Variações na composição isotópica de oxigênio na neve superficial ao longo de uma travessia antártica
DOI:
https://doi.org/10.22456/1807-9806.78122Palavras-chave:
isótopos de oxigênio, neve superficial, Antártica.Resumo
Este trabalho apresenta a variabilidade das razões de isótopos de oxigênio na neve superficial ao longo de uma travessia do manto de gelo da Antártida ocidental realizada no verão austral de 2004/2005 por uma expedição conjunta entre pesquisadores chilenos e brasileiros. A travessia foi realizada entre a estação chilena Tenente Parodi, em Patriot Hills (80°18’S, 081°21’W) e o Polo Sul geográfico, cobrindo uma distância de mais de 1.205 km. Foram coletadas amostras de neve superficial (entre 0,05 a 0,2 m de profundidade) aproximadamente a cada 10 km (total de 104 amostras). A temperatura média anual foi obtida em seis pontos espaçados aproximadamente 220 km entre si, a uma profundidade entre 10 e 15 m. A razão isotópica do oxigênio (δ 18O) de cada amostra foi determinada por espectrometria de massas com fonte de gás (GSMS - Gas Source Mass Spectrometry) com precisão de 0,05 ‰. Os resultados indicam forte correlação entre δ 18O e temperatura local, latitude, altitude e distância da costa, sendo a primeira positiva e as outras negativas. Valores isotópicos relativamente altos são encontrados entre 87°30’S e 86°44’S, resultantes de processos pós-deposicionais devido à formação de glaze ice (esmalte de gelo) identificadas em campo. O gradiente δ18O/Elevação encontrado foi de -0,08‰ /100 m e o gradiente δ 18O/Temperatura de 0,743 ‰/°C. Com exceção das anomalias citadas, os resultados são concordantes com os encontrados por outros pesquisadores no manto de gelo antártico.