É hora de dissuadir a dissuasão?

Um estudo dos efeitos da incorporação de um submarino convencional de propulsão nuclear

Autores

  • Marcos Valle Machado da Silva Escola de Guerra Naval
  • Carlos Eduardo Ribeiro de Macedo Escola de Guerra Naval

DOI:

https://doi.org/10.22456/2178-8839.124411

Palavras-chave:

Dissuasão; Submarino de propulsão nuclear; Malvinas; Grande estratégia.

Resumo

À luz da relevância do conceito de dissuasão para as estratégias dos Estados, e da decorrente correlação entre o referido conceito e alguns armamentos específicos, este artigo busca discutir como a incorporação de um submarino de propulsão nuclear, pelo Brasil, pode contribuir para a geração de efeitos dissuasórios. Apoiado em registros passados e em teorias contemporâneas sobre o tema, o artigo examinou como funcionou a dinâmica dissuasória antes e durante a Guerra das Malvinas. Assim, utilizou-se o método do estudo de caso para evidenciar se e como os submarinos de propulsão nuclear do Reino Unido foram instrumentos de dissuasão ao longo de um conflito eminentemente naval. Após a contextualização teórica e a verificação de sua aplicação histórica, confirmou-se o argumento segundo o qual, para que a dissuasão, que se espera decorrer da aplicação operacional de um dado armamento, venha a surtir efeitos no nível político-estratégico, é necessário que essa aplicação esteja em concerto com uma grande estratégia nacional que dê demonstrações inequívocas da disposição estatal para o efetivo emprego desse dado armamento. Caso contrário, a dissusão poderá não ocorrer, haja vista que a dissuasão operacional não se reveste, automaticamente, em dissuasão político-estratégica.

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Publicado

2022-12-09 — Atualizado em 2022-12-16

Como Citar

Silva, M. V. M. da ., & Macedo, C. E. R. de. (2022). É hora de dissuadir a dissuasão? Um estudo dos efeitos da incorporação de um submarino convencional de propulsão nuclear. Conjuntura Austral, 13(64), 51–65. https://doi.org/10.22456/2178-8839.124411

Edição

Seção

ARTIGOS