IDEIAS (VISÕES) DE IDADE MÉDIA NO CINEMA

José Alberto Baldissera 1

 

Resumo: Os meios audiovisuais, todos sabemos, são importantes hoje em dia como recursos de aprendizagem. Aqui aponta-se o caso do cinema. Para uma maior compreensão da Idade Média, há vários filmes de “reconstituição histórica”, de “época” e “épicos”, que podem nos auxiliar na aprendizagem desse tempo histórico. Exemplifica-se aqui o auxílio que podem prestar no estudo da História, filmes como O Sétimo Selo, de Ingmar Bergman (1957) O Nome da Rosa, de Jean-Jacques Annaud (1986), e Cruzada, de Ridley Scott (2005), levando-se sempre em conta o fato e a época que nos são retratados, assim como a época em que o filme é feito, e também o modo de olhar o filme..

Palavras-chave:Cinema; História; Idade Média; Imaginário; Aprendizagem.

Filmes que abordam assuntos históricos, ou também chamados de “reconstituição histórica”, ou que tenham alguma referência com História, geralmente incomodam e preocupam a muitos historiadores profissionais. Segundo Peter Novick (apud ROSENSTONE, 1997, p.43), todo filme que tem a pretensão de inspirar-se no passado histórico, deveria ser revisado por um historiador especializado no assunto antes de sua exibição.
Acontece no meio acadêmico, em geral, um certo medo ao audiovisual no caso do cinema. Porém, historiadores e professores de História estão cada vez mais em contato com ele. Professores há que usam filmes em sala de aula, ou parte deles. Motivos que são apontados são vários, como até por “comodidade” do professor ou estudantes da geração do audiovisual, ou até por reconhecer que o cinema possui um certo interesse que não é provocado por textos escritos. Porém, apesar de toda uma atividade desenvolvida sobre cinema e História, inclusive assunto muito discutido hoje em dia, em vários congressos ou encontros acadêmicos, não há ainda um consenso sobre como avaliar a contribuição de filmes para o conhecimento histórico. Também é difícil uma obra que satisfaça a todos, tentando explicar as relações entre cinema e História.
Há historiadores que veem com simpatia e possibilidades para refletir sobre a História, no que diz respeito ao cinema. Mas também há outros que tendem a usar os textos escritos para criticar a história visual, como se a história escrita não tivesse problemas com a sua veracidade, e a sua relação com o passado. Talvez o cinema seja um dos maiores expoentes sobre a questão, pois em última análise, cinema, além de imagem, é imagem em movimento. Alguns acusam a imagem de ser polissêmica, mas aqui estamos diante do problema de que as palavras são também polissêmicas. (BURKE, 2004). E há quem afirme que a polissemia está em nós, antes de estar nas imagens e nas palavras.
Quando se analisa a relação História-cinema, deveríamos evitar o termo “filme histórico” no singular, pois há diversas maneiras de tratar o passado através de uma câmera. A mesma coisa que acontece com a História escrita, que também conhece diversos enfoques tais como o analítico, o quantitativo, narrativo etc.
Há muitas maneiras de apresentar a história na tela de cinema. Das modalidades, citamos algumas que são: “história como acontecer dramático”, “história sem heróis”, “história como espetáculo”, “história reflexiva”, “história pessoal”, “história oral” ou “pós-moderna”.
Os filmes que abordam História, a grosso modo, podem ser classificados em “reconstituição histórica”, que se referem a algum episódio reconstituído através do cinema, sobre um evento do passado que efetivamente ocorreu, e que houve pesquisa sobre ele. O “filme de época”, está no passado mas não ocorreu necessariamente. Também outros que podem ser chamados de “épicos”, que são as grandes narrativas. Como exemplo, pode-se citar histórias tendo como referência, relatos da Bíblia, ou sagas e epopeias, que necessariamente não têm uma comprovação histórica. (ROSSINI, 1999).
Conforme a pesquisadora Miriam Rossini (apud BALDISSERA, 2004), o filme O Nome da Rosa é um filme de época, pois os personagens que ali estão, a grande maioria, não são históricos. O franciscano Ubertino de Casale é um dos personagens históricos presentes nesse filme. Há também a figura do inquisidor Bernardo Gui, porém, o seu fim no enredo do filme não é o que se conhece da história dele.
Ainda segundo Rossini, o filme El Cid seria um filme de reconstituição histórica, porque, mesmo com algumas licenças históricas presentes no roteiro, El Cid existiu, e tratam de estabelecer, e de contar a sua história. Já O Gladiador é um filme “meio a meio”, isto é, há uma certa reconstituição histórica, mas também é um filme de época, pois há licenças históricas presentes. Exemplo, o personagem principal, o gladiador Maximus, não tem uma existência histórica comprovada, ao passo que o imperador Marco Aurélio é um personagem histórico. (apud BALDISSERA, 2004).
Uma outra tentativa de classificar os filmes em três grandes categorias é a de Francis Desbarrats (1989). Nos filmes de aventura, onde o contexto histórico é um décor 2. Filmes sobre personagens históricos, notadamente filmes biográficos. Filmes de historiadores, na qual a ficção visa ilustrar um ponto de vista sobre o passado, baseado no saber comprovado. (DESBARRATS apud BRETÈQUE, 1997, p.285).
A maior parte dos filmes, segundo o mesmo autor, são um misto destas três categorias. E nenhum deles entraria em apenas uma das categorias. Segundo esse autor poderia servir de exemplo, o filme baseado na obra de Umberto Eco, O Nome da Rosa?
