, p. 1-21, 2014.

LAW, J. Actor Network Theory and Material Semiotics. In: TURNER, B. S. The new blackwell companion to Social Theory. Hoboken: John Wiley & Sons, 2009. cap. 7, p. 141-158.

LAW, J. Material Semiotics. Guovdageaidnu, 30th Jan. 2019. Disponível em: https://web.archive.org/web/20200131144737/http://heterogeneities.net/publications/Law2019MaterialSemiotics.pdf. Acesso em: 27 maio 2020.

LAW, J. On the Methods of Long-Distance Control: vessels, navigation and the Portuguese route to India. The Sociological Review, [s. l.], v. 32, n. 1, p. 234-263, 1984.

MANZANARES, R. D.; MATTOS, R. P.; ENGLER, R. C. Vilém Flusser e Bruno Latour: duas abordagens à filosofia do design. In: COLÓQUIO INTERNACIONAL DE DESIGN, 2017, São Paulo. Anais [...]. São Paulo: Blucher, 2017. p. 1-13.

RÜDIGER, F. Contra o conexionismo abstrato: réplica a André Lemos. MATRIZes, São Paulo, v. 9, n. 2, p. 127-142, 2015.

WINNER, L. The Whale and the Reactor: a search for limits in an age of High Technology. Chicago: The University of Chicago Press, 1989.

WINNER, L. Upon opening the black box and finding it empty: social constructivism and the Philosophy of Technology. Science, Technology, & Human Values, [s. l.], v. 18, n. 3, p. 362-378, 1993.

Downloads

Publicado

2020-12-21

Como Citar

Fanfa, M. de S., e P. D. Gripp. “Um Mundo De Coisas Mais Competentes Que nós: Abrindo Caixas Pretas através De Uma semiótica Material Em Vilém Flusser”. Intexto, nº 51, dezembro de 2020, p. 185-02, doi:10.19132/1807-8583202051.185-202.

Edição

Seção

Dossiê Flusser: 100 anos