Rede liderada pela UFRGS desenvolve pesquisa sobre os impactos sociais da Covid-19

2020-06-22

Rede COVID-19 Humanidades, liderada pela UFRGS em parceria com a Fiocruz, o INCT Brasil Plural-UFSC, a Unicamp e a UnB, desenvolve pesquisa sobre os impactos sociais da pandemia sobre os profissionais de saúde e a população em situação de isolamento. O projeto, intitulado A COVID-19 no Brasil: Análise e respostas aos impactos sociais da pandemia entre profissionais de saúde e população em isolamento, é coordenado pelo Prof. Jean Segata, do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da UFRGS e pela Profa. Denise Nacif Pimenta, da Fiocruz-Minas. Ele responde a uma encomenda feita pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, por meio da sua Coordenação-Geral de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas. A pesquisa visa subsidiar políticas públicas e ações para o enfrentamento da Covid-19, considerando as suas implicações sociais, históricas e culturais. Estão incluídos tópicos sobre interseccionalidade, sofrimento social, precarização do trabalho, desigualdade e injustiça, além de um inventário de sentidos e memórias da pandemia.

Conforme explica Segata, “os processos de saúde e de doença são experiências complexas. Pandemia, por exemplo, é um termo da epidemiologia que descreve uma irrupção infecciosa em escala potencialmente global. Contudo, escalas globais não significam universalidade da experiência da doença, tampouco de seus efeitos. Há materialidades, práticas e sentidos locais que performam esses eventos globais. Apesar da pandemia Covid-19 ser um evento em escala global, ela se realiza de maneira diversa, múltipla, a partir da singularidade de infraestruturas, ambientes, práticas, sentidos, relações e hábitos de vida particulares. Ao considerarmos conhecimentos e formas culturais localizadas, religiosidades, etnicidade, gênero, desigualdades econômicas ou relações de trabalho, temos condições de compreender os efeitos da a pandemia e oferecer avaliações e respostas mais fidedignas às realidades distintas onde ela ocorre. Estas questões abrem novas frentes em ciências humanas e sociais, uma vez que o olhar das ciências sociais e humanas às crises sanitárias não tem o seu enfoque dirigido exatamente aos mecanismos técnicos que os constituem, mas para as relações e transformações que provocam nas sociedades. Em outros termos, quando tratamos de um evento como a pandemia da Covid-19, é preciso que consideremos que os seus impactos não são homogêneos quando situados em contextos específicos, tão logo, as respostas à sua mitigação também não podem ser - razão pela qual pesquisas desta natureza, na área de Ciências Humanas e Sociais, são tão importantes”.

O projeto terá a duração de 24 meses com trabalho de campo em 11 Estados do Brasil, em todas as regiões. A pesquisa visa subsidiar políticas públicas e ações para o enfrentamento da Covid-19, considerando as suas implicações sociais, históricas e culturais.Os recursos para a sua execução, no valor de R$ R$ 2 milhões, são provenientes do FNDCT e serão repassados por meio de convênio entre a UFRGS e a FINEP.

Com informações do IFCH/UFRGS.