Realismo Grotesco e Carnalidade: Inspirações Bakhtinianas em Estudos de Games

Autores

  • Tomasz Z. Majkowski Jagiellonian University

DOI:

https://doi.org/10.19132/1807-8583201946.196-214

Palavras-chave:

Carnaval. Grotesco. Carnalidade. Violência em Games. Bakhtin.

Resumo

O objetivo deste artigo é reformular a crítica dos retratos do corpo humano e das interações humanas básicas em jogos digitais tendo em conta a teoria do carnavalesco e do realismo grotesco de Mikhail Bakthtin. De acordo com o estudioso russo, a segunda é a convenção estética dominante da primeira, facilitando a representação da essência do carnaval (entendido como visão de mundo, não como festival). Meu argumento é que várias deformações grotescas do corpo em jogos de videogame mainstream e de orçamento alto, como protagonistas masculinos muito musculosos, mulheres hipersexualizadas e inimigos hediondos ou inumanos, assim como a estranha obsessão em produzir cenários fotorrealistas, se configuram firmemente dentro dessa estética. O mesmo se aplica ao corpo fragmentado, incompleto do protagonista em perspectiva de primeira pessoa. O imaginário é ainda mais reforçado pela maneira comum que games AAA lidam com interação humana, pois tendem a reduzir qualquer contato a várias colisões de corpos, jogando qualquer outra convenção social – mesmo uma simples conversa – para fora do terreno do gameplay ou reduzindo-a drasticamente. A mais importante colisão desse tipo é, claro, o combate frequente de natureza violenta excessiva. As lutas conjuram importantes aspectos do carnavalesco: humilhação ritual e o desmantelamento de hierarquias – representadas pela clara estratificação de antagonistas, variando em força e perigo que apresentam ao protagonista – reduzindo-as a sua carnalidade. Esse modo de interpretação abre mais perspectivas em consideração à questão da importância social de jogos de videogame violentos como possíveis veículos de expressão de oposição a ordens políticas e éticas estáticas.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Tomasz Z. Majkowski, Jagiellonian University

Professor da Faculty of Polish Studies

Referências

ABERCROMBIE, N.; LASH, S.; LONGHURST, B.. Popular representations: Recasting Realism. In: LASH, S.; FRIEDMAN, J. (Ed.). Modernity and Identity. Oxford: Blackwell, 1996.

BAKHTIN, M. A cultura popular na Idade Média e no Renascimento - o contexto de François Rabelais. São Paulo: Hucitec, 1999.

BAKHTIN, M. Discourse in the Novel. In: BAKHTIN, M.. The Dialogic Imagination: Four Essays. Austin: University Of Texas, 1981.

BAKHTIN, M. Forms of Time and Chronotope in the Novel. In: BAKHTIN, M. The Dialogic Imagination: Four Essays. Austin: University Of Texas, 1981.

BAKHTIN, M. Author and Hero in Aesthetic Activity. In: BAKHTIN, M.. Art and Answerability. Austin: University Of Texas, 1990.

BUTLER, M. On Reality and Simulation in an Extra-Moral Sense. In: GÜNZEL, S.; LIEBE, M.; MERSCH, D. (Ed.). Logic and Structure of the Computer Game. Postdam: Postdam University, 2010. p. 212-231.

CAMERON, P. Middle–Earth: Shadow of Mordor review. 2014.

DUTKA, B. Middle Earth: Shadow of Mordor Review. 2014.

FISKE, J. Understanding Popular Culture. [s.l]: Routledge, 1989.

GAGE, Z. Kissing vs. killing: How Shadow of Mordor fails at explaining the difference. 2014.

GREGERSEN, A.; GRODAL, T.. Embodiment and Interface. In: PERRON, B.; WOLLF, M. (Ed.). The video game theory reader 2. New York: Routledge, 2008. p. 65-83.

JUUL, J. Introduction to Game Time. In: WARDRIP-FRUIN, N.; HARRIGAN, P. (Ed.). First Person: New Media as Story, Performance, and Game. Cambridge: Mit, 2004. p. 131-142.

KENNEDY, H. W. Lara Croft: Feminist Icon or Cyberbimbo?: On the Limits of Textual Analysis. The International Journal Of Computer Game Research, [s.l], v. 2, n. 2, dez. 2002.

KLEVJER, R. Dancing with the Modern Grotesque: War, work, play and ritual in the run-and-gun First Person Shooter. 2014.

MACCALLUM-STEWART, E. “Take That, Bitches!”: Refiguring Lara Croft in Feminist Game Narratives. The International Journal Of Computer Game Research, [s.l], v. 14, n. 2, dez. 2014.

MAKJOWSKI, T. Z. Złote Runo: Gra wideo jako doświadczenie interpretacyjne. In: PITRUS, A.. Olbrzym w cieniu. Kraków: Wydawnictwo Uniwersytetu Jagiellońskiego, 2012. p. 177-190.

MORAN, C. Middle–earth: Shadow of Mordor review: a glorious knockout punch. 2014.

Referências Ludográficas

Bioware, Mass Effect (series). Electronic Arts, 2007–2012.

Bungie. Halo. Microsoft Studios, 2001.

Capybara Games. Jim Guthrie’s Superbrothers: Sword and Sorcery, 2011.

Crytek. Crysis. Electronic Arts, 2007.

Epic Games. Gears of War. Microsoft Studios, 2006.

Gearbox Software. Borderlands (series). 2K Games., 2009-2015.

Lionhead Studios. Fable II. Microsoft Games, 2008.

Lonhead Studios. Fable (series). Microsoft Games, 2004-2014.

Midway Games. Mortal Kombat, 1992.

Monolith Productions. Middle–earth: Shadow of Mordor. Warner Bros.

Interactive Entertainment, 2014.

Naughty Dog. Last of Us. Sony Computer Entertainment, 2014.

Platinum Games. Bayonetta. Sega, 2009.

Rebellion Developments. Sniper Elite (series). MC2 France, 2005-2014.

Rockstar. Grand Theft Auto (series). Rockstar Games, 1997-2014.

Team Ico. Shadow of the Colossus. Sony Computer Entertainment, 2005.

Ubisoft. Assassin’s Creed (series). Ubisoft, 2007-2014.

Volition. Saint’s Row (series). THQ; Deep Silver, 2006-2015.

Downloads

Publicado

2019-07-24

Como Citar

Majkowski, T. Z. “Realismo Grotesco E Carnalidade: Inspirações Bakhtinianas Em Estudos De Games”. Intexto, nº 46, julho de 2019, p. 196-14, doi:10.19132/1807-8583201946.196-214.