De onde vem a informação que circula em grupos bolsonaristas no WhatsApp

Autores

DOI:

https://doi.org/10.19132/1807-8583202253.123603

Palavras-chave:

fontes de informação, WhatsApp, Youtube, bolsonarismo

Resumo

O presente artigo tem por objetivo compreender os caminhos informativos acionados em grupos bolsonaristas no WhatsApp em dois níveis. Primeiro, caracterizamos as fontes de informação mobilizadas e o que a priorização de determinados atores informativos pode significar no debate político. Em seguida, realizamos uma análise específica do YouTube como fonte informativa. Nossos resultados apontam um papel minoritário das mídias tradicionais como fontes de informação acionadas. Além disso, identificamos um papel central dos chamados influencers, o que parece apontar para uma valorização de mediações menos institucionalizadas e mais pessoais da informação. Já a análise da interação entre Youtube e WhatsApp revelou que os links do YouTube mais compartilhados em grupos bolsonaristas tendem a: (1) ter um maior número de likes; (2) ser compartilhados no WhatsApp tão logo publicados no YouTube; e (3) ser tirados do ar (seja pelos próprios usuários ou pelas plataformas) algum tempo depois de publicados.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Nina Santos, Universidade Federal da Bahia

Pesquisadora associada do Centre d'Analyse et de Recherche Interdisciplinaires sur les Médias (Université Paris II) e coordenadora acadêmica do projeto Desinformante. Foi pesquisadora visitante no Center of Advanced Internet Research (CAIS - Alemanha, 2020) e no grupo Social Movements in the Global Age, na Université de Louvain-la-Neuve (SMAG - Bélgica, 2018). Sua tese de doutorado, defendida na Université Paris II, foi premiada com o Prix de thèse da instituição e indicada ao Prix de la Chancellerie des Universités de Paris. Autora de Twitter in the 2013 Brazilian Protests: A turning point in the communication environment (Palvrave MacMillan, no prelo).

Viktor Chagas, Universidade Federal Fluminense

É membro associado do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Democracia Digital (INCT.DD). Bolsista de Produtividade em Pesquisa PQ-2 do CNPq. Doutor em História, Política e Bens Culturais pelo Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil da Fundação Getúlio Vargas (Cpdoc-FGV). É líder do grupo de pesquisa coLAB/UFF, coordenador do projeto de extensão #MUSEUdeMEMES, e organizador da coletânea "A Cultura dos Memes: aspectos sociológicos e dimensões políticas de um fenômeno do mundo digital" (Edufba, 2020).

Juliana Marinho, Universidade Federal da Bahia

Foi bolsista de iniciação científica no Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Democracia Digital (INCT.DD) entre 2019 e 2021, onde participou de dois Congressos do Instituto, apresentação de trabalho no Intercom Júnior 2020 e publicação de artigo no e-Legis. Além disso, participou do Projeto HATE da Universidade de Lisboa enquanto codificadora da sessão brasileira.

Referências

BASTOS, Marco; MERCEA, Dan. The Brexit botnet and user-generated hyperpartisan news. Social science computer review, Thousand Oaks, v. 37, n. 1, p. 38-54, 2019.

BASTOS, Marco; WALKER, Shawn; SIMEONE, Michael. The IMPED model: detecting low-quality information in social media. American Behavioral Scientist, Thousand Oaks, v. 65, n. 6, p. 864-883, jan. 2021.

CHADWICK, Andrew. The hybrid media system: politics and power. Oxford: Oxford University Press, 2013.

CHAGAS, Viktor; MODESTO, Michelle; MAGALHÃES, Dandara. O Brasil vai virar Venezuela: medo, memes e enquadramentos emocionais no WhatsApp pró-Bolsonaro. Esferas, Brasília, n. 14, p. 1-17, 2019.

CHAGAS, Viktor. WhatsApp and digital astroturfing: a social network analysis of brazilian political discussion groups of Bolsonaro’s supporters. International Journal of Communication, Los Angeles, v. 16, [S. n.], p. 2431-2455, 2022.

HANSON, Gary; HARIDAKIS, Paul. YouTube users watching and sharing the news: a uses and gratifications approach. Journal of Electronic Publishing, Michigan, v. 11, n. 3, p. 1-12, 2008.

ISAAC, Mike; ROOSE, Kevin. Disinformation spreads on WhatsApp ahead of brazilian election. The New York Times, New York, oct. 19, 2018.