Um filme de ficção histórica pode ser visto como objeto da História, levando em consideração três pontos: a época da ficção, a época da realização, e a época da recepção. (BRETÈQUE, 1997).
Não é o propósito desse breve estudo a classificação de filmes que se referem à época medieval, mas achamos oportuno mencioná-los, pois a redução dos mesmos a uma única categoria, obscureceria qualquer eventual análise que se tentasse fazer sobre eles. Também é pertinente frisar que a ideia do passado sempre será limitada pela própria redução do passado, por ser um relato fechado, pela ênfase no individual, por basear-se numa interpretação, e por potencializar emoções. E como o cinema necessita criar uma sequência coerente e contínua para uma história narrada visando o interesse do espectador, necessariamente implicará grandes doses de invenção em filmes que se referem à História.
Por que o interesse do cinema pela Idade Média? O fascínio pela Idade Média, inclusive através do cinema, nos remete à origem de nações (europeias), origens religiosas (Cristianismo). E é nela, na Idade Média, que também se organizam lendas, mitos, epopeias que fazem parte da Civilização Ocidental. Também para fatos de épocas históricas que são famosos, como o tempo das Cruzadas (XI - XIII), episódios relacionados ao Rei Arthur e à Távola Redonda, que envolvem castelos, mosteiros, e também o ideal da cavalaria, e outros como os vikings. É bom lembrar que um dos primeiros episódios que foram rememorados pelo cinema, quando este surgiu, foi o de Joana D’Arc.
Portanto, o cinema tem olhado para a Idade Média como um grande filão, principalmente sobre filmes de aventura, trazendo-nos épicos famosos, sempre com um olhar do presente sobre a Idade Média.
O cinema mostra, em relação à Idade Média, o interesse por alguns eventos, como os já apontados. Conforme Miriam Rossini (2006, p.26-27), muitas vezes, fatos bastante separados no tempo são condensados, pois eles fazem parte de um grande imaginário sobre a sociedade medieval, como se pode observar no filme O incrível exército de Brancaleone. Muitos filmes, mesmo quando não estão falando de Idade Média, localizam no espaço mítico medieval, muito de sua ambientação, como se vê na saga O Senhor dos Anéis.
A evocação da Idade Média não deixa de apresentar também uma função ideológica, na medida em que são abordados eventos formadores de nações modernas. Mas é interessante perguntarmo-nos: como fica isso no cinema americano (Hollywood)? Pois as nações em questão são nações europeias. Como isto é filtrado pelo cinema americano? Percebemos que temos aqui vários vieses para esclarecer e aprofundar.
A Idade Média também tem uma força extraordinária como uma motivação mais irracional. Isto quando lembramos como a vocação da “infância”, isto é, o nascimento, a origem das sociedades ocidentais. Isto nos faz lembrar da importância do imaginário medieval, pois este período e seu contexto estão envoltos de uma maneira que nos atrai por uma atmosfera lúdica e de sonhos.
A Idade Média lembra assim, ao espectador, esquemas de iniciação, de socialização, de aventura, que fazem parte da infância. Conforme afirma Michel Zink (1984, p.5-6), a Idade Média é a “projeção na infância e projeção da infância”. 
Ainda segundo Zink  (1984), isso pode ser visto nesse “[...] pretexto às delícias da regressão infantil, onde a gente pode se refugiar na casa dos Hobbits, de Tolkien, cuja ação não é situada na Idade Média, mas cuja atmosfera é vagamente medieval [...]” 3.
A ficção medieval é também um pretexto para exprimir nostalgias de uma época de quimera, até de felicidade, de uma sociedade mais homogênea, sem preocupação com o antes e o depois. Época esta, marcada pela fé, época da generosidade e da lealdade. Ou seja, uma visão romântica e idealizada da Idade Média, que nos remete a um olhar romântico sobre a mesma em oposição àqueles que a detratam como uma época de violência, de peste e de guerras.
A Idade Média também evoca no nosso imaginário uma sociedade antes do capitalismo, e portanto, da luta pelo dinheiro. E também nos remete a uma época antes da descristianização, que perpassou em vários tempos, principalmente o mundo Ocidental, em especial no caminho do cientificismo e da industrialização, que perpassa cada vez mais o séc. XIX. Lembramos que o cinema aparece em um momento crítico da história da religião, e isso vai se acentuar com a Grande Guerra (Primeira Guerra Mundial – 1914-1918).
A Idade Média será a projeção do passado e a idealização desse passado. Um passado de reis e rainhas, príncipes e princesas. Dos cavaleiros que lutam por grandes causas. E de damas que estão entre as motivações para esses cavaleiros realizar seus grandes feitos. A cavalaria e o cavalheiresco se cruzam no tempo medieval, e nos lembra de um tempo em que a cordialidade perpassava os atos sociais.
Por isso que foi apontado, e por tantas outras coisas que poderíamos apontar, a Idade Média é um espaço e um tempo para o qual utopias desejadas se voltam e ganham força no nosso imaginário.
É claro que vários estereótipos são criados a partir dessas referências medievais, tanto em relação a personagens heroicizados, como em relação a fatos mitificados e/ou mistificados. Mas é claro também que o cinema não tem a intenção e nem pretende aprofundar o nosso conhecimento factual da Idade Média. Por outro lado, ele pode suscitar a nossa reflexão e influenciar a nossa maneira de ver esta época.

