Arte e resistência micropolítica: o museu-clínica como exercício de hospitalidade

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22456/2179-8001.110119

Palavras-chave:

Arte. Museu. Clínica. Hospitalidade. Resistência.

Resumo

Em torno da ideia de hospitalidade, o ensaio investiga a possibilidade de políticas no campo da arte que se desloquem dos hábitos acomodados de assimilação de diferenças em direção a dinâmicas mais atentas às vidas que pulsam dentro e fora das instituições artísticas, como forma de resistência à cultura de hostilidade e repressão. Este deslocamento é pensado com a ajuda da documentação do Congresso de Psicodrama realizado no Museu de Arte de São Paulo, em 1970, um evento que esboçou o museu-clínica, sugerindo a instauração de processos simultaneamente clínicos, políticos, éticos e estéticos e de análise institucional. 

 

Abstract
From the idea of hospitality, the essay investigates the possibility of politics in the art field that could move from the accommodated habits of assimilation towards dynamics more attentive to the lives that pulsate inside and outside art institutions, as a form of resistance to the culture of hostility and repression. This movement is thought through the documentation of the Psychodrama Congress held at the São Paulo Art Museum, in 1970, an event that outlined the museum-clinic, suggesting the establishment of processes of institutional analysis and  that involves, simultaneously, a clinical, political, ethical, and aesthetic dimension.

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Biografia do Autor

Luiza Proença, PUC-SP

Pós-graduanda em Psicologia Clínica pelo Núcleo de Estudos da Subjetividade da PUC-SP, com bolsa CNPq.

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Arquivos adicionais

Publicado

2020-12-23

Como Citar

Proença, L. (2020). Arte e resistência micropolítica: o museu-clínica como exercício de hospitalidade. PORTO ARTE: Revista De Artes Visuais (Qualis A2), 25(44). https://doi.org/10.22456/2179-8001.110119

Edição

Seção

DOSSIÊ: Instinto e instituição: desbordes institucionais entre a estética e a clínica