O lugar do patrimônio na operação historiográfica e o lugar da história no campo do patrimônio

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22456/1983-201X.83688

Palavras-chave:

Patrimônio, Escrita da história, Museus, Campo

Resumo

Esse artigo propõe algumas reflexões sobre o lugar do patrimônio na operação historiográfica e o lugar da história, como escrita e ação, no campo do patrimônio, a partir da divisão do texto em três momentos. Inicialmente são feitos apontamentos sobre a imbricação da história e dos historiadores com as práticas patrimoniais no Brasil, com indagações sobre afastamentos e aproximações entre esses campos. Em um segundo momento são apresentados os resultados de levantamento da produção acadêmica brasileira sobre o patrimônio, entre os anos de 1999 e 2011, especialmente no âmbito dos estudos históricos em nível de pós-graduação. Finalmente, é problematizado o conceito de campo do patrimônio e campo político para pensar os agentes envolvidos com a questão. Conclui que a história e os historiadores estiveram envolvidos com as questões do patrimônio, desde o surgimento dos primeiros museus brasileiros, no século XIX, quando esteve em voga uma determinada escrita da história associada aos Institutos Históricos e Geográficos e que, em décadas recentes, o patrimônio foi retomado pela história acadêmica como objeto de investigação e ação política. 

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Biografia do Autor

Zita Rosane Possamai, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Professora Associada da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, atuando no Curso de Museologia/FABICO e no Programa de Pós-Graduação em Educação/FACED.

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Publicado

2018-12-11

Como Citar

Possamai, Z. R. (2018). O lugar do patrimônio na operação historiográfica e o lugar da história no campo do patrimônio. Anos 90, 25(48), 23–49. https://doi.org/10.22456/1983-201X.83688

Edição

Seção

Dossiê: História e Patrimônio: questões teóricas e metodológicas