Cicatriz aberta ou página virada? Lembrar e esquecer o golpe de 1964 quarenta anos depois

Autores

  • Benito Bisso Schmidt Universidade Federal do Rio Grande do Sul

DOI:

https://doi.org/10.22456/1983-201X.5394

Palavras-chave:

Memória, Ditadura civil-militar, Tempo presente

Resumo

Em 2004, o aniversário dos 40 anos do golpe que deu início à ditadura civil-militar no Brasil motivou a irrupção no espaço público de diversos discursos de memória conflitantes relativos àquele acontecimento, com destaque para o dis- curso governamental, o dos comandantes militares e o das vítimas e seus familiares. O artigo busca, inicialmente, situar este conflito no contexto global de uma "cultura da memória"; a seguir, examina os suportes, agentes, argumentos e imagens específicos de cada um destes discursos, bem como suas estratégias de enquadramento e de silenciamento das lembranças do período; finalmente, discute o papel assumido pelos historiadores nesta "batalha de memórias".

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Biografia do Autor

Benito Bisso Schmidt, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Professor do Departamento e do PPG em História da UFRGS.

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Publicado

2007-12-17

Como Citar

Schmidt, B. B. (2007). Cicatriz aberta ou página virada? Lembrar e esquecer o golpe de 1964 quarenta anos depois. Anos 90, 14(26), 127–156. https://doi.org/10.22456/1983-201X.5394

Edição

Seção

Dossiê: História e Memória