Considerações de algumas ideias veiculadas por filmes que são bastante referenciados no estudo da Idade Média

O filme O Nome da Rosa, que acontece em uma abadia medieval em 1327, além de contar a história de certos aspectos da Igreja de Roma, também tem no seu roteiro uma parte “policialesca” em que monges aparecem assassinados. Alguns religiosos acreditam que isso é obra do demônio, mas Willian de Baskerville não partilha dessa opinião. Mas tudo se complica com a chegada do grão-inquisidor. No filme, se trava uma batalha que é uma verdadeira guerra ideológica entre franciscanos e dominicanos, enquanto o motivo dos assassinatos é lentamente solucionado.
O Nome da Rosa, de Jean-Jacques Annaud, de 1986, baseado em um livro homônimo de Umberto Eco, é um filme bem realizado, embora não consiga abranger todo o universo proposto por este autor. Como sabemos, seria impossível transferir todo o universo da literatura para o cinema. A produção, mesmo com algumas licenças, é bem cuidada na pesquisa histórica feita para a época. Há algumas adaptações, mas que não chegam a embaçar a “reconstituição histórica” do ambiente. O enredo também consegue extrair muitos pontos que o livro traz, e também das ideias que expõe. É uma síntese bem construída de uma época histórica. Se bem que as sínteses têm suas limitações.
Entre vários aspectos que se pode discutir nesse filme está o de estabelecer relações entre o personagem Willian de Baskerville (Sean Connery), um monge franciscano que estava encarregado de averiguar o que estava ocorrendo na abadia, e o filósofo medieval Willian (Guilherme) de Ockham no que diz respeito ao trabalho deles, já que era um trabalho solitário e de investigação. Um trabalho em que se quer ir até as últimas consequências.
Este método proveniente da lógica aristotélica, e mais toda a parte da Poética de Aristóteles (apenas conservadas algumas partes sobre a tragédia e a poesia épica) não interessava à Igreja oficial, mas o que mais interessava era o Aristóteles da Ética e da Política. Um ponto de contato seria a interferência da Igreja, ou pelo menos, de seus representantes oficiais, de forma a atrapalhar as investigações realizadas pelos dois (Baskerville e Ockham), pois o que acontecia, o que era mais caro a ela (Igreja) não era a “verdade”, mas preservar a “doutrina”. São palavras do próprio Eco no seu “pós-escrito” ao Nome da Rosa (1984) no qual ele discute as origens e o processo de criação do livro “[...] que, a princípio, eu tinha decidido que o investigador devia ser o próprio Ockham, depois abandonei a ideia [...]”. Portanto, Willian de Baskerville não representa o filósofo Willian de Ockham, apesar de alguns pontos de contato, tanto no livro como no roteiro cinematográfico.
Este filme é interessante no estudo da História quanto à ambientação e à caracterização da vida numa abadia, mesmo que essa abadia tenha sido inventada por Umberto Eco, mas com referências em abadias medievais. Também caracteriza aspectos da Igreja, enfatiza o fato de obras importantes da filosofia clássica grega serem guardadas a sete chaves, e só permitidas a alguns mortais, e é óbvio também o fato da existência da Inquisição.
Sabemos que o cinema, como Arte, interpreta e quando necessário, altera a sua maneira, episódios históricos, quando estes são a referência para ele contar uma história. Portanto, é do conhecimento que o cinema, quanto a aspectos e fatos históricos, não os interpreta exatamente da maneira que historiadores pensam que devem ser interpretados. Mas,

