Quem somos nós, loucos!? Um ensaio sobre limites e possibilidades da reconstituição histórica de trajetórias de vida de pessoas internas como loucas

Autores

  • Yonissa Marmitt Wadi

DOI:

https://doi.org/10.22456/1983-201X.6411

Palavras-chave:

Sujeito louco, Trajetórias de vida, Pessoas comuns

Resumo

Este texto apresenta uma reflexão sobre os limites e possibilidades da reconstituição histórica de trajetórias de vida de pessoas comuns, buscando ampliar a compreensão histórica sobre a constituição do sujeito louco. A base da reflexão é a experiência de pesquisa que resultou em minha tese de doutoramento Louca pela vida, a história de Pierina, uma mulher que foi internada como louca, depois de ser indiciada em processo criminal por ter afogado sua filha pequena. A tese resultou de um exercício de interpretação crítica sobre as possibilidades que qualquer texto e qualquer vida apresentam para seu leitor. Exponho assim, as fontes e a problemática da pesquisa tal como ela foi se constituindo, na troca constante entre referências teóricas e as próprias fontes.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ALBERTI, Verena. Um drama em gente: trajetórias e projetos de Pessoa e seus heterônimos. In: SCHMIDT, Benito (org.). O biográfico: perspectivas interdisciplinares. Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2000. p.179-241.

CUNHA, Maria C. P. O espelho do mundo: Juquery, a história de um asilo. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1986.

______. Loucura, gênero feminino. Revista Brasileira de História, v.9, n.18, p.121-144, 1989.

DELEUZE, Gilles. Um retrato de Foucault. In: ______. Conversações (1972 – 1990). São Paulo: Ed. 34, 1998a. p.127-147.

______. A vida como obra de arte. In: Conversações (1972 – 1990). São Paulo: Ed. 34, 1998b. p.118-126.

DIAS, Maria Odila L. S. Teoria e método dos estudos feministas: perspectiva histórica e hermenêutica do cotidiano. In: COSTA, Albertina O.; BRUSCHINI, Cristina (org.). Uma questão de gênero. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos; São Paulo: Fundação Carlos Chagas, 1992. p. 39-53.

______. Novas subjetividades na pesquisa histórica feminista: uma hermenêutica das diferenças. Revista Estudos Feministas, Rio de Janeiro, nº especial, p. 373-382, 2º sem. 1994.

DUARTE, Luiz F. D. Investigação antropológica sobre doença, sofrimento e perturbação: uma introdução. In: DUARTE, Luiz Fernando D.; LEAL, Ondina F. (org.). Doença, sofrimento, perturbação: perspectivas etnográficas. Rio de Janeiro: Fiocruz, 1998. p. 9-27.

FARGE, Arlete. Marginais. In: BURGUIÈRE, André (org.). Dicionário das Ciências Históricas. Rio de Janeiro: Imago, 1993. p. 514-15.

FOUCAULT, Michel. A história da loucura na idade clássica. 2.ed. São Paulo: Perspectiva, 1989.

______. História da sexualidade II – O uso dos prazeres. 6.ed. Rio de Janeiro: Graal, 1990.

______. A vida dos homens infames. In: ______. O que é um autor? Lisboa: Veja, 1992. p. 89-128.

GARCIA, Carla C. Ovelhas na névoa: um estudo sobre as mulheres e a loucura. Rio de Janeiro: Record/ Rosa dos Tempos, 1995.

GINZBURG, Carlo. O queijo e os vermes. O cotidiano e as idéias de um moleiro perseguido pela Inquisição. São Paulo: Companhia das Letras, 1987.

GOWING, Laura. Secret Births and Infanticide in Seventeenth-Century England. Past & Present, Oxford, n. 156, p. 87 – 115, aug. 1997.

GREER, Germaine. Sexo e destino: a política da fertilidade humana. Rio de Janeiro: Rocco, 1987.

HITA, Maria G. Gênero, ação e sistema: a reinvenção dos sujeitos. Lua Nova, São Paulo, n. 43, p. 109-130, 1998.

LANCETTI, Antonio. Loucura Metódica. Saúde e loucura, São Paulo, n.2, p.139-147, 1990.

LATOUR, Bruno. Jamais fomos modernos. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1994.

PEDRO, Joana. Práticas que resistem através do tempo: aborto, infanticídio e abandono de crianças. Fronteiras - Revista Catarinense de História, Florianópolis, n.7, p. 04-28, 1999a.

PELBART, Peter P. Os loucos, trinta anos depois. Novos Estudos CEBRAP, São Paulo, n.42, p. 171-176, jul. 1995.

______. Manicômio mental: a outra face da clausura. Saúde e loucura, São Paulo, n. 2, p.131-138, 1990.

ROLNIK, Suely. Psicologia: Subjetividade, Ética e Cultura. Saúde e Loucura, São Paulo, n. 6, p.13-21, 1997.

SCOTT, Joan. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educação & Realidade, Porto Alegre, v.15, n.2, p.5-22, jul/dez. 1990.

______. História das mulheres. In: BURKE, Peter (org.). A escrita da história: novas perspectivas. São Paulo: Editora da Universidade Estadual Paulista, 1992. p.63-95.

______. A invisibilidade da experiência. Projeto História, São Paulo, n.16, p. 297-325, fev.1998.

SHOWALTER, Elaine. The female maladie. Londres: Penguin Books, 1985.

VIANNA, Hermano. Robert Musil: as qualidades do homem moderno. In: VELHO, Gilberto (org.). Antropologia e literatura: a questão da modernidade. Rio de Janeiro: Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social / Museu Nacional / UFRJ, 1988. p. 57-84 (Comunicação n. 12).

WADI, Yonissa M. Palácio para guardar doidos: uma história das lutas pela construção do hospital de alienados e da psiquiatria no Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Ed. da Universidade / UFRGS, 2002a.

______. Louca pela vida: a história de Pierina. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2002b. (Tese de Doutorado em História).

Downloads

Publicado

2008-10-17

Como Citar

Wadi, Y. M. (2008). Quem somos nós, loucos!? Um ensaio sobre limites e possibilidades da reconstituição histórica de trajetórias de vida de pessoas internas como loucas. Anos 90, 13(23), 287–319. https://doi.org/10.22456/1983-201X.6411

Edição

Seção

Ex-alunos - Repensando Itinerários