Esposa autônoma, marido submisso: casamento, dote e escravidão no romance Senhora, de José de Alencar (1875).
Palavras-chave:
Casamento, Dote, Escravidão, Senhora, José de AlencarResumo
O presente artigo busca analisar a dinâmica social da concessão de dotes e dos casamentos no Brasil, entre os anos de 1850 a 1870, a partir do romance “Senhora” (1875), de José de Alencar, estabelecendo um cruzamento de fontes primária e secundárias com a obra, que permitam contrastar e/ou reforçar a opinião do autor sobre a prática dos casamentos de conveniência, ainda vigente no Brasil na segunda metade do século XIX. Alencar percebe esse tipo de união, baseada em interesses econômicos, como algo venal e contrário ao ideal de amor romântico defendido por ele em suas obras. Pretende-se mostrar que, em “Senhora”, o matrimônio das personagens Aurélia Camargo e Fernando Seixas é construído como uma analogia da relação estabelecida entre senhor e cativo no regime escravocrata, sendo, portanto, algo que feria a concepção religiosa de sacralidade do casamento. Uma vez rebaixado à condição de escravo branco da esposa, Fernando busca dentro da própria lógica escravista uma alternativa para quitar seu débito para com Aurélia e recobrar a liberdade da qual se alienou ao aceitar aquele consórcio.
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