Usuários da informação como fim em bibliotecas universitárias: uma análise a partir da Teoria Crítica em Adorno e Horkheimer

Autores

  • Mariana Rodrigues Gomes de Mello UNESP
  • Everton da Silva Camillo UNESP
  • João Carlos Gardini Santos UNESP e UFABC https://orcid.org/0000-0003-2720-9747
  • Daniel Martínez-Ávila UC3M e UNESP

DOI:

https://doi.org/10.19132/1808-5245273.141-171

Palavras-chave:

Biblioteca Universitária, Estudos de Usuário, Usuário da Informação, Teoria Crítica

Resumo

O estudo objetiva averiguar se a razão emancipatória na Teoria Crítica da Escola de Frankfurt se alinha à expectativa de uso dos serviços e recursos de informação de usuários da informação vinculados a universidades com programas de pós-graduação em Ciência da Informação na região Sudeste do Brasil. Tem como hipótese que os usuários da informação vinculados aos programas constituem o fim da oferta de serviços e recursos de informação pela biblioteca universitária do campus onde cada unidade de informação se localiza. Apresenta relações da Teoria Crítica em Theodor Adorno e Max Horkheimer com as abordagens dos estudos de usuários da informação. Discorre sobre as abordagens tradicional e alternativa dos estudos de usuários e suas relações com a função das bibliotecas universitárias. Os dados da pesquisa foram coletados por meio da aplicação da técnica de questionário. Utilizou-se o método de pesquisa análise de conteúdo. Foram elaborados cinco temas e 15 categorias de análise. Resultou que os temas 'Acesso/organização da biblioteca e do acervo' e 'Colaboradores' foram integralmente considerados alinhados à razão emancipatória. Os temas 'Produtos' e 'Serviços' obtiveram uma categoria alinhada com a razão instrumental cada um, por isso não foram integralmente considerados emancipatórios. A hipótese foi refutada. Conclui-se que tanto os serviços, quanto os recursos de informação são fundamentais para os usuários da informação se emanciparem. Contudo, para que as bibliotecas universitárias consigam atuar socialmente de acordo com a razão emancipatória, elas necessitam focar o usuário da informação como o fim das suas ações, e não como meio para atingi-las.

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Biografia do Autor

Mariana Rodrigues Gomes de Mello, UNESP

Doutoranda pelo Programa em Ciência da Informação da Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho (UNESP). Mestre pelo mesmo programa e instituição. Especialista em Direito Público com capacitação para o Magistério Superior pela Faculdade Damásio de Jesus (Damásio Educacional). Foi docente na Faculdade Católica Paulista nos cursos de Gestão de Produção Industrial, Gestão Financeira e Marketing, ministrando a disciplina Projeto Integrador I, II e III, auxiliando alunos no projeto de uma empresa. Atuou no curso de Ciências Contábeis, na mesma instituição, nas disciplinas: Instituições de Direito Público e Privado, Direito Tributário I, Direito Tributário II, Direito Empresarial e Ética e Cidadania. Lecionou História Antiga, Medieval e Filosofia Geral no Colégio Criativo. É bacharel em Direito pelo Centro Universitário Eurípides Soares da Rocha (UNIVEM) e bacharel e licenciada em Filosofia (FAJOPA/UNESP). Foi professora efetiva PEB II em Filosofia na rede de ensino no Estado de São Paulo, onde além de Filosofia, lecionou História do Brasil e História Geral no Ensino Fundamental e Médio. Tem interesse por pesquisas em Epistemologia, sobretudo em Teoria Crítica e Teoria da Complexidade, relacionadas à Organização do Conhecimento e em Direitos Humanos, principalmente no que tange ao princípio da dignidade humana. Também se interessa por reflexões epistemológicas sobre verdade e pós-verdade relacionadas à Ciência da Informação.

Everton da Silva Camillo, UNESP

Doutorando no Programa de Pós-graduação em Ciência da Informação (PPGCI) da Universidade Estadual Paulista (UNESP, Marília). Está vinculado à linha de pesquisa Gestão, Mediação e Uso da Informação. Mestre em Ciência da Informação (2020) pela mesma instituição com estágio de pesquisa na Université de Sherbrooke (École de Gestion), no Canadá. Bacharel em Biblioteconomia e Ciência da Informação (2017) pela Universidade de São Paulo (USP, Ribeirão Preto) com período sanduíche na Universidade de Coimbra (Faculdade de Letras), em Portugal. Desenvolve pesquisas principalmente nos seguintes temas: biblioteca escolar; bibliotecário escolar; políticas públicas do livro e leitura; políticas públicas educacionais. É membro dos grupos de pesquisa: Práticas e Reflexões sobre Biblioteca Escolar (USP) e Informação, Conhecimento e Inteligência Organizacional (UNESP), ambos credenciados no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

João Carlos Gardini Santos, UNESP e UFABC

Doutorando em Ciência da Informação pela Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (UNESP). Bacharel em Direito (2006-2010) pela Faculdade de Direito da Alta Paulista (FADAP). Bacharel em Biblioteconomia (2014-2017) pela UNESP. Bibliotecário/Documentalista na Universidade Federal do ABC (UFABC).

Daniel Martínez-Ávila, UC3M e UNESP

Professor Permanente do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação (PPGCI) da Universidade Estadual Paulista (UNESP). Possui graduação em Biblioteconomía y Documentación pela Universidad Carlos III de Madrid (2005), Licenciado en Documentación pela Universidad Carlos III de Madrid (2007), Mestrado em Investigación en Documentación pela Universidad Carlos III de Madrid (2009), e Doutorado internacional pelo Programa Oficial de Doctorado en Documentación pela Universidad Carlos III de Madrid (2012). Foi Pesquisador e Instrutor Adjunto na University of Wisconsin-Milwauke até setembro de 2014 e Professor Assistente Doutor da Universidad Carlos III de Madrid até setembro de 2013 e desde setembro de 2019. Tem experiência na área de Ciência da Informação, com ênfase em Organização da Informação. Membro do International Society for Knowlege Organization (ISKO) Scientific Advisory Board.

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Publicado

2021-06-30

Como Citar

MELLO, M. R. G. de; CAMILLO, E. da S.; SANTOS, J. C. G.; MARTÍNEZ-ÁVILA, D. Usuários da informação como fim em bibliotecas universitárias: uma análise a partir da Teoria Crítica em Adorno e Horkheimer. Em Questão, Porto Alegre, v. 27, n. 3, p. 141–171, 2021. DOI: 10.19132/1808-5245273.141-171. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/index.php/EmQuestao/article/view/107784. Acesso em: 28 mar. 2024.

Edição

Seção

Artigo