Composição isotópica de Sr, C e O e geoquímica de ETR das rochas carbonáticas do Bloco São Gabriel, Rio Grande do Sul

Autores

  • Rossana V. GOULART Universidade Federal do Rio Grande do Sul
  • Marcus V. D. REMUS Universidade Federal do Rio Grande do Sul
  • Rafael Souza dos REIS Universidade Federal do Rio Grande do Sul

DOI:

https://doi.org/10.22456/1807-9806.40831

Palavras-chave:

Mármore, Bloco São Gabriel, isótopos de Sr, 13C e 18O, composições isotópicas primárias, Neoproterozóico, evento deposicional,

Resumo

O Bloco São Gabriel, localizado na zona central do embasamento cristalino do Rio Grande Sul, apresenta extensos registros do Neoproterozóico do Ciclo Brasiliano, contidos em complexos ígneos e metamórficos. Esses complexos também guardam registros sedimentares, com sequências carbonáticas metamorfisadas, cuja evolução tectônica é pouco conhecida. Por essa razão, buscou-se nesse trabalho investigar a origem e a evolução das rochas carbonáticas ocorrentes no Bloco São Gabriel por meio da caracterização geoquímica de elementos maiores, traço, ETR e isótopos de Sr, C e O. Para tanto, foram escolhidas como áreas de pesquisa no Bloco São Gabriel a Formação Passo Feio, o Complexo Cambaí e o Complexo Coxilha do Batovi. As rochas carbonáticas da Formação Passo Feio compreendem dolomita mármores impuros, as amostras do Complexo Cambaí, calcita mármores impuros e os litotipos do Complexo Coxilha do Batovi, mármores calcíticos e calcissilicáticos, alguns ricos em grafita e com percentuais de até 10% de quartzo demonstrando contribuição siliciclástica no protólito. Idades de zircões detríticos de clorita xistos associados com os mármores, obtidos em trabalhos anteriores, indicam um intervalo entre 770 – 700 Ma para a deposição dos carbonatos do Bloco São Gabriel. Os carbonatos da Formação Passo Feio sofreram dolomitização durante ou logo após a deposição, enquanto os carbonatos do Complexo Cambaí não foram afetados pela dolomitização. A geoquímica dos elementos traço e terras raras indica que os mármores analisados preservaram as composições isotópicas originais do protólito nos diferentes graus metamórficos: Complexo Coxilha do Batovi (grau baixo), Formação Passo Feio e Complexo Cambaí (grau médio). A análise integrada dos isótopos de Sr, C e O da Formação Passo Feio e do Complexo Cambaí revelou a preservação de valores isotópicos primários ou muito próximos da composição isotópica original. Na Formação Passo Feio os valores obtidos são: 0,7074 (87Sr/86Sr), -0,26‰ e 2,44‰ (δ13CPDB) e -5,68‰ (δ18OPDB). No Complexo Cambaí, estes valores são: 0,7069 (87Sr/86Sr), 5,75‰ (δ13CPDB) e -11,64‰ (δ18OPDB). Quando comparadas com a curva de variação da razão 87Sr/86Sr e dos valores de δ13C e δ18O da água do mar ao longo do Neoproterozóico, verifica-se que os mármores da Formação Passo Feio e do Complexo Cambaí estão situados no intervalo entre 770 e 730 Ma. A contextualização dos dados isotópicos na cronologia dos eventos tectônicos reconhecidos no Bloco São Gabriel permitiu a estimativa de períodos de deposição das rochas carbonáticas da Formação Passo Feio entre 770 e 730 Ma, e entre 740 e 730 Ma para o Complexo Cambaí.

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Biografia do Autor

Rossana V. GOULART, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Possui graduação em Geologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2007), mestrado em Geociências pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2012) e cursa doutorado, com ênfase em geoquímica, na mesma universidade. Tem experiência na área de Geociências, com ênfase em geoquímica e geocronologia.

Marcus V. D. REMUS, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Possui graduação em Geologia pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (1982), mestrado em Geociências pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1990) e doutorado Sandwich em Ciências pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e University of Western Austrália (1999). Intercâmbio científico com a Alemanha (Stuttgart University) com realização de misão de trabalho junto ao Institut für Mineralogie und Kristallchemie, Stuttgart. Atualmente é professor Associado da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Tem experiência na área de Geociências, com ênfase em Petrologia, atuando principalmente nos seguintes temas: geocronologia SHRIMP, geoquímica, proveniência, metalogenia, geoquímica isotópica e petrologia metamórfica. Coordenador do Comitê Científico de Geociências da FAPERGS até 2011-1; consultor Ad hoc do CNPq, FAPESP e de diversas revistas científicas: Gondwana Research, Journal of South American Earth Sciences, Journal of Sedimentary Research, Revista Brasileira de Geociências.

Rafael Souza dos REIS, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

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Publicado

2013-05-01

Como Citar

GOULART, R. V., REMUS, M. V. D., & REIS, R. S. dos. (2013). Composição isotópica de Sr, C e O e geoquímica de ETR das rochas carbonáticas do Bloco São Gabriel, Rio Grande do Sul. Pesquisas Em Geociências, 40(1), 75–97. https://doi.org/10.22456/1807-9806.40831