Trabalhadores, escravidão e Islã: resistência e conexões no norte de Moçambique entre o final do século XIX e início do XX.

Autores

  • Regiane Augusto de Mattos Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio)

DOI:

https://doi.org/10.22456/1983-201X.87656

Palavras-chave:

Moçambique, resistência, trabalhadores africanos, escravidão, Islã

Resumo

No final do século XIX, chefes locais e parte da população de Angoche, Sangage, Sancul e Quitangonha, dos grupos macua-imbamela e namarrais organizaram uma série de ações em resposta às interferências da política colonialista portuguesa no norte de Moçambique. Essa coligação será neste artigo o ponto de partida para analisar as experiências e estratégias de resistência das sociedades do norte de Moçambique diante das formas de exploração do trabalho num momento caracterizado por novas relações de poder no continente africano. É intuito também refletir como o Islã, como um meio de inserção social, se configurou um elemento de mobilização para essa coligação de resistência. Dessa maneira, pretende-se uma abordagem mais matizada da resistência, ressaltando as dinâmicas das relações entre os diferentes agentes históricos presentes no norte de Moçambique entre o final do século XIX e o início do XX.

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Biografia do Autor

Regiane Augusto de Mattos, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio)

Professora de HIstória da África da PUC-Rio

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Publicado

2019-11-13

Como Citar

de Mattos, R. A. (2019). Trabalhadores, escravidão e Islã: resistência e conexões no norte de Moçambique entre o final do século XIX e início do XX. Anos 90, 26, 1–14. https://doi.org/10.22456/1983-201X.87656

Edição

Seção

Artigos: Resistências africanas: novos problemas e debates