Relações entre Psicologia e Pobreza: propostas de atuação decolonial
DOI:
https://doi.org/10.22456/2238-152X.116537Palavras-chave:
Psicologia, Colonialidade, Decolonialidade, PobrezaResumo
O desenvolvimento das desigualdades sociais, raciais e de gênero no Brasil tem suas origens no processo de colonização. Igualmente, a origem eurocêntrica, cientificista e colonial atravessa a Psicologia a partir da colonialidade. Utilizando fundamentos da Psicologia da Libertação e dos estudos decoloniais, tem-se como objetivo analisar a atuação com as comunidades em situação de pobreza como estratégia de decolonização da Psicologia brasileira. Resgatar a memória histórica, potencializar as ações de resistências coletivas interseccionais e enfrentar as desigualdades coloniais são estratégias apontadas para transformar de forma decolonial esse modo de fazer da Psicologia. O profissional deve questionar seus marcadores de privilégio e de opressão baseados em raça, classe, gênero e território. A atuação precisa utilizar metodologias participativas, potencializando as estratégias de resistências históricas das populações negras e indígenas e escolhendo as comunidades em situação de pobreza como campo de ação.
Downloads
Referências
Accorssi, A. & Scarparo, H. B. K. (2019). Social representations of poverty. In: In: Ximenes, V. M., Moura Jr, J., Cidade, E. C., Nepomuceno, B. B., (Org.). Psychosocial Implications of Poverty: Diversities and resistances (pp. 17-36). 1.ed. Cham Switzerland: Springer. https://doi.org/10.1007/978-3-030-24292-3_2
Adams, G., Dobles, I., Gómez, L. H., Kurtiş, T. & Molina, L. E. (2015). Decolonizing Psychological Science: Introduction to the special thematic section. Journal of Social and Political Psychology, 3(1), 213-238. doi: https://doi.org/10.5964/jspp.v3i1.564
Akotirene, C. (2019). Interseccionalidade. São Paulo, Brasil: Pólen Produção Editorial.
Almeida, S. L. (2018). O que é racismo estrutural? Belo Horizonte, Brasil: Letramento.
Assis. W. F. T. (2014). Do colonialismo à colonialidade: expropriação territorial na periferia do capitalismo. Caderno CRH, 27(72), 613-627. doi: https://doi.org/10.1590/S0103-49792014000300011.
Bernardino-Costa, J. (2015). Decolonialidade e interseccionalidade emancipadora: a organização política das trabalhadoras domésticas no Brasil. Revista Sociedade e Estado, 30(1), 147-163. doi: https://doi.org/10.1590/S0102-69922015000100009
Bulhan, H. A. (2015). Stages of colonialism in Africa: From occupation of land to occupation of being. Journal of Social and Political Psychology, 3(1), 239–256. doi: https://doi.org/10.5964/jspp.v3i1.143
Castro, R. D. & Mayorga, C. (2019). Decolonialidade e pesquisas narrativas: Contribuições para a Psicologia Comunitária. Revista Pesquisas e Práticas Psicossociais, 14 (3), 1-18. Recuperado de http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1809-89082019000300011
Collins, P. H. & Bilge, S. (2016). Intersectionality. Cambridge: Polity Press.
Comim, F. (2005). Capabilities and happiness: Potential synergies. Review of Social Economy, 63(2), 161-176. doi: https://doi.org/10.1080/00346760500129871
Crenshaw, K. W. (1989). Demarginalizing the intersection of race and sex: A Black feminist critique of antidiscrimination doctrine, feminist theory and antiracist politics. University of Chicago Legal Forum, 140, 139-167.
Dantas, C. M. B. (2007). Psicologia e pobreza no Brasil: Limites e perspectivas da produção de conhecimento e atuação do psicólogo. Dissertação (Mestrado em Psicologia) Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Ciências Humanas: Letras e Artes. Recuperado de https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/17572 .
Dutta, U., Azad, A. K. & Hussain, S. M. (2021). Counter Storytelling as Epistemic Justice: Decolonial Community‐based Praxis from the Global South. American Journal of Community Psychology. https://doi.org/10.1002/ajcp.12545
Evans, S. D., Duckett, P., Lawthom, R. & Kivell, N. (2017). Positioning the critical in community psychology. In: M. A. Bond, I. Serrano-García, C. B. Keys & M. Shinn (Eds.). APA handbook of community psychology: Theoretical foundations, core concepts, and emerging challenges (pp. 107–127). American Psychological Association. doi: https://doi.org/10.1037/14953-005
Faria, L. L. & Martins, C. P. (2020). Fronteiras coloniais, Psicologia da Libertação e a desobediência indígena. Psicologia para América Latina, (33), 33-42. Recuperado em 20 de outubro de 2021, de http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1870-350X2020000100005&lng=pt&tlng=pt
Fernández, J. S., Sonn, C. C., Carolissen, R. & Stevens, G. (2021). Roots and routes toward decoloniality within and outside psychology praxis. Review of General Psychology. doi: https://doi.org/10.1177/10892680211002437
Ferreira, M. C. (2010). A Psicologia Social contemporânea: Principais tendências e perspectivas nacionais e internacionais. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 26(SPE), 51-64. doi: https://doi.org/10.1590/S0102-37722010000500005
Freire, P. (1979). Conscientização, teoria e prática da libertação: Uma introdução ao pensamento de Paulo Freire. Cortez & Morales.