 
[...] é claro que isso muda de filme para filme, conforme os interesses da produção do mesmo e também por parte do diretor e da montagem. Por exemplo, o último filme de Ridley Scott, “Cruzada”, traz uma boa reconstituição do cenário onde se desenvolvem as ações principais. Dos personagens também, apesar de misturá-los com bastante ficção quanto a episódios de suas vidas, como o personagem Bailian. Também resume em poucas cenas o que é conhecido como uma grande negociação para a retirada dos cristãos de Jerusalém. Como sobre qualquer época histórica, também sobre a Idade Média há filmes que se aproximam mais do que a História diz e outros que se afastam mais. De qualquer forma, atraem a atenção para o tempo medieval, misturando a ficção com a História. Aliás, todos eles fazem esta mistura, sem a qual o cinema perderia sua razão de ser. O problema está em quem não conhece suficientemente a História aceitar que o que um filme diz é tal e qual o que a História também diz. Essa equivalência resulta em que se confunda a Arte (cinema) com a História (ciência). Mesmo que também a História tenha seus limites (BALDISSERA, 2006, p.23-24).

O filme Cruzada, de 2005, dirigido por Ridley Scott, pretende contar a história após a Primeira Cruzada, quando Jerusalém está em posse dos cristãos, e Saladino (muçulmanos através desse) acaba por retomá-la. As implicações que tudo isso gera, fazem parte do roteiro do filme até a saída dos cristãos de Jerusalém.
A reconstituição de época é interessante e bem cuidada, apesar de que alguns historiadores colocaram alguns “senões”. Pode ser bastante útil para se passar a ideia das Cruzadas, com as ressalvas necessárias, e também do contexto que as moviam e sobre as armas e vestimentas de época.
Um exemplo que achamos importante é o filme O Sétimo Selo, de 1956, dirigido por Ingmar Bergman, que foi apontado em várias ocasiões como um daqueles filmes que significaram uma baliza, um marco na História do Cinema, por sua qualidade, por sua temática, linguagem cinematográfica, representatividade como modelo, paradigma, e também como mito...    Um filme onde a presença da morte é obsessiva. É uma realidade que angustia. O tema central da trama é uma criatura (o cavaleiro) em busca do seu Criador. Mas essa busca é inútil durante toda a sua vida. A Morte, como pedagoga, o leva a compreender a Deus, e com ele a Sagrada Escritura. Amor e Morte é o grande binômio desse filme. No final de tudo, o que permanece é a vida palpável no amor. O que fica é a alegria de viver dos enamorados e das pessoas sensíveis. O resto é o resto.
Esse filme traz marcas da angústia que a filosofia do existencialismo, então já em voga, propunha. O Sétimo Selo é aquele da partida do xadrez na praia, entre a Morte e o cavaleiro. Evoca com isso a angústia antes da morte, da crise dos valores tradicionais, da luta do agnosticismo diante da existência de Deus, e para tanto, usa algo lúdico, um jogo. No final, não há possibilidade de escapar.
Esse filme, carregado de filosofia e da luta do homem entre a finalidade da vida e a presença eterna da morte, nos remete a qualquer tempo, a qualquer época, a qualquer espaço. Por isso, é um filme sem tempo, ou seja, atemporal, que sempre falará algo ao ser humano.
Falar sobre a importância do cinema para a História já é lugar-comum e comprovadamente aceito que é não só benéfico, como extremamente instigante, como mais um recurso para nos debruçarmos sobre o decifrar da História, e a compreensão da mesma.
É importante debater a Idade Média no cinema, como também as outras épocas da História no ambiente acadêmico porque, geralmente, o uso que se faz dos filmes quase sempre vêm acompanhado de um desconhecimento de como se analisa o mesmo. Isto em função de que o cinema tem a sua linguagem própria e precisamos conhecê-la para podermos fazer uma análise mais apurada e usufruir mais do que pode nos oferecer. Aliás, o meio acadêmico deveria estudar mais o cinema, além das outras Artes.

