PESQUISA DE CAMPO DE LONGA DURAÇÃO NA ETNOMUSICOLOGIA NO SÉCULO 21

Resumo

Este artigo faz uma revisão da história da pesquisa de campo de longa duração na Etnomusicologia (e em alguma medida na Antropologia social) e descreve algumas mudanças resultantes das transformações tecnológicas e éticas no século 21. Com base na experiência do autor entre os índios Suyá/Kïsêdjê desde 1971, discute algumas das vantagens e desvantagens dessa modalidade de pesquisa de campo. Entre as vantagens estão o enriquecimento das perspectivas dos pesquisadores como resultado de um maior aprofundamento em campo, enriquecimento oriundo das mudanças tanto na comunidade quanto do pesquisador ao longo do tempo, possibilidades de colaboração e ajuda quanto aos anseios da comunidade, satisfação e realização pessoal, e, especialmente, o aumento do respeito pelas iniciativas dos sujeitos da pesquisa. Entre as desvantagens incluemse uma possível limitação no desenvolvimento intelectual, uma redução na intensidade da pesquisa, confi ança demais ou (alternativamente) muito estresse, bem como confl itos potenciais entre os achados dos pesquisadores e a auto-imagem e a auto-compreensão da comunidade. A melhora na forma de comunicação e o aumento do reconhecimento de que os indivíduos e as comunidades pesquisadas têm seus próprios objetivos, provavelmente contribuirá para um aumento da opção por pesquisas de longa duração. Este fato deve, no entanto, ser também tema de reflexão.