FIGURAÇÕES DO PERDÃO EM DESONRA, DE J.M. COETZEE

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22456/2594-8962.117217

Resumo

O presente artigo tem por objetivo estabelecer as diferentes figurações do perdão em Desonra (2000), romance escrito por J. M. Coetzee e inserido no contexto do pós-apartheid sul-africano. Na obra, os negros, oprimidos pelo regime segregatório do apartheid e tendo suas ações guiadas por um senso de vingança histórica, punem a personagem branca, Lucy, por meio da violência. Lucy, por outro lado, encarna em si a figura do perdão, sacrificando o próprio corpo em nome de uma possível reconciliação. Para abordar estes fenômenos, primeiramente deve-se entender o perdão como uma faculdade que possibilita a criação de algo novo, ao contrário da vingança, que apenas repete uma ação que se prolonga indefinidamente. Posteriormente, problematiza-se o projeto reconciliatório da África do Sul, demonstrando como o perdão condicionado em dispositivo jurídico e estabelecido em nível institucional pela Comissão de Verdade e Reconciliação se distancia da ideia de um perdão transcendental, este que excede toda troca e que só se realiza no plano individual. O romance, assim, demonstra que a tentativa de reconciliação entre os diferentes povos da África do Sul, apesar de apresentar inegáveis aspectos positivos, não se mostrou suficiente para reconstruir uma nação permeada pela violência estrutural.

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Biografia do Autor

João Francisco Justino Lopes, Universidade Federal de Juiz de Fora

Doutorando em Estudos Literários pela UFJF.

Anderson Bastos Martins, Universidade Federal de Juiz de Fora

Doutor em Literatura Comparada pela UFMG (2010) e Professor de Língua e Literatura Inglesa no Departamento de Letras Estrangeiras Modernas da UFJF.

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Publicado

2021-12-20

Como Citar

Lopes, J. F. J., & Bastos Martins, A. (2021). FIGURAÇÕES DO PERDÃO EM DESONRA, DE J.M. COETZEE. Revista Conexão Letras, 16(26). https://doi.org/10.22456/2594-8962.117217