Algumas visões de Idade Média no Cinema Mundial (títulos importantes da filmografia medieval)

Pode-se constatar, vendo as épocas da Idade Média as quais o cinema mais recorre, um interesse maior pelo período das Cruzadas (séc. XI em diante), tanto na Terra Santa, na Espanha Muçulmana como também da Prússia Oriental.
Outro período contemplado pelo cinema em relação à Idade Média foi o período da Guerra dos Cem Anos (1337-1453), principalmente as batalhas. Também é bastante privilegiada a época de São Francisco de Assis (XII - XIII), principalmente abordando a vida e a obra do mesmo.
Os filmes sobre as histórias do Rei Arthur, que seriam do início da Idade Média (séculos V e VI), muitas vezes são ambientadas na época da feudalidade após o ano 1000.
Sobre os Períodos medievais que não têm interessado, ou que pouco interesse têm despertado para o cinema, pode-se apontar a Idade Média do ano 1000, a figura e a época de Carlos Magno (século VIII-IX, 814), e a figura e época do rei São Luís (século XIII).
Acrescentamos aqui alguns títulos importantes da filmografia medieval, referindo obras do cinema francês, italiano, alemão, norte americano (Hollywood). E também alguns títulos de outras nacionalidades. Acrescentamos isso por achá-los interessantes, uma vez que cada um, em suas diferentes épocas e espaços, fazem leituras diferentes que se podem aproveitar, inclusive contrapondo-as.
Percebe-se nas filmografias francesa e também italiana, que no seu início, em filmes reduzidos a um ou dois minutos, ou até menos (em segundos), a grande personagem eleita é Joana d’Arc, e outros personagens famosos da literatura mundial também aparecem, como Guilherme Tell, e a cigana Esmeralda do romance de Vitor Hugo, Nossa Senhora de Paris.

Franceses:

1895 – Execução de Joan of Arc - filme Edison. Alguns segundos, amarrada e queimada. Faz parte de uma série sobre execuções capitais

1898 – Execução de Jeanne D´Arc - Lumière. Estilo documentário

1900 – Jeanne D´Arc - Georges Méliès, em 12 quadros, visão “colorida” e muito maçônica

1903 – Guilherme Tell - filme Pathé. Legenda histórica em 5 quadros

1908 – La Esmeralda - Alice Guy ou V. Jasset. Primeira adaptação do romance de Victor Hugo.

1911 – Notre Dame de Paris - filme Pathé/SCAGL, Albert Capellani.

1956 – Notre Dame de Paris – Jean Delannoy - França

1961 – O milagre dos lobos – André Hunebelle - França

1962 – O processo de Joana D´Arc – Robert Bresson - França

1992 – Os Visitantes – Jean-Marie Poiré - França

1993 – Joana, a Donzela – Jacques Rivette - França

1999 – Joana D’Arc – Luc Besson - França

 

Italianos:

1909 – Giovanna D´Arco - Maria Caserini.