JAKOB, Julia. Supporting digital discourse? The deliberative function of links on Twitter. New Media & Society, London, v. 24, n. 5, p. 1196-1215, nov. 2020.

LEWIS, Rebecca. Alternative influence: broadcasting the reactionary right on YouTube. Data & Society, New York, sept. 18, 2018.

LEWIS, Rebecca. “This Is What the News Won’t Show You”: YouTube creators and the reactionary politics of micro-celebrity. Television & New Media, Thousand Oaks, v. 21, n. 2, p. 201-217, oct. 2019.

MONT’ALVERNE, Camila; MITOZO, Isabele. Muito além da mamadeira erótica: as notícias compartilhadas nas redes de apoio a presidenciáveis em grupos de WhatsApp, nas eleições brasileiras de 2018. In: COMPOLÍTICA, 8., 2019, Brasília. Anais [...]. Brasília: Faculdade de Comunicação, 2019. p. 1-25.

MONT'ALVERNE, Camila; MITOZO, Isabele; BARBOSA, Henrique. WhatsApp e eleições: quais as características das informações disseminadas. Le Monde Diplomatique Brasil, São Paulo, 7 mai. 2019.

PIAIA, Victor; ALVES, Marcelo. Abrindo a caixa preta: análise exploratória da rede bolsonarista no WhatsApp. Intercom: Revista Brasileira de Ciências da Comunicação, São Paulo, v. 43, n. 3, p. 135-154, 2020.

RECUERO, Raquel; SOARES, Felipe; GAGO, Gabriela. Polarization, hyperpartisanship and echo chambers: how the disinformation about COVID-19 circulates on Twitter. SciELO Preprints, São Paulo, p. 1-18, ago. 2020.

RESENDE, Gustavo et al. (Mis)Information dissemination in WhatsApp: gathering, analyzing and countermeasures. In: INTERNATIONAL WORLD WIDE WEB CONFERENCE COMMITTEE, 28., 2019, San Francisco. Anais [...]. San Francisco: ACM Press, 2019. p. 1-11

RUEDIGER, Marco Aurelio (coord.). (Pseudo)ciência e esfera pública: reivindicações científicas sobre Covid-19 no Twitter. Rio de Janeiro: FGV DAPP, 2021.

SANTOS, João Guilherme Bastos dos; et al.. WhatsApp, política mobile e desinformação: a hidra nas eleições presidenciais de 2018. Comunicação & Sociedade, São Bernardo do Campo, v. 41, n. 2, p. 307-334, 2019.

SANTOS, Nina. Fontes de informação nas redes pró e contra o discurso de Bolsonaro sobre o Coronavírus. E-Compós, Brasília, v. 24, p. 1-19, jan./dez. 2021.

SENADO FEDERAL. Pesquisa DataSenado: Redes Sociais, Notícias Falsas e Privacidade de Dados na Internet. DataSenado: Brasília, nov. 2019.

TAUB, Amanda; FISHER, Max. How YouTube misinformation resolved a WhatsApp mystery in Brazil. The New York Times, New York, aug. 15, 2019.

TSANG, Stephanie Jean. Issue stance and perceived journalistic motives explain divergent audience perceptions of fake news. Journalism, Thousand Oaks, v. 23, n. 4, p. 823-840, 2020.

VAN AELST, Peter; et al.. Political communication in a high-choice media environment: a challenge for democracy? Annals of the International Communication Association, Cape Town, v. 41, n. 1, p. 3-27, 2017.

VASCONCELOS, Marisa; et al. Analyzing YouTube videos shared on Whatsapp in the early COVID-19 crisis. Education, Oxfordshire, v. 6, n. 1, p. 25-28, 2020.

VERMEER, Susan; et al. Online news user journeys: the role of social media, news websites, and topics. Digital Journalism, Oxfordshire, v. 8, n. 9, p. 1114-1141, 2020.

WARDLE, Claire. Information disorder: toward an interdisciplinary framework for research and policymaking. Council of Europe: Strasbourg Cedex, 2017.

Downloads

Publicado

2022-11-07

Como Citar

Santos, N., V. Chagas, e J. Marinho. “De Onde Vem a informação Que Circula Em Grupos Bolsonaristas No WhatsApp”. Intexto, nº 53, novembro de 2022, p. 123603, doi:10.19132/1807-8583202253.123603.

Edição

Seção

Artigos