O desmonte da máquina-cinema: Pedro Costa e a estética do residual
DOI:
https://doi.org/10.19132/1807-8583202152.109802Palavras-chave:
Dessubjetivação, Estética do residualResumo
Ao termino de Ossos (filme de 1997), rodado nas Fontainhas, gueto lisboeta de cabo-verdianos, Pedro Costa percebe-se afetado por suas experiências no bairro e vê suas afetações não se concretizarem em suas imagens. Entre Costa e o fenômeno “Fontainhas” havia a máquina-cinema: um poder maquínico que desregula corpos e fenômenos e os recompõem num regime de imagens incapaz de dar forma visual às realidades residuais. Segundo pesquisadores que dialogam com a teoria das imagens – Jean-Louis Comolli, Gilles Deleuze, Giorgio Agamben, Vilém Flusser, entre outros – as tecnologias de poder, e aqui ressaltamos os dispositivos midiático-imagéticos, administram a produção simbólica de uma realidade determinada, e têm por estratégia produzir subjetividades subservientes (ou dessubjetivações) em proveito de um determinado projeto político. Apostamos que Costa, sobretudo em Juventude em marcha (filme de 2006), ao estabelecer um método político-estético para um subversivo regime de imagens, sua estética do residual, agenciará uma série de estratégias para efetuar um desmonte – ao menos uma remontagem – da máquina-cinema.
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