Pátria imaginada: nacionalismo, raça e direitos humanos em “Meditação” de Gonçalves Dias
DOI:
https://doi.org/10.22456/1981-4526.126939Resumo
No Romantismo brasileiro, o ideário indianista é frequentemente associado à tentativa de criação pelos intelectuais da época, de uma temática de cor local e nacionalista na literatura do período, assim como à conveniência de se evitar a confrontação no espaço literário com a figura do escravo de origem africana, tão presente nos cenários urbano e rural do Brasil do século XIX. Nesse contexto, o poema em prosa Meditação, de Gonçalves Dias, publicado parcialmente em 1850, na revista Guanabara e, por completo, em 1868, na compilação póstuma de sua obra literária, chama a atenção por tratar criticamente da escravidão em um momento histórico em que isso não era comum e por ter sido escrita por um dos poetas indianistas brasileiros. No presente artigo, examina-se como o autor aborda a escravidão em “Meditação”, dialogando com a obra de Alfredo Bosi, Wilton José Marques e Roberto Schwarz. O objetivo é abordar as semelhanças e diferenças de “Meditação” com a produção literária da terceira geração do Romantismo brasileiro, marcada pela preocupação social, a qual está explícita nos poemas de Castro Alves, além dos aspectos da construção da nacionalidade no texto. Espera-se construir uma hipótese sobre o esquecimento em que o texto caiu no conjunto da obra de Gonçalves Dias, bem como sobre o papel que lhe cabe atualmente no conjunto da literatura romântica brasileira.
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