1911 – Il Povarello de Assisi - CINES, Enrico Guazzoni.

1931 – (Santo) Antônio de Pádua (1195-1231) – Giulio Antamoro

1950 – Francesco Giullare di Dio - Roberto Rosselini.

1953 – Teodora, Imperatriz de Bizâncio (século VI) – Ricardo Freda

1954 – Giulieta e Romeu – Renato Castellani

1957 – La Gerusalemme Liberata (1ª. Cruzada) – Carlo Ludovico Bragaglia

1957 – Notre Dame de Paris, produção franco-italiana – Jean Delannoy (com Gina Lollobrigida)

1959 – Amanti del Deserto – Fernando Cerchio (perto de Bagdá)

1960 – Os Mongóis – Leopoldo Savona

1961 – Il Ladro di Bagdad – Arthur Lubin

1962 – Marco Polo – Hugo Fregonese

1966 – O Incrível Exército de Brancaleone - Mário Monicelli

1966 – L´Armata Brancaleone – Mario Monicelli - Itália

1967 – Giulieta e Romeu – Franco Zeffirelli
La Cintura di Castita – Pasquale Festa Campanile

1970 – Decameron – Pier Paolo Pasolini - (quem costura as histórias é o pintor Giotto)

1970 – O Decameron – Pier Paolo Pasolini - Itália

1972 – Racconti di Canterbury – Pier Paolo Pasolini - (8 contos de G. Chaucer, fim século XIV) –

                        Na onda do sucesso de Pasolini:

                        - Le Calde Notti del Decameron
                        - Decameron Prohibíssimo
                        - Decameron Proibito
                        - Decameroticus
                        - Canterbury Proibito
e outros.

1974 – Il Fiore delle Mille e Una Notte – Pier Paolo Pasolini

1972 – Irmão Sol, Irmã Lua - Franco Zeffirelli

 

Alemães:

1912 – Das Mirakel - pantomima de Mark Reinhardt - Alemanha

1924 – Die Niebelungen – Fritz Lang - Alemanha

1966 – Die Niebelungen – Harald Reinl - Alemanha

 

Norte-americanos:

1904 – Parzival - filme Edison

1912 – Ivanhoé – Stuart Balckton

1912 – Robin Hood – Herbert Brennon

1919 – Joana, a Mulher – Cecil B. De Mille

1923 – O Corcunda de Notre Dame – Wallace Worsley

1924 – O Espírito da Cavalaria – Chester Whitney

1935 – As Cruzadas - Cecil B. De Mille

1938 – As Aventuras de Robin Hood – Michael Curtiz

Apogeu dos filmes de cavalaria de Hollywood

1950 – A Flecha e a Tocha – Jacques Tourneur
A Rosa Negra – Henry Hattahway

1952 – Ivanhoé – Richard Thorpe (com Elisabeth Taylor)

1953 – Cavaleiros da Távola Redonda -  Richard Thorpe (com Ava Gardner)

1954 – O Príncipe Valente – Henry Hattahway
O Rei Ricardo e os Cruzados – David Butler
O Juramento do Cavaleiro Negro – Tay Garnett

1958 – Os Vikings – Richard Fleisher (com Kirk Douglas)

1960 – El Cid – Anthony Mann (com Charlton Heston e Sophia Loren)

1964 – A Queda do Império Romano – Anthony Mann

1967 – Camelot – Joshua Logan - Estados Unidos

1968 – Passeio com o amor e a morte - John Huston - Estados Unidos (Jovem monge e sua companheira, durante a guerra dos 100 anos. Senhor idoso com ideias não conformistas. Marcado pelo espírito contestador de 1968.)

1985 – O Feitiço de Áquila – Richard Donner - Estados Unidos

1995 – O Primeiro Cavaleiro (Lancelot) – Jerry Zucker - Estados Unidos

1996 – Coração Valente - Mel Gibson - Estados Unidos

2004 – Rei Arthur - Antoine Fuqua - Estados Unidos

2005 – Cruzada - Ridley Scott - Estados Unidos

 

Enquanto isso em outros locais da Europa:

1938 – Alexandre Nevski – S. M. Eisenstein - Rússia

1956 – O sétimo selo – Ingmar Bergman - Suécia

1959 – A fonte – Ingmar Bergman - Suécia

1960 – Os cavaleiros teutônicos (Krzyzacy) – Aleksander Ford - Polônia

1964 – Becket – Peter Grenville - Grã-Bretanha

1967 – A Cruzada Maldita - Andreї Wajda - Polônia

1968 – O Leão no Inverno - Anthony Harvey - Grã-Bretanha

1976 – Robin e Marian – Richard Lester - Grã-Bretanha

1981 – Excalibur – John Boorman - Grã-Bretanha

1990 – Henrique V – Kenneth Brannagh - Grã-Bretanha

2002 – Rei Arthur, a verdadeira história do lendário guerreiro bretão, Inglaterra, BBC. Distribuição Editora Abril (2004). Documentário.

 

Produções mistas:

1965 – As Maravilhosas Aventuras de Marco Polo – Denys De La Patellière & Noel Howard (Le Meravigliose Avventure di Marco Polo)
– Egito-França-Itália-Iugoslávia

1974 – Flávia, a monja muçulmana – Gianfranco Mingozzi - Itália/França (com Florinda Bolkan). Também conhecido como “Flávia, a Herética”, “Flávia, a Freira Rebelde”, “Flávia, a Sacerdotisa da Violência”, “A Freira Muçulmana”.

1986 – O Nome da Rosa – Jean-Jacques Annaud - França-Itália-Alemanha

 

Ideas of the Middle Ages in the movies.

Abstract:The media, we all know, are important today as resources for learning. Here shows the case of cinema. For a better understanding of the Middle Ages, several films of "historical reconstitution" of "time" and "epic" that can assist us in learning the historical time. Example here is the aid that can make the study of history, films like The Seventh Seal, by Ingmar Bergman (1957) The Name of the Rose, by Jean-Jacques Annaud (1986), and Kingdon of Heaven, from Ridley Scott (2005), is always taking into account age and the fact that we are portrayed as well as the time when the film is done, and also how to watch the movie.

Keywords:Cinema. History. Middle Ages. Imaginary. Learning.

 

1 Professor titular do curso de História da Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS. Professor de História e Imagem, e Estágio Supervisionado em Ensino Fundamental e Médio. Licenciado em Filosofia e Letras, Mestrado e Doutorado em Educação (Ensino e Aprendizagem de História). Email: jabaldissera@gmail.com.

2 Decoração, ambientação, atmosfera.

3 “[...] prétexte aux délices de la régression infantile, on peut se réfugier chez les Hobbits de Tolkien, dont l’action n’est pas située au Moyen Age mais dont l’atmosphère est vaguement médiévale [...]’’. (ZINK, 1984).

 

Referências:

BALDISSERA, José Alberto. Programa Desatando Nós. TV UNISINOS, São Leopoldo-RS. Março de 2004.

BALDISSERA, José Alberto. A Idade Média através do cinema Cadernos IHU em Formação, Idade Média e Cinema. Ano 2. n.11. 2006. Instituto Humanitas – UNISINOS.

BRETÈQUE, François de la – Le regard di cinéma sur la moyen age. In: LE GOFF, Jacques ; LOBRICHON, Guy. Le Moyen Age Aujourd’hui. Trois regards contemporains sur le Moyen Age: histoire, théologie, cinéma. 7. Paris-França: Éditions Le Leopard d’Or, 1997.

BURKE, Peter. Testemunha Ocular. História e Imagem. Bauru-SP: EDUSC, 2004.

ECO, Umberto. O Nome da Rosa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984. (Pós-escrito)

ROSENSTONE, Robert A. El pasado en imágenes. El desafio del cine a nuestra ideia de la historia Barcelona - Espanha: Ariel, 1997.

ROSSINI, Miriam. As marcas do passado. O filme histórico como reconstituição do passado. 1999. Tese (Doutorado ) – Programa de Pós Graduação em História da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 1999.

ROSSINI, Miriam. O cinema e a reconstituição do passado. Entrevista. Cadernos IHU em Formação, Idade Média e Cinema. Ano 2, n.11, 2006.

ZINK, Michel. Projecion dans l’enfance, projecion de l’enfance: Le Moyen Age au cinéma. In: DE LA BRETÈQUE, François (Coord.). Le Moyen Age au Cinema. N. 42-43. France: Éditée par l’institut Jean Vigo, 1984.