Góis, C. W. L. (2012). Psicologia clínico-comunitária. Fortaleza, Brasil: Banco do Nordeste.
Gonzalez, L. (2020). Por um feminismo afro-latino-americano. In: Hollanda, H. B. (Org). Pensamento feminista hoje: perspectivas decoloniais (pp. 38–51). Rio de Janeiro, Brasil: Bazar do Tempo.
Grosfoguel, R. (2016). A estrutura do conhecimento nas universidades ocidentalizadas: racismo/sexismo epistêmico e os quatro genocídios/epistemicídios do longo século XVI. Revista Sociedade e Estado, 31 (1), 25-49. doi: https://doi.org/10.1590/S0102-69922016000100003
Heckert, A. L. C. (2014). Os exercícios de resistência no contemporâneo: Entre fabulações e contágios. Psicologia em Estudo, 19 (3). 469-479.
Lacerda, F. (2015). Insurgency, theoretical decolonization and social decolonization: Lessons from Cuban Psychology. Journal of Social and Political Psychology, 3 (1), 298-323. doi: https://doi.org/10.5964/jspp.v3i1.154
Lane, S. T. (1996). Histórico e fundamentos da psicologia comunitária no Brasil. In: Campos, F. R. H., Lane, S. T. M., Sawaia, B. B., Freitas, M. D. F. Q., Guareschi, P. & Nasciutti, J. C. R. Psicologia social comunitária: Da solidariedade à autonomia (pp. 17-34). Petrópolis, Brasil: Vozes.
Lessa, S. E. D. C. (2011). A formação via PNQ e inserção produtiva dos CRAS: a reposição empobrecida e emergencial da qualificação de trabalhadores. Serviço Social & Sociedade, 284-313.
Lugones, M. (2008). Colonialidad y Género. Tabula Rasa, (9), 73-102. Recuperado de http://www.scielo.org.co/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1794-24892008000200006&lng=en&tlng=.
Mayorga, C. (2014). Some contributions of feminism to community social psychology. Athenea Digital, 14 (1), 221-236. doi: https://doi.org/10.5565/rev/athenead/v14n1.1089
Martín-Baró, I. (1996). O papel do psicólogo. Estudos de Psicologia (Natal), 2(1), 7-27. doi: https://doi.org/10.1590/S1413-294X1997000100002
Martín-Baró, I. (2011). Desafios e perspectivas da Psicologia Latino-Americana. In: Guzzo, R. S. L. & Lacerda J. F. Psicologia Social para a América Latina: o resgate da Psicologia da Libertação (pp. 199-220), 2 ed. Campinas, Brasil: Alínea.
Mignolo, W. D. (2008). La opción de-colonial: Desprendimiento y apertura. Un manifiesto y un caso. Tabula Rasa, 8, 243-281. doi: https://doi.org/10.25058/20112742.331
Moane, G. (2003). Bridging the personal and the political: Practices for a liberation psychology. American Journal of Community Psychology, 31 (1/2), 91-101. doi: https://doi.org/10.1023/A:1023026704576
Moraes, E. L. (2020) Interseccionalidade: um estudo sobre a resistência das mulheres negras à opressão de gênero, de raça e de classe. Letras & Letras, 36(1), 261-276. doi: https://doi.org/10.14393/LL63-v36n1-2020-14
Moura Jr, J., Barbosa, V. N. M., Sarriera, J. C., Segundo, D. S. A., & Lima, A. A. S (2020). Práticas interseccionais de discriminação contra mulheres negras: Um estudo sobre vergonha e humilhação. Revista Psicologia Política, 20(48), 262-278. Recuperado de http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1519-549X2020000200002&lng=pt&tlng=pt.
