TY - JOUR AU - Ribeiro, Maria Luzineide PY - 2018/12/02 Y2 - 2024/03/29 TI - Da escrita de Graciliano à leitura de Dostoievski: a prisão e seus mundos JF - Nau Literária JA - NL VL - 14 IS - 2 SE - Dossiê DO - 10.22456/1981-4526.76558 UR - https://seer.ufrgs.br/index.php/NauLiteraria/article/view/76558 SP - AB - Resumo: Quando o ser humano se encontra em restrição de liberdade, o que o estado de confinamento é capaz de produzir? A resposta a este questionamento aponta para existência de uma instituição total com fortes marcas de despersonalização e que, tacitamente, quando em contato com a literatura, tem seu mundo ressignificado. A partir de estudos acadêmicos realizados nos últimos seis anos, por ocasião do Mestrado e do Doutorado, este artigo apresenta três facetas da literatura observadas nos ambientes prisionais, pensadas aqui, como caminhos possíveis, entre muitos outros, para a saída deste labirinto. A priori, verifica-se que uma destas saídas possíveis se dá pela escrita. Por isso, aqui é lançado um olhar sobre a obra Memórias do Cárcere de Graciliano Ramos e sua relação visceral com o mundo da prisão. Neste sentido, a escrita no cárcere revelou-se como mecanismo de sobrevivência, de combate à alienação e ao ócio. Em segundo plano, apresentamos a literatura e seu caráter humanizador, sobretudo quando ultrapassa os muros da prisão e transforma o criminoso em mais um leitor, reformulando seu mundo e, por consequência, sua existência. Por fim, a literatura se apresenta como remição de pena, veste a toga e confere ao preso o direito de ler e ter sua liberdade antecipada. Neste contexto, foram analisados três relatos de presos das penitenciárias federais brasileiras sobre a obra Crime e Castigo de Dostoievski que, de certa maneira, retoma as discussões iniciadas sobre a escrita e a leitura e sua significação em meio ao confinamento e ao ócio. À luz das teorias de estudiosos como Michel Foucault, Erving Goffman, Chantal Horellou Lafarge e Monique Segré, Michele Pétit, as fronteiras entre a literatura e a prisão são superadas e seus mundos embaralhados por meio da prática literária e da urgência da sua escrita. ER -