José de Alencar: o povo, a língua e a literatura

Autores

  • Manoel Carlos Fonseca de Alencar Universidade Estadual do Ceará

DOI:

https://doi.org/10.22456/1983-201X.90928

Palavras-chave:

História, Literatura, Língua Brasileira, José de Alencar

Resumo

O presente artigo analisa o pensamento do escritor José de Alencar quanto à originalidade da literatura brasileira, servindo-se do ensaio O nosso cancioneiro e dos paratextos que acompanham os romances Iracema e Sonhos d’ouro. No sentido de pensar essa originalidade, o autor teceu um conjunto de observações,
umas de ordem linguística e outras sobre a formação do povo brasileiro. Do ponto de vista linguístico, num primeiro momento, Alencar levou em conta a língua indígena, considerando o aproveitamento de seus vocábulos na narrativa literária. Depois de Iracema, contudo, a sua atenção voltou-se ao que denominou “língua falada pelo povo”, entrevista em duas poesias populares analisadas em O nosso cancioneiro. Quanto à formação do povo brasileiro, processo que no prefácio de Sonhos d’ouro o autor correlaciona às fases da
literatura, a ênfase recai sobre a adaptação dos portugueses aos trópicos, muito mais do que ponderações relativas à miscigenação. Procura-se demonstrar que, embora considerasse a importância da língua indígena e da fala do povo para a singularidade da literatura brasileira, Alencar as tinha como inferiores, tornando
elitista e excludente o seu projeto de homogeneização da língua e da literatura.

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Biografia do Autor

Manoel Carlos Fonseca de Alencar, Universidade Estadual do Ceará

Professor de História da Faculdade de Educação Ciências e Letras do Sertão Central - UECE e membro do Mestrado Interdisciplinar de História e Letras (UECE)

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Publicado

2021-02-19

Como Citar

Fonseca de Alencar, M. C. (2021). José de Alencar: o povo, a língua e a literatura. Anos 90, 27, 1–15. https://doi.org/10.22456/1983-201X.90928

Edição

Seção

Artigos