Do Nilo ao Tejo: o Egito em Orpheu

Autores

  • Fernando de Moraes Gebra Universidade Federal da Fronteira Sul

DOI:

https://doi.org/10.22456/1981-4526.54176

Palavras-chave:

Orpheu, Egito, ritual, alquimia, metafísica

Resumo

Dionísio Vila Maior chama a atenção para as relações dialógicas e intertextuais quando avalia a produção literária do Modernismo português. Dessa forma, o estudo do Modernismo em Portugal deve levar em consideração os discursos da tradição historiográfica portuguesa e da tradição simbolista. Tanto o Simbolismo como o Modernismo recusam uma concepção de arte vincada à tradição realista-naturalista, e buscam ultrapassar a realidade exterior, a partir de perquirições de estados inconscientes e paisagens oníricas. Os anseios metafísicos também se fazem presentes e expressam nos símbolos alquímicos a dimensão do sagrado, na tentativa do sujeito de regresso a uma unidade mítica perdida. Nos poemas “Chuva Oblíqua III”, de Fernando Pessoa, publicado no segundo número da Orpheu, e “Sonho egípcio”, de Alfredo Pedro Guisado, publicado no primeiro número da revista, poetizam-se rituais esotéricos que visam a uma síntese alquímica. Os dois poemas dialogam com uma tradição milenar, o Egito dos faraós, e toda a simbologia que essa civilização encerra na celebração de cultos mortuários, cuja pirâmide é o símbolo supremo. A partir da técnica de desmontagem dos poemas em campos lexicais, o presente artigo analisa as figurações do ritual esotérico egípcio presente nas poéticas de Pessoa e Guisado, mostrando como a cultura egípcia se faz presente no desejo da síntese alquímica desejada pelos enunciadores dos dois poemas.

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Biografia do Autor

Fernando de Moraes Gebra, Universidade Federal da Fronteira Sul

Fernando de Moraes Gebra é Doutor em Letras, área de Estudos Literários pela Universidade Federal do Paraná (UFPR); Professor Adjunto II no Curso de Letras, área de Teoria Literária e Literaturas de Língua Portuguesa, e no Mestrado em Estudos Linguísticas, área de Práticas discursivas e subjetividades, na Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS); Membro do Grupo da ANPOLL Imaginário, representações literárias e deslocamentos culturais; Coordenador do Projeto de Pesquisa Identidades, Narrativas e Duplos nas Vanguardas Luso-Brasileiras; Autor de ensaios, artigos, ficção e poesia, com destaque para o artigo “O ritual esotérico em ‘Iniciação’, de Fernando Pessoa", publicado na Revista Ipotesi (Qualis A1 da CAPES).

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Publicado

2015-06-30

Como Citar

Gebra, F. de M. (2015). Do Nilo ao Tejo: o Egito em Orpheu. Nau Literária, 11(1). https://doi.org/10.22456/1981-4526.54176