Moura Jr, J., & Sarriera, J. (2020). Vergonha e humilhação relacionadas com a estigmatização da pobreza: Um estudo qualitativo. Revista de Psicologia da IMED, 12 (2), 108-125. doi: https://doi.org/10.18256/2175-5027.2020.v12i2.3600
Nepomuceno, B. B. & Ximenes, V. M. (2019). Apoio social e saúde mental em mulheres em contextos de pobreza no Brasil. Revista Interamericana De Psicología/Interamerican Journal of Psychology, 53 (2), 208–218. doi: https://doi.org/10.30849/rip/ijp.v53i2.1059
Pitombeira, D. F.; Melo, J. F.; Moura, J. F.; e Bomfim, Z. Á. C. (2019). Reflexões decoloniais sobre as relações entre pobreza e racismo no contexto brasileiro. Capoeira – Revista de Humanidades e Letras, 5(2), 197-215. Recuperado de https://www.capoeirahumanidadeseletras.com.br/ojs-2.4.5/index.php/capoeira/article/view/215
Phillips, N. L., Adams, G. & Salter, P. S. (2015). Beyond adaptation: Decolonizing approaches to coping with oppression. PsychOpen GOLD. http://dx.doi.org/10.23668/psycharchives.1786
Pires, J. M. & Costa, I. D. N. (2000). O capital escravista-mercantil: Caracterização teórica e causas históricas de sua superação. Estudos Avançados, 14 (38), 87-120. Recuperado de https://www.revistas.usp.br/eav/article/view/9506
Quijano, A. (1992). Colonialidad y modernidad/racionalidad. Perú indígena, 13 (29), 11-20.
Quijano, A. (2005). Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina. In: Lander, Edgardo (Org.). A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais – perspectivas latino-americanas (pp. 38–51). Ciudad Autónoma de Buenos Aires, Argentina: Clacso.
Rodrigues, J. S. & Barros, J. P. P. (2019). Familiares de Jovens Assassinados: uma revisão sistemática de literatura. Revista de Psicologia da UFC, v. 10, p. 177. Recuperado de http://www.periodicos.ufc.br/psicologiaufc/article/view/32996
Saffioti, H. I. B. (2013). A mulher na sociedade de classes: mito e realidade. Ed. 3. São Paulo, Brasil: Expressão Popular.
Schwarcz, L. M. (2019). Sobre o autoritarismo brasileiro. São Paulo, Brasil: Companhia das Letras.
Santos, B. D. S. (2019). O fim do império cognitivo: afirmação das epistemologias do Sul. Belo Horizonte, Brasil: Autêntica.
Sen, A. (2010). Desenvolvimento como liberdade. São Paulo: Companhia das Letras.
Siqueira, M. P. S. (2009). Pobreza no Brasil Colonial: Representação social e expressões da desigualdade na sociedade brasileira. Revista Eletrônica do Arquivo Público do Estado de São Paulo, 34, 05-15. Recuperado de http://www.historica.arquivoestado.sp.gov.br/materias/anteriores/edicao34/materia01/texto01.pdf
Suzuki, L. A., O'Shaughnessy, T. A., Roysircar, G., Ponterotto, J. G. & Carter, R. T. (2019). Counseling psychology and the amelioration of oppression: Translating our knowledge into action. The Counseling Psychologist, 47(6), 826–872. https://doi.org/10.1177/0011000019888763
Vasconcelos, M. E. & Oliveira, M. F. (2011). O combate à ociosidade e amarginalização dos libertos no pós-emancipação. CES Revista, 25, 147-148. Recuperado de https://seer.cesjf.br/index.php/cesRevista/article/view/645
Veiga-Neto, A. (2011) Incluir para excluir. In: Larrosa, J. & Skliar, C. Habitantes de Babel: políticas e poéticas da diferença. Belo Horizonte, Brasil: Autêntica.
Vilela, A. M. J. (2012). História da Psicologia no Brasil: Uma narrativa por meio de seu ensino. Psicologia: Ciência e Profissão, 32 (SPE), 28-43. Recuperado de https://doi.org/10.1590/S1414-98932012000500004
Watkins, M. (2015). Psychosocial Accompaniment. Journal of Social and Political Psychology, 3(1), 324–341. doi: https://doi.org/10.5964/jspp.v3i1.103
Weis, L. & Fine, M. (2012). Critical bifocality and circuits of privilege: Expanding critical ethnography theory and design. Harvard Educational Review, 82(2), 173-201. doi: https://doi.org/10.17763/haer.82.2.v1jx34n441532242
Ximenes, V. M., Moura Júnior, J. F., Cruz, J. M., Silva, L. B. D., & Sarriera, J. C. (2016). Pobreza multidimensional e seus aspectos subjetivos em contextos rurais e urbanos nordestinos. Estudos de Psicologia (Online), 21, 146- 156. doi: https://doi.org/10.5935/1678-4669.20160015
Yamamoto, O. H. & Oliveira, I. F. D. (2010). Política Social e Psicologia: Uma trajetória de 25 anos. Psicologia: teoria e pesquisa, 26(SPE), 9-24. doi: https://doi.org/10.1590/S0102-37722010000500002
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
IMPORTANTE: a carta de declaração de direitos deverá ser submetida como documento